Juca Kfouri, jornalista, e Paulo Maluf, que venceu a eleição de 1992 em São Paulo

Juca Kfouri, jornalista, e Paulo Maluf, que venceu a eleição de 1992 em São Paulo

Aqui o “Manifesto Pró-Maluf” com o DNA de Juca Kfouri contra Eduardo Suplicy pela Prefeitura de São Paulo na eleição de 1992. Ele seduziu até Walter Feldman, hoje seu perseguido, em churrascaria da Joaquim Floriano, e o “avoado” Osmar Santos, em seu auge. Osmar nunca se conformou em ser usado por Juca.

 

Maluf acabou ganhando de Suplicy e a Folha repercutiu a Malufada dos ex-comunistas. 

Afinal, Juca, você é ex-malufista ou ex-comunista?

E, depois, Juca Kfouri tentou justificar sua “c...”. 

Para o grande e verdadeiro jornalista Augusto Nunes (@augustosnunes) a emenda ficou pior que o soneto (abaixo, em imagem e em texto):

SOBRE O MANIFESTO

O manifesto Pelo Futuro de São Paulo surtiu efeito. As críticas previsíveis apareceram fartamente nos jornais. Os apostos, em maior número, vieram, em particular, daqueles que pensam parecido com o texto, mas, por motivos que as patrulhas explicam, preferem se resguardar, o que é compreensível.

Relutei em assiná-lo, apesar de ter participado de sua elaboração e de não temer patrulhas. Já estava vacinado desde que optei por Antônio Ermírio de Moraes e não por Orestes Quércia, em 1986.

Mas relutei devido ao fato de estar dirigindo também uma revista que transcende a área esportiva, em que sempre trabalhei como jornalista. A exigência de isenção me havia impedido, por exemplo, de assinar os manifestos que pediam o impedimento do presidente Collor. Por razões semelhantes, não quis subir no mesmo palanque onde estava Orestes Quércia nos comícios pela ética política.

Como se viu, no entanto, assinei. Como o faria se fosse um manifesto pela liberdade de expressão.

Porque é preciso pensar a nascente democracia brasileira sem os maniqueísmos do passado. A Ditadura acabou, e o bem e o mal estão em todos os lados, em todos os partidos. Não há mais lugar para adesões automáticas. A irracionalidade das torcidas organizadas no futebol, da violência polícia, dos neonazistas ou das multidões que só fazem matar e agredir seus adversários precisa acabar. Não cabem mais nem o malufismo nem o petismo. Nem a intolerância.

É curioso. Nosso manifesto foi classificado como de ex-dirigentes comunistas, embora apenas dois dos mais de 40 signatários tivessem pertencido ao velho e respeitável PCB. Por que não foi chamado de manifesto dos tucanos dissidentes, em maior número e com nomes mais notáveis?

Brasileiros por quem tenho grande admiração, como os deputados do PT José Genoíno e José Dirceu, extrapolaram. O primeiro ao dar como verdadeira uma mentira de que Jarbas de Holanda foi mentor do manifesto. Não se perguntou se a posição lá contida era a do ex-dirigente do PCB ou a de empresários da construção, a quem ele assessora profissionalmente. Tivesse sido atribuída a mim a coordenação do documento e Genoíno provavelmente indagaria se não seria aquela a posição dos jornalistas Roberto Civita e Roberto Marinho, que pagam meu salário, embora ambos nem sequer saibam das minhas atividades extraprofissionais.

José Dirceu nos tachou de neomalufistas envergonhados, não por considerar que Eduardo Suplicy não tenha compromissos com a seriedade e transparência, sensibilidade social, experiência administrativa e outras qualidades exigidas no manifesto. Prefiro supor que Dirceu tenha ficado decepcionado conosco porque contava com o voto cerro daqueles que sempre militaram no chamado campo progressista. Aliás, era exatamente o que eu, particularmente, esperava de Suplicy. Que ele subscrevesse o texto e chamasse a atenção para o fato de que a esmagadora maioria dos signatários era muito mais próxima a ele do que ao seu adversário. Mas não. Suplicy tratou de mandar um telegrama enraivecido ao jornalista Rodolfo Konder, cobrando-lhe gratidão pela solidariedade demonstrada quando Konder esteve preso e ainda recomendou que ele procurasse o seu chefe na TV Cultura, Roberto Muylaert, caso precisasse refrescar a memória – um velho coronel não faria melhor.

Ao contrário, Paulo Maluf manifestou-se totalmente concordando com o manifesto.

Quero registrar que não duvido da honestidade no trato com o dinheiro público de Suplicy, que vejo nele sensibilidade social e reputo como prova de experiência administrativa o período em que presidiu a Câmara Municipal. O que não significa que veja nele todas as condições necessárias para ser prefeito da cidade.

Nem nele nem em seu partido que governou São Paulo nos últimos quatro anos e, segundo todas as pesquisas, não goza de boa aceitação da população, apesar da seriedade e boa vontade da prefeita Luiza Erundina e de algumas medidas que considero corretas, como a da polêmica majoração do IPTU.

O petismo não foi aprovado na cidade e, em vez de atacar os que convidam a uma reflexão, precisa parar de pensar sobre seus equívocos. Já se disse que o PT é ótimo aliado para fazer oposição e intragável quando está no poder, experiência que vivi, por sinal, no Sindicado dos Jornalistas.

O malufismo também não serve ao país. Mas a maioria do eleitorado já garantiu a maioria de Paulo Maluf. É preciso criar as condições políticas para que o virtual prefeito governe sem estar condenado a se cercar de gente que o passado já deveria ter aposentado. A experiência recente da primeira fase do governo Collor é suficientemente eloquente para que não seja preciso detalhar o que isso significa.

Quem vota em Suplicy não é necessariamente bom e quem vota em Maluf não é obrigatoriamente mau. E vice-versa. O ex-ministro Alceni Guerra, sabe-se agora, também não era o ladrão que se imaginava.

O manifesto Pelo Futuro de São Paulo buscou qualificar a vitória do futuro prefeito. Só isso. Com a neutralidade e ambiguidade possíveis ao reunir cidadãos de pensamentos tão diversos. Foi um exercício de cidadania. É proibido?

 

E, segundo Rodolfo Konder, na ACEESP, em entrevista que dei aos seus alunos, ele me disse que Juca “não aceitou mais” a prometida Secretaria de Esportes malufista porque repercutiu mal ele ter aceito a Secretária da Cultura.

Afinal, Juca, você malufou por profunda admiração pelo Maluf ou você foi contratado para ajudá-lo na campanha?

Foi a soldo ou por amor ao malufismo?

 

 

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