A corte referendou a suspensão imposta pela Federação Internacional por causa de um escândalo de doping e manteve a Rússia fora do atletismo olímpico

A corte referendou a suspensão imposta pela Federação Internacional por causa de um escândalo de doping e manteve a Rússia fora do atletismo olímpico

Da AFP/UOL

A Corte Arbitral do Esporte (CAS) anunciou nesta quinta-feira ter negado a apelação do Comitê Olímpico Russo e de 68 integrantes do atletismo do país que pediam para participar dos Jogos de 2016 no Rio de Janeiro. Desta forma, a corte referendou a suspensão imposta pela Federação Internacional (IAAF, na sigla em inglês) por causa de um escândalo de doping e manteve a Rússia fora do atletismo olímpico.

"O júri do CAS confirma a validade da decisão da IAAF segundo a qual os atletas e a federação nacional (russa) ficam suspensos e não podem ser selecionados para as competições sob a organização da IAAF", declarou o CAS.

A reação da Rússia foi rápida. O porta-voz do governo, Dmitry Peskov, foi duro na reposta. "Eu certamente lamento essa decisão do CAS, no que se refere a absolutamente todos os nossos atletas (que entraram com as reivindicações). O princípio da responsabilidade coletiva é difícil de aceitar".

Já o ministro dos Esportes da Rússia, Vitaly Mutko acrescentou: "Lamento esta decisão. Infelizmente, um certo precedente foi estabelecido para a responsabilidade coletiva ", disse.

A Federação Internacional de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) disse que estava satisfeita que o CAS apoiou sua posição, dizendo que o julgamento criou igualdade de condições para os atletas. A entidade tinha anunciado no fim de junho a decisão de manter a suspensão ao atletismo russo

"Este não é um dia para declarações triunfantes. Eu não vim para este esporte para impedir atletas de competir. Além do Rio, o grupo de trabalho da IAAF vai continuar a trabalhar com a Rússia para estabelecer um ambiente limpo e seguro para os seus atletas de modo a que a sua federação e equipe possam voltar a ter reconhecimento internacional e competir", disse o presidente da IAAF, Sebastian Coe.

Última brecha para liberação individual

Porém, ainda resta uma possibilidade dos atletas do país participarem dos Jogos. O Comitê Olímpico Internacional (COI) avaliará pedidos individuais de russos que desejam competir com uma bandeira neutra. Para isso, eles serão submetidos a vários critérios de análise, como quantidade de exames antidoping realizados fora da Rússia.

A competidora dos 800m Yuliya Stepanova e o saltador Darya Klishina são dois exemplos de atletas que optaram por esse caminho. O que pode contar contra este pedido é o pouco tempo para o início dos Jogos, no dia 5 de agosto.

Na última quarta-feira, a Rússia ignorou a punição e convocou a delegação de atletismo para os Jogos, incluindo a estrela Yelena Isinbayeva. Porém, diante da decisão do CAS, muito dificilmente ela virá ao Rio, pois disse que só gostaria de competir com a bandeira russa, rejeitando um pedido ao COI para ser atleta neutra. Ela fez fortes críticas à decisão da corte: "enterraram o atletismo".

Além do atletismo, a Rússia enfrenta o risco de ser banida de todas as modalidades nos Jogos do Rio de Janeiro. Alguns países, como Estados Unidos e Canadá, assim como a Wada (Agência Mundial Antidopagem), pedem a exclusão do país dos Jogos em decisão que deve ser anunciada na próxima semana pelo COI.

O escândalo

O escândalo teve início quando o antigo diretor do laboratório antidoping de Moscou, Grigory Rodchenkov, e um funcionário da agência antidoping local denunciaram à imprensa americana que 15 medalhistas russos nos Jogos de Inverno de Sochi e outros atletas foram dopados por autoridades russas.

Além disso, há relatos que agentes do Serviço Federal de Segurança, a antiga KGB, manipularam amostras de urina durante o evento poliesportivo, para evitar que algum caso fosse revelado.

Revelações feitas pela televisão pública alemã "ARD" apontam que o ministro do Esporte da Rússia, Vitaly Mutko, encobriu pelo menos um caso de doping no escândalo que envolve o atletismo do país e que incidem em um suposto programa dirigido pelo governo.

Foto: UOL

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