Identificado com a torcida, marcando gols bonitos e decisivos, se dedicando muito pelo time. Gabriel Barbosa vive um momento especial. Nos números, já é o melhor ano da carreira do centroavante - no desempenho, certamente também - e é cada vez mais inevitável: precisamos conversar sobre Gabigol.

Em 2019, Gabriel alcançou a marca de 31 gols: dezesseis só no Brasileirão, onde o camisa 9 é artilheiro com folga e, seguindo nesse ritmo, deve ultrapassar a marca dos 25 gols na competição; outros dois foram marcados na Copa do Brasil, sete no Carioca e cinco na Libertadores, onde o atacante é vice-artilheiro.

Quando olhamos para os números das temporadas passadas, fica ainda mais evidente o quão especial é a fase do ex-jogador do Santos.

Em 2018, vestindo a camisa do time da Vila Belmiro, Gabriel balançou as redes 27 vezes (marca já superada esse ano): dezoito no Brasileiro quando foi artilheiro; uma na Libertadores; quatro na Copa do Brasil; quatro no Paulista - foi a melhor temporada da carreira até então.

Entre 2016 e 2017, o jogador foi para a Europa e, como todos reconhecem, inclusive o próprio atacante, Gabriel foi muito mal, não consegui se firmar e em 10 jogos pela Inter de Milão marcou apenas um gol; transferido para o Benfica, disputou mais cinco partidas e marcou também um gol. Antes da transferência para o velho continente, porém, Gabigol fez um bom primeiro semestre pelo Santos, marcando 12 gols.

Os anos de 2015 e 2014 foram excelentes para o centroavante: já consolidado como profissional e peça importante do Santos, Gabriel marcou 21 vezes em cada temporada. Em 2013 marcou apenas um golzinho, mas era seu primeiro ano entre os profissionais.

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Com números excelentes, fica claro, especialmente pelos anos de 2018 e 2019 que a fase ruim na Europa não significou que o Gabriel não seja o jogador que todos imaginavam quando  o atacante surgiu nas categorias de base do Santos. 

Com apenas 23 anos, o camisa 9 flamenguista vive um momento único. A tendência, inclusive, é de que surjam oportunidades no futebol europeu novamente e, aceitando esse desafio, o jogador deve chegar mais preparado e até valorizado. Sabedor disso, o Flamengo já se movimenta para tentar adquirir os direitos econômicos de Gabriel pelo valor entre 15 e 20 milhões de euros (R$ 67,5 a R$ 90 milhões).

Mais do que os números, o desempenho e o poder de decidir em grandes momentos têm feito de 2019 um ano especial para Gabigol. Poder de decisão que já foi mostrada na temporada passada quando o camisa 9 foi decisivo para ajudar o Santos a sair de uma situação incomoda no Brasileirão. Nessa temporada esse fator ficou ainda mais evidente: além do gol diante do Santos, na partida chamada de final antecipada, Gabriel marcou o gol da classificação rubro-negra diante do Inter nas quartas de final da Libertadores, no Beira-Rio; marcou duas vezes na vitoria heróica sobre o Emelec pelas oitavas de final da mesma Libertadores quando o Fla teve que reverter um placar de 2 a 0; marcou duas vezes contra o Palmeiras, em mais um jogo importantíssimo pelo Brasileiro; marcou na final do Carioca contra o Fluminense, quando o Mengão saiu campeão. São momentos de decisão, justamente quando esperamos que os grandes jogadores apareçam.

Já é possível falar em Gabigol na seleção brasileira?

Artilheiro, decisivo, bem fisicamente, alcançando um alto nível de desempenho: é natural que imaginemos Gabriel sendo chamado para a seleção. Em seu setor a concorrência é alta, os nomes mais chamados por Tite nessa posição são Richarlison, Roberto Firmino e Gabriel Jesus (em tese são nomes que exercem funções mais próximas da que Gabigol executa). Dos nomes citados, quem está em momento pior que o Gabigol? Talvez G. Jesus.

Conseguir uma vaga na selção não é fácil. O camisa 9 flamenguista, pelo que faz em seu clube, já merece ser testado. Com boas oportunidades e uma sequência razoável de jogos, Gabriel pode ser muito útil ao time já que é o típico atacante que concilia muito bem presença de área com mobilidade. 

Rejeição alta?

Os gols e o poder de decisão, porém, ainda não foram suficientes para mudar a imagem de Gabigol perante boa parte da opinião pública. O jogador ainda é muito criticado pela marra, alguns dizem que é arrogante, já o chamaram de cai cai, provoca bastante os rivais, reclama muito com adversários e arbitragem (não por acaso, Gabriel é op jogador do Flamengo com maior número de cartões até aqui: 13 cartões no total - doze amarelos e um vermelho. Talvez mudar um pouco dessa imagem seja positivo para o jogador.

A grande questão é que Gabigol tem se mostrado jogador de jogos grandes. Gostemos ou não da personalidade do atacante, é inquestionável que o flamenguista é um cara de personalidade forte. Talvez seja o momento de reconhecer: Gabigol é sim o grande atacante que esperávamos que ele se tornasse.

Foto: Alexandre Vidal/Flamengo divulgação