Convencionou-se que os grandes astros do futebol são os que se destacam em Copas do Mundo. Essa teoria parece se confirmar quando olhamos as carreiras de Pelé, Garrincha, Maradona, Messi, Cruyff, Beckenbauer, mas esta não é uma conclusão perfeita. Jogadores notáveis, por motivos diversos, deixaram até mesmo de participar de uma Copa, o que certamente lhes tirou o brilho histórico, mas não diminuiu o respeito e o carinho que seus fãs e os estudiosos do futebol nutrem por eles.
Para os cruzeirenses, Dirceu Lopes foi um verdadeiro Pelé. No entanto, talvez pela enorme concorrência de excelentes meio campistas à época, jamais disputou uma Copa. É o mesmo caso de Canhoteiro e Roberto Dias, do São Paulo; Neto e Marcelinho Carioca, do Corinthians; Renato Gaúcho, de tantos times, e até mesmo de Ademir da Guia, maior ídolo da história palmeirense, que só jogou meio tempo na disputa pelo terceiro lugar com a Polônia, em 1974.
Na verdade, desde o primeiro Mundial, em 1930, a Seleção Brasileira se viu desfalcada de alguns jogadores de grande prestígio. Todos sabem que Arthur Friedenreich, do Paulistano, o melhor jogador da fase amadora do futebol nacional, e o artilheiro Feitiço, do Santos, eram nomes certos para o time que representou o Brasil no Uruguai. No entanto, por uma briga entre as federações de Rio e São Paulo, só cariocas jogaram aquela Copa, com exceção do santista Araken Patusca, contratado pelo Flamengo só para disputar a competição.
Desorganização e bairrismo explicam os fracassos do Brasil nas duas primeiras Copas, mas não se pode dizer que os problemas tenham sido corrigidos em 1938, 1950 ou 1954. Só mesmo quando o Escrete foi comandado pelo dirigente Paulo Machado de Carvalho é que as coisas entraram nos eixos. Mesmo assim, nem sempre as convocações foram totalmente isentas.
O zagueiro gaúcho Calvet, titular nos jogos preparatórios, não foi chamado para a Copa do Chile sob a alegação de que já havia “muito santista na Seleção”. Do mesmo mal padeceram o zagueiro Joel e o ponta Edu, titulares invictos nas Eliminatórias da Copa de 70, mas depois colocados na reserva pelo técnico Zagallo.
Não é segredo que Zagallo preferia jogadores do seu Botafogo e tão logo assumiu o lugar de João Saldanha tomou medidas que valorizaram os jogadores de seu time do coração, em detrimento de outros. O caso mais comentado foi o de Toninho Guerreiro, reconhecido até por Tostão como o melhor centroavante do Brasil naquele momento, mas cortado após um exame médico de rotina por uma sinusite que nunca o atrapalhou e ele nem sabia que tinha.
Com a desculpa da sinusite Toninho cedeu seu lugar para o botafoguense Roberto e também para Dario, o preferido do presidente da República, Garrastazu Médici. O fato nunca foi bem aceito pelo artilheiro de Santos e São Paulo e único jogador campeão paulista por cinco anos consecutivos. Introspectivo e generoso, Toninho Guerreiro morreu aos 47 anos com muitas memórias gloriosas e apenas uma amargura, a de não ter jogado uma Copa.
O livro “O céu e o inferno de Toninho Guerreiro”, a ser lançado em maio pela Editora Verbo Livre, conta em detalhes a vida e a carreira deste jogador que veio da várzea de Bauru para inflamar plateias de todo o mundo. Por meio da rica história de Toninho a obra também lembrará outros craques memoráveis do nosso futebol que não tiveram a felicidade de brilhar e, às vezes, de nem mesmo ir a uma Copa.
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