Na manhã da última quarta-feira, 8 de abril, cerca de 6 mil taxistas se concentraram na Praça Charles Miller, no Pacaembu, para protestarem contra os carros particulares que prestam serviços clandestinos de táxi com o apoio de aplicativos de carona remunerada, principalmente o UBER. A manifestação, organizada pela Associação Brasileira das Associações e Cooperativas de Motoristas de Táxi (ABRACOMTAXI), também aconteceu simultaneamente em outras quatro capitais brasileiras: Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba e Salvador.
Na capital paulista, uma das preocupações dos organizadores foi a de que o evento não prejudicasse ainda mais o já caótico trânsito da cidade. Ao mesmo tempo, houve um planejamento para que não faltassem táxis nas ruas para atender a população. “Sem dúvida foi um momento histórico para os taxistas. Conseguimos provar que, além de nossa categoria ser unida, não continuaremos aceitando a clandestinidade e a ilegalidade”, afirmou Edmilson Americano, presidente da ABRACOMTAXI. “Queremos que se cumpra a lei, que o poder público tome todas as medidas necessárias para acabar com os táxis clandestinos e que o aplicativo UBER seja retirado das lojas on-line Apple Store e Google Play Store, a exemplo do que já aconteceu em outros países como Espanha, Alemanha e França, além de algumas cidades norte-americanas”, completou Americano.
Os primeiros taxistas começaram a chegar à Praça Charles Miller por volta das 8 horas. Às 10h30, o local já estava completamente tomado por taxistas não apenas da capital, mas também de cidades da Grande São Paulo e até mesmo do interior do estado. Segundo estimativas da ABRACOMTAXI, aproximadamente seis mil taxistas em quatro mil veículos compareceram na manifestação.
Um pouco antes das 12h, os taxistas saíram em comboio do Pacaembu em direção à Câmara Municipal de São Paulo. Acompanhados pela Polícia Militar e por agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), eles percorreram o trajeto formado pelas ruas Desembargador Paulo Passaláqua e Major Natanael, Avenida Doutor Arnaldo, Rua da Consolação, além dos viadutos 9 de Julho e Jacareí.
Na Câmara, representantes de associações, cooperativas e sindicatos de taxistas foram recebidos pela vereadora Edir Sales (PSD), vice-presidente da casa. Eles pediram à vereadora para que a prefeitura tome medidas efetivas a fim de que os aplicativos de carona remunerada sejam banidos e que os taxistas clandestinos sejam proibidos de prestar serviços à população. Em seguida, durante reunião da Comissão de Trânsito e Transportes da Câmara, os parlamentares se comprometeram a convocar uma audiência pública para discutir a questão.
Capitais – Em outros estados, embora em menor número, também houve manifestações por parte dos taxistas. No Rio de Janeiro, mais de mil taxistas em 500 carros saíram em carreata do Aeroporto Santos Dumont até a prefeitura, onde uma comissão foi recebida pelo secretário municipal de Transportes. “Ele se comprometeu a elaborar informativos aconselhando a população a não utilizar esses veículos de transporte clandestinos, como os carros particulares que operam com o aplicativo UBER. Da mesma forma, o secretário prometeu banir o aplicativo das lojas on-line e notificar toda a rede hoteleira da cidade para que essas empresas não incentivem seus clientes a utilizarem o transporte clandestino”, disse o presidente da Novo Rio Coop, José Marcos Bezerra.
Em Brasília, cerca de 250 táxis saíram em carreata do Estádio Nacional percorrendo as principais vias da cidade. O grupo passou em frente à sede do Governo do estado, à Assembléia Legislativa e à Esplanada dos Ministérios, até chegar ao Ministério dos Transportes. “Lá, fomos recebidos pelo secretário de Transportes, para quem entregamos um ofício elaborado pela ABRACOMTAXI explicando todos os problemas pelos quais a categoria está passando. A força e a dimensão que o movimento ganhou nacionalmente certamente merecerá, de agora em diante, mais atenção por parte do poder público”, destacou o presidente da Coobras, Leopoldo Rodrigues Ferreira.
Outra capital que sediou a manifestação foi Curitiba. Lá, os organizadores conseguiram reunir cerca de 500 táxis ao lado do Museu Oscar Niemeyer, sendo 89 deles provenientes de São José dos Pinhais. Às 10h15 os táxis saíram em carreata, que passou pela sede do Governo do Paraná, Prefeitura de Curitiba, algumas ruas do Centro e pela Câmara, terminando o percurso em frente à URBS, empresa responsável pela operação e fiscalização do transporte público municipal. “A entidade se comprometeu em nos receber até a próxima quarta-feira para discutir estratégias de fiscalização e combate ao transporte clandestino. Parabenizo a ABRACOMTAXI pela organização nacional do movimento, que foi um sucesso”, afirmou o presidente da Rádio Táxi Curitiba, Anderson Barros.
Já em Salvador, segundo o presidente da Coometas, Vicente Barreto, cerca de 100 taxistas se reuniram em frente ao sindicato da categoria. “Como estava chovendo, combinamos com as autoridades que não sairíamos em carreata para não piorar ainda mais o trânsito. Além disso, o secretário de Transportes de Salvador se prontificou em nos receber na semana que vem para ouvir as reivindicações da ABRACOMTAXI. Certamente conseguimos alcançar nossos objetivos”, ressaltou Barreto. “Esta foi apenas a primeira manifestação. Mas muitas outras poderão ocorrer. Continuaremos lutando até que o problema seja resolvido”, concluiu Americano.