O mundo girou, mas nós não saímos do lugar. Há um ano discutíamos as mesmas coisas. Se deveríamos fechar ou não o comércio e, no caso do esporte, se os eventos deveriam ser mantidos.
12 meses e mais de 270 mil mortes depois, mesmo diante de um completo caos, que coloca o Brasil na liderança do ranking de má gestão da pandemia em todo o mundo, há um esforço apoiado por parte da população para levarmos a vida adiante como se nada de errado estivesse acontecendo.
Buscam uma normalidade anormal, que parece ter o futebol como uma espécie de carro chefe. Note que não houve qualquer esforço, por exemplo, para adequar o calendário 2021 à nova realidade.
Não houve diminuição dos campeonatos para redução no número de jogos. Criou-se um calendário interrupto de 18 meses, recheado de jogos às quartas e domingos, sem tempo para descansar e treinar.
Vivemos atualmente o pior momento da pandemia em nosso país. Nunca se teve tantos mortos, como nunca se viu UTIs tão lotadas. Um cenário extremamente preocupante, que exige o esforço de todos.
O futebol não é uma ilha isolada da sociedade. É afetado por tudo o que acontece ao redor. E a ideia de que uma bolha sanitária deixará os envolvidos intactos não passa de mera ilusão.
Por mais que os times façam centenas de testes semanalmente, qualquer noção de "bolha" deixa de existir quando você precisa pegar avião, fazer escala, entrar em ônibus, se hospedar em hotel.
Além disso, qual o controle que se tem em relação à vida pessoal dos atletas? Quantos já não foram flagrados em festas e baladas, por exemplo?
Nesta semana tivemos a primeira fase da Copa do Brasil, aonde vários clubes se viram obrigados a viajar pelo país. Qual a segurança sanitária nesse processo?
Sem falar nas pessoas que trabalham nos clubes, mas não diretamente com o futebol. Cozinheiros, seguranças, faxineiros, etc. Profissionais que não contam com o mesmo apoio dos jogadores e que se expõem diariamente ao vírus.
Existem bolhas bem sucedidas, como a da NBA e a da UEFA Champions League, ambas realizadas no ano passado. A primeira levou toda a sua estrutura para um complexo da ESPN, na Disney, sob um custo de 200 milhões de dólares. Já o segundo, realizou sua fase final em Lisboa.
Mas em ambos os casos o que se viu foi um controle total do evento, desde a logística até a realização dos jogos. Bem diferente do que se tem no Brasil, aonde, apesar do grande número de testes realizados, o protocolo por parte do organizador basicamente se limita ao estádio em dia de jogo.
Vale lembrar que nem todos os clubes têm a possibilidade financeira de se protegerem da melhor maneira possível. A pandemia, além da questão sanitária, também evidencia a desigualdade no futebol.
Neste momento discute-se em São Paulo a realização do Paulistão em outro estado durante o período de restrição imposto pelo governo local, que entrará em vigor na segunda-feira (15) e seguirá até o final do mês.
Trata-se de um evento privado, organizado por uma federação sem ligação com o poder público e que tem liberdade para esse tipo de decisão. Se de fato acontecer, será uma operação nunca antes vista, envolvendo 16 clubes e cerca de 800 profissionais.
Mas valerá à pena? O futebol, como parte relevante da sociedade, também deveria servir como exemplo para as pessoas...
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