Gustavo Setti e Vanderlei Lima
Do UOL, em São Paulo
O Manchester United já vencia por 1 a 0 naquele 30 de novembro de 1999 quando Alex recebeu belo passe na entrada da área e chutou cruzado para bater o goleiro Bosnich e empatar o jogo no Mundial de Clubes. Porém, a arbitragem marcou impedimento no lance que ainda rende discussões. Afinal, a posição do camisa 10 palmeirense era ou não legal? Quem fez parte daquele elenco e estava no Estádio Nacional de Tóquio, no Japão, foi o zagueiro Clebão. O final poderia ser diferente se o árbitro de vídeo (VAR) existisse na época.
O defensor sofreu uma lesão na reta final do Campeonato Brasileiro daquele ano e se recuperou para o duelo contra o clube inglês, mas o técnico Luiz Felipe Scolari optou por deixá-lo no banco de reservas naquela partida. O Palmeiras criou mais chances e foi melhor no jogo, mas perdeu pelo placar mínimo (gol de Roy Keane) e viu o título ficar com o United.
"Foi um Mundial muito sentido por nós. Nos Mundiais anteriores, a gente viu jogos truncados com poucas oportunidades de gol, as equipes tentando o contra-ataque e placares de 1 a 0, 1 a 1, 2 a 1 e era um jogo só. Eu lembro que tivemos sete oportunidades contra o United, inclusive um gol anulado que, olhando até hoje, o Alex não estava impedido. Se o VAR existisse naquela época, o Palmeiras ia ter o gol validado. Foi totalmente legal, fora outras grandes oportunidades que criamos", disse em entrevista ao UOL Esporte.
O ex-zagueiro de 49 anos deixou o time alviverde justamente depois daquela partida e se despediu do clube onde estava desde 1993. Não faltaram títulos, com direito a dois Brasileiros, dois Paulistas, a Copa do Brasil de 1998, a Copa Mercosul de 1998 e, o principal, a conquista da Libertadores de 1999.
Manobra do Vasco na final do Brasileiro
As lembranças daqueles anos são muitas, mas Clebão gosta de recordar de um jogo específico. Em 1997, o Palmeiras enfrentou o Vasco na decisão do Campeonato Brasileiro, e os cariocas foram campeões. Edmundo, então atacante vascaíno e que tinha jogado no clube alviverde de 1993 a 1995, recebeu amarelo no primeiro jogo da decisão, o terceiro dele, e estava suspenso. Porém, cavou uma expulsão. Desta forma, o time dele entrou com efeito suspensivo para que o jogador pudesse atuar na segunda partida. O placar de 0 a 0 nos dois jogos deu o título ao Vasco, dono da melhor campanha.
"A CBF abriu domingo de manhã para julgar o efeito suspensivo do Edmundo e ele poder jogar à tarde. Isso nunca aconteceu e não vai mais acontecer na história do futebol brasileiro. Eu acredito que foi uma manobra que o Vasco conseguiu na época, porque o Edmundo fazia diferença ali na frente. Então, se ele não joga o segundo jogo, lógico que o Palmeiras teria grandes chances de conseguir o título", afirmou.
Luxemburgo ou Felipão?
Ao longo da trajetória no Palmeiras, Clebão conquistou os primeiros títulos com Vanderlei Luxemburgo e depois sob o comando de Felipão. De acordo com o ex-zagueiro, os dois treinadores se destacavam pela forma que controlavam o grupo.
"São dois excelentes profissionais que eu tive a oportunidade de trabalhar. O que os dois tinham em comum era administrar os egos dos jogadores, porque realmente eram elencos acima da média. A equipe do Scolari era um pouco mais forte na parte física, além da força com a técnica dos atletas. Já o time do Luxemburgo, sem dúvida nenhuma, era mais tático. Os dois têm em comum a motivação. Então, o Felipão é força com a técnica individual dos jogadores, e o Vanderlei também tinha esse perfil, mas era mais na parte técnica e tática", explicou.
Vida nos EUA e futuro no futebol, mas não como técnico
Clebão se aposentou do futebol em 2006, com a camisa do São Caetano, e atualmente vive nos Estados Unidos, onde realiza um curso de inglês. O ex-jogador se mudou para ficar mais perto das filhas (a mais velha é casada com um americano) e pretende retornar ao Brasil no próximo ano. A ideia é trabalhar com futebol, mas não como treinador.
"Eu pretendo dar sequência quando eu voltar ao Brasil como dirigente na questão de gestão e administração. Eu tive a oportunidade de trabalhar como treinador no América-MG, no Metropolitano, no Araxá e depois eu vim para os EUA dar este tempo com a minha família, mas logo eu estarei de volta ao Brasil. Prefiro estar mais como um manager e dirigente do que como um técnico", contou.
Mesmo de longe, o zagueiro continua acompanhando as partidas do Palmeiras. Depois dos anos vestindo as cores do clube, Clebão passou a ser torcedor. "O sangue se tornou palmeirense, as minhas duas filhas são palmeirenses, e eu tenho um carinho muito grande. Eu tenho acompanhado bastante os jogos, e o retorno do Felipão foi excelente. O elenco gosta de olhar para o comandante e ver se ele é vitorioso. Isso é o primeiro passo para o sucesso de um grupo, porque, quando o atleta bate o olho e vê que o cara não tem uma história igual ao Felipão, cedo ou tarde ele não respeita o treinador", disse.
"Sem dúvida, a presença do Felipão já deu uma motivada, e ele está conseguindo êxito no trabalho e nos resultados. Eu tenho certeza que ele vai conseguir o objetivo, que é beliscar um ou dois títulos no ano", finalizou Clebão.
Foto: Arquivo
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