Napoleão de Almeida
Colaboração para o UOL
A partir da madrugada desta quinta-feira (13), a história do Atlético-PR e de Tiago Nunes pode mudar para sempre. Se vencer o Junior Barranquilla na partida marcada para 21h45 desta quarta-feira (12) na Arena da Baixada, o Furacão irá romper uma barreira que pertence a 11 dos 12 clubes mais tradicionais clubes do País: a conquista de um título continental em campo, feito que a Chapecoense conseguiu de maneira trágica. Se isso ocorrer, os atleticanos celebrarão um herói improvável, um treinador que passou de interino a um ídolo em poucos meses.
Nunes era o técnico do time de "aspirantes" que disputou - e venceu - o Paranaense de profissionais, no começo do ano. Comandava um elenco "B", de onde tirou jogadores como Léo Pereira e Bruno Guimarães, importantes na caminhada até a decisão da Sul-Americana. O elenco principal ficava nas mãos de Fernando Diniz, que começou badalado e acabou demitido durante a Copa do Mundo da Rússia.
No primeiro treinamento após a reapresentação da pausa da Copa do Mundo, Tiago Nunes reuniu os jogadores e falou: "Cada um vai jogar na sua posição. Vamos fazer o simples: cada um na sua, vamos diminuir os erros, fazer o goleiro tocar menos na bola. Vamos jogar mais juntos". Àquela altura, ainda não se sabia se Nunes iria mesmo comandar o Atlético até o final do ano. Era uma experiência após a saída de Diniz, desligado a contragosto do presidente do Conselho Deliberativo, Mario Celso Petraglia.
Nas entrevistas, Nunes se mostrou respeitoso com imprensa, torcida e adversários. O único momento de destempero foi após a derrota para o Inter, 2 a 1, com um pênalti duvidoso apontado ao final do jogo. Foi a última derrota do técnico no comando atleticano: de lá para cá foram mais nove partidas, com uma calma durante os 90 minutos e muita energia nos bastidores publicados pela TV do clube, como no vídeo abaixo.
Nunes segue como interino até o apito inicial da partida decisiva com o Junior Barranquilla. Para a próxima temporada, deverá finalmente assinar um contrato como treinador - até então, trabalhou em regime CLT, como qualquer funcionário de empresa. Restam detalhes. Mas não restam mais dúvidas para quem acompanhou o trabalho: com simplicidade e liderança, Nunes viveu um ano com o título do Paranaense e boas chances de uma taça inédita da Sul-Americana, vaga na Libertadores e a disputa da Recopa e Copa Suruga.
Foto: Gabriel Machado/AGIF (via UOL)