Conmebol anunciou que a Colômbia não receberá mais o torneio por conta da crise vivida pelo país. Foto: Conmebol/Divulgação

Conmebol anunciou que a Colômbia não receberá mais o torneio por conta da crise vivida pelo país. Foto: Conmebol/Divulgação

A Conmebol comunicou na última quinta-feira (20) que a Copa América não será mais disputada na Colômbia. O torneio de seleções sul-americanas que teria sede dividida com a Argentina será jogado agora apenas em solo argentino.

Vivendo grave crise social, com protestos que tomaram conta do país nas últimas semanas, a Colômbia pediu o adiamento da competição para o mês de novembro. O país viu a Conmebol não atender seu pedido, “perdeu” o direito de sediar o torneio e viu um filme antigo se repetir em sua história.

Quase 40 anos atrás a Colômbia também vivia a expectativa de sediar uma grande competição e, por motivos diferentes, também acabou perdendo a oportunidade. Em 2021, a Copa América deixou o país por conta da crescente tensão social no país e a repressão violenta por parte da polícia a protestos – Em 21 dias de protestos contra uma proposta de reforma tributária do governo colombiano, pelo menos 42 pessoas morreram, e mais de 1.700 ficaram feridas; figura central da crise, o presidente Ivan Duque admitiu que houve excessos por parte da polícia.

Em 1982, os colombianos viram o sonho de receber uma Copa do Mundo deixar o país. No dia 9 de setembro de 1974, a Colômbia ganhou o direito de sediar o Mundial de seleções de 1986. O país, mesmo em dificuldades econômicas, iniciou os preparativos para receber o evento pela primeira vez em sua história.

Os problemas econômicos se agravaram no início dos anos 80 e, em 1982, após vencer as eleições presidenciais, Belisário Betancur comunicou a desistência do país de receber a Copa.

“Por preservamos o bem público, por sabermos que o desperdício é imperdoável, anuncio aos meus compatriotas que o Mundial de Futebol de 1986 não se realizará na Colômbia (...). Temos outras coisas a fazer, e não há tempo para atender às extravagâncias da Fifa e de seus sócios”, declarou Bentancur na época.

Com a retirada colombiana, a Fifa buscou uma solução emergencial, afinal restavam apenas quatro anos para a disputa do torneio. Canadá, Estados Unidos, Brasil e México surgiram como candidatos, restando apenas os mexicanos na lista no momento final. Sede da Copa na histórica edição de 1970, o país da América do Norte reaproveitou muito da estrutura já presente e recebeu pela segunda vez o evento, que viu o ápice de Diego Maradona, que levantou o título com a seleção argentina.

EM 2001, COLÔMBIA RECEBEU A COPA AMÉRICA MESMO COM AMEAÇAS DAS FARC

A última edição de Copa América realizada na Colômbia foi em 2001. Naquele ano, porém, mais uma vez a competição chegou a ser ameaçada. O clima hostil vivido no país naquela oportunidade gerou muitas dúvidas e medo na organização. A Colômbia viva um ambiente de guerra civil por conta dos conflitos contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que levou ao cancelamento das participações de Canadá e Argentina, e, também, do volante brasileiro Mauro Silva. Temendo por sua segurança, o então capitão da equipe de Luiz Felipe Scolari não viajou com a seleção brasileira, ficou fora da competição e nunca mais voltou a ser chamado pelo treinador.

O torneio acabou sendo realizado mesmo com o clima de tensão. Os donos da casa sagraram-se campeões ao bater o México na final por 1 a 0. A seleção brasileira acabou eliminada prematuramente nas quartas de final, ao ser derrotado de forma inesperada por Honduras.

 Seleção colombiana campeão da Copa América de 2001. Foto: Conmebol/Divulgação

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