Foto: Rubens Chiri/São Paulo Futebol Clube

Foto: Rubens Chiri/São Paulo Futebol Clube

"Nunca jogou futebol". A frase foi dita por Daniel Alves, dia 15 de setembro, logo após o jogo em que o São Paulo empatou, no sufoco, com o CSA, por 1 a 1, no Morumbi. Referia-se à imprensa, ou a parte dela. Não é necessário ter jogado futebol para falar ou escrever sobre futebol.

Não consta que para ser jóquei é obrigatório ter sido cavalo. Jornalista esportivo entende de futebol o suficiente para constatar que o futebol que Daniel Alves mostra no São Paulo não condiz com o seu currículo de maior ganhador de títulos do Brasil.

Nesta quarta-feira, na derrota por 3 a 0 para o Palmeiras, Daniel Alves decepcionou, mais uma vez.

Atuando na ala direita, ganhou liberdade de Fernando Diniz para flutuar pelo gramado, sendo o armador da equipe quando o Tricolor estava com a bola. Não convenceu. Errou passes curtos, foi desarmado no campo são-paulino, proporcionando contra-ataques generosos ao Palmeiras. Fracassou.

Nas entrevistas, Daniel Alves mostra que está mandando muito no Tricolor. Já avisou que prefere atuar no meio, como manda a camisa número dez que ganhou assim que foi apresentado ao clube.

Não só nas entrevistas os sinais emitidos por Dani mostram que agora quem manda no São Paulo é ele. Soberano, passa por cima de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente de plantão, de Raí, de Lugano, dos demais jogadores e que Fernando Diniz não se atreva a contrariá-lo.

Vagner Mancini pagou caro tentar desafiar a soberania do ex-jogador parceiro de Lionel Messi no Barcelona. Mancini, que sonhava em substituir Cuca no comando do time, não foi aprovado por Daniel Alves, que exigiu a contratação de Fernando Diniz.

Daniel Alves tem salário de megaastro no São Paulo. Embolsa, por mês, R$1,5 milhão. Aos 36 anos, ganhou um contrato que vale até 2022.

Cabe a pergunta: Com 36 anos, ganharia um contrato igual no exterior? Impossível. Dani diz que o seu sonho sempre foi atuar no São Paulo. Diz ser são-paulino desde criança.

A experiência de repórter de clubes e da Seleção Brasileira durante anos me dá a certeza de que salários altos assim dentro de um elenco custumam criar mais problemas do que trazer soluções.

Até agora Daniel Alves trouxe mais problemas do que soluções ao São Paulo. Em campo, ele não faz a diferença. Até pelo altosalário que recebe, os demais jogadores criaram o hábito de fazer com que a maioria dos lances passe por ele. Isto é ruim.

O adversário já sabe que para anular o Tricolor basta marcar Daniel Alves. Assim, ele rende pouco. Não faz a diferença que deveria fazer alguém que veio com o carimbo de protagonista. E Dani não está sendo o protagonista que a direção do São Paulo, leia-se Raí, espera que ele seja.

O projeto criado para contratar o jogador previa o apoio de empresas para ajudar a pagar o seu salário. Até agora o dinheiro não chegou. O que significa que caso o dinheiro do projeto de marketing não chegue, quem vai ter de arcar com a dívida é o clube. Uma péssima notícia para um clube que já tem problemas enormes de caixa.

O déficit do Tricolor teve um aumento de R$ 77 milhões de janeiro a agosto de 2019. Só com a aquisição de atletas, a dívida do clube hoje beira os R$ 147 milhões.

Daniel Alves pode se transformar no novo Ricardinho do Tricolor. Contatado ao Corinthians em 2002, o meia chegou para ganhar R$ 300 mil mensais. Seu futebol murchou, em uma equipe que tinha Rogério Ceni, Maldonado, Julio Baptista, Luís Fabiano, Reinaldo, Kaká, entre outros.

Ganhou de funcionários e de jogadores que frequentavam o dia a dia do CT da Barra Funda o apelido de “Trezentinho”.

“Dá a bola para o Trezentinho que ele resolve”, diziam alguns jogadores. Ricardinho foi embora em 2004, sem brilhar.

Bem articulado, e mestre em nao criar problemas, Ricardinho, hoje comentarista do Sportv, nunca admitiu que foi boicotado. Saiu do clube rasgando elogios para Rogério Ceni.

A continuar assim, em breve ouviremos no CT são-paulino a frase “dá a bola para o um milhão e meio que ele resolve”.

 

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