O canto vem da própria arquibancada: "Corintiano, favelado, maloqueiro e sofredor. Graças a Deus?. Um hino forte, marca de uma nação. Não chega a ser nenhuma grande epopéia do futebol. Não está na voz de Vinicius de Moraes e tampouco na melodia do Mestre Tom Jobim. Também não desperta a inveja dos descendentes de Camões. Parece até uma antÃtese ao castigo do crime de Dostoievisk. Mas, indiscutivelmente, chama a atenção. "Corinthians minha vida, Corinthians minha história, Corinthians meu amor?. Uma paixão que supera o próprio campo de jogo e se traduz no dia-a-dia do verdadeiro torcedor. Aquele que passa fome, enfrenta o trem lotado na hora do rush ou à s vezes sequer tem um lugar para matar o inverno, como é o caso da moradora de rua de sobrenome nobre Sofia Correia de Carvalho. "O Corinthians é tudo para mim. Manda a gente deixar o Corinthians para ver. Não dá. Nem com o revólver na cabeça?.
Mineira de Lavras, na região das Alterosas, na rodovia Fernão Dias, a torcedora - que prefere ser chamada de Faustina -, chegou a São Paulo há quase 40 anos com um sonho na cabeça. Queria dirigir filmes. Não conseguiu. Hoje digere a amargura das ruas sentada pela calçada dos Jardins, um dos bairros mais caros da capital paulista. "Eu vim pra cá para ser artista de cinema. Eu não queria ser atriz. Queria produzir filmes. E se jogasse essas coisas na minha mão, o arranque que eu ia dar faria com que os nossos filmes fossem melhores do que os americanos?, diz a corintiana enquanto conta a história da sua vida, um drama real, outrora surreal, muitas vezes esquecido, lembrado, apenas, nas arquibancadas de uma nação sem estádio, sem casa, sem direito a moradia. "Eu tinha 21 anos e agora tenho 65. Para onde eu vou nesse mundo? Eu estou cansada de ser tirada.?
Dona Sofia, a Faustina do Parque São Jorge, por ironia do destino - sorte ou descaso -, escolheu o charmoso bairro dos Jardins, há menos de 10 minutos da Avenida Paulista, no metro quadrado mais caro da América Latina, para morar. Passa os dias entre a Rua Pamplona e a Alameda Campinas. Encara às noites ao lado de um luxuoso apart-hotel situado na Rua Guarará. Guerreira, sobrevive a falta de misericórdia de muitos de seus vizinhos. Não desanima. Afinal de contas, nada como um dia após o outro. "Eu estou nessa região há 37 anos, nessa rua. Tem pessoas que vem para cá e de um minuto para o outro encontram a prosperidade. Eu não prosperei. Eu me considero um rato de esgoto. Em vez das pessoas me darem as mãos, puxam meu tapete?, diz a "sofredora? personagem da sinfonia mais ouvida dos corintianos - favelados ou não, como diz a música - jogada às claras da nobreza paulistana. Reduto, dito, nos bastidores, como cantinho São-Paulino. Fonte de inspiração de gênios como Oscar Niemayer. Traços que superam a pós-modernidade diante da arte avermelhada das paredes do Masp e fazem da própria realidade um contraste evidente entre o dois lados do que poderia ser considerada a babilônia paulista. "Jardins? Que jardins? Isso aqui não é jardim nenhum. Isso aqui é um inferno de concreto?, afirma.
Provavelmente, o outro lado do ParaÃso ou Purgatório de Danti Alighieri. De qualquer forma ela também pinta a sua Divina Comédia. Um quadro que leva o sÃmbolo de um Corinthians centenário. Uma obra pura e sensual que revela a América dos pobres sem Libertadores esculpida em uma moça nua com seios fartos e pernas torneadas. "Estou pintando esse quadro para um companheiro de ruas daqui de São Paulo. Vou dar de presente para ele porque ele não tem como me pagar. Se fosse para vender, eu pedira R$ 400 por um quadro desse, mas não vale à pena entregar por mixaria?, disse. Entretanto, o que Dona Faustina mais deseja é que a obra seja pendurada na galeria de artes do próprio Parque São Jorge. "Eu queria que esses quadros fossem para um museu para que as pessoas pudessem ver. Como vou dar para esse rapaz, só ele vai olhar. Mas ainda tenho a esperança de pintar alguns quadros do Corinthians e colocar lá no clube como uma lembrança dos 100 anos no museu do centenário?.
Entre sonhos e pinceladas, a artista de rua de São Paulo dribla as dificuldades e, com fome, dá sua cara ao Jardins. "As pessoas nascem nesse mundo e com o passar do tempo as vocações afloram. Antes de começar a pintar eu já passava fome. E olha que eu pinto há 20 anos. Sou autodidata, eu nunca estudei. Meu mestre sou eu mesmo. Eu trabalho como aprendiz de pincel. Eu gosto da polÃtica também. Se eu estivesse em BrasÃlia não ia ter um vadio na rua porque não adianta. Você coloca um bandido na cadeia e quando ele sai ele está pior. Olha só o meu caso. Ajudei por um ano um cara que estava na cadeia. Depois que ele saiu ele me roubou quase 2 mil reais. Veja a minha situação. Não posso colocar o dinheiro no banco porque não tenho endereço fixo e também não posso processar o ladrão porque sou indigente.? E, se não bastassem os ladrões, ela ainda encontra outro problema: "O rapa levou minhas coisas. Perdi minha poesia da ?Tragédia São-Paulina??.
Diante da falta de oportunidade que a vida lhe deu, Sofia Correia de Carvalho tinha tudo para ser um exemplo do que ironicamente os torcedores rivais chamam de "Cem Ter Nada?. A moradora de rua, no entanto, faz da alma a sua preciosa riqueza. Um tesouro incalculável. Tão valioso quanto a sonhada, esperada e amada Taça Libertadores da América. Um troféu mais cobiçado do que o sonho da casa própria, do estádio da Fiel ou do desejo de que o crescimento econômico brasileiro atinja todos os lados desta curva social inescrupulosamente desigual. "O ser humano tem que ter uma ocupação. Todo mundo tem o direito de trabalhar, de fazer alguma coisa. Mas é assim que funciona? Por isso te falo. O Corinthians é a minha âncora salvadora?. Que Dona Sofia continue firme em sua caminhada, nem sempre, justa e plausÃvel de gols de atletas que dizem "o que eu gasto com o meu cachorro é o que você ganha de salário?.
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