Conheça um pouco mais sobre a carreira do carrasco do Brasil no Mundial da Itália

Conheça um pouco mais sobre a carreira do carrasco do Brasil no Mundial da Itália

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Em maio de 1990, Fernando Collor de Mello, que havia sido escolhido poucos meses antes como presidente do Brasil após 29 anos sem eleições diretas, inspirava muito mais a confiança da população do que a seleção brasileira que embarcava para a Copa da Itália. Mesmo com a conquista da Copa América no ano anterior, a equipe comandada por Sebastião Lazaroni, primeiro treinador da "Era Ricardo Teixeira?, era vista pelos críticos como burocrática, que praticava um futebol que prezava muito mais pela força do que pela técnica.
Entretanto, o torcedor, que antes do torneio dava de ombros para o time de Lazaroni, passou a vê-lo com bons olhos após a classificação para a segunda fase do Mundial, conquistada com 100% de aproveitamento. As vitórias sobre a Suécia, a Costa Rica e a Escócia não foram arrasadoras. Todas elas com a diferença de um gol no placar (2 a 1, 1 a 0 e 1 a 0, respectivamente). Mas, garantiram assim, o primeiro lugar com folgas no Grupo C.
O grande azar da equipe canarinha foi que a Argentina, então atual campeã do mundo, se classificou para a fase de oitavas-de-final como uma das melhores terceiras colocadas da primeira fase. Isso se deu após um início preocupante de Copa: uma derrota para Camarões (2 a 0), uma vitória sobre a União Soviética (2 a 0) e um empate com a Romênia (1 a 1).
O final da história, claro, todos conhecemos. O Brasil, mesmo jogando melhor e criando inúmeras chances de gols ? algumas, inclusive, bateram na trave -, acabou derrotado pela Argentina por 1 a 0. E, claro, em um primeiro momento, o principal candidato a vilão brasileiro não poderia deixar de ser Diego Armando Maradona. Afinal, foi ele quem, além de ter feito quase toda a linda jogada do gol, ofertou água com sonífero ao lateral Branco, um dos principais jogadores da equipe brasileira, fato confirmado pelo próprio argentino.
Porém, quem se esquecerá desta narração?
"Enfiou para Caniggia, fez a finta em Taffarel, bateu... E é o gol da Argentina! O Caniggia na cara do gol. O Caniggia dribla o Taffarel e bota a bola lá dentro?. Foi assim que descreveu-lamentou o locutor Galvão Bueno o tento anotado pelo atacante argentino Claudio Caniggia, que pôs fim ao sonho da seleção brasileira de conquistar o tetra na Copa da Itália.
Assim como todo o sistema ofensivo argentino, no duelo válido pelas oitavas-de-final da Copa do Mundo de 1990, diante do Brasil,Caniggia tinha passado praticamente o jogo todo sem tocar na bola. E precisou apenas de três toques, após jogada e passe geniais de Maradona, para dar, aos 35 minutos do segundo tempo, o tiro de misericórdia no time brasileiro.
Naquele mesmo Mundial, Cannigia foi decisivo para a Argentina também na partida contra a anfitriã Itália. Foi dele o gol que levou o duelo, válido pelas semifinais, para os pênaltis, que determinaram a vitória argentina. No entanto, na decisão, contra a Alemanha de Klinsmann, Matthäus e Völler, os sul-americanos foram derrotados por 1 a 0. Gol marcado por Brehme, de pênalti.
A carreira de Caniggia
Ótimo finalizador e dono de uma velocidade impressionante, Claudio Caniggia era desses atacantes que não precisam de muitos toques, de muito espaço ou de muitas oportunidades para decidir um jogo. Infernizava durante os 90 minutos as defesas adversárias, que não podiam tirar os olhos dele. Mas, para o goleador, um segundo de desatenção já era o suficiente.
Revelado pelo River Plate-ARG em 1985 e negociado com o Verona-ITA em 1988, El Pájaro (ou Filho do Vento, em português) era, na Copa de 1990, atleta do Atalanta-ITA. Em 1992, foi contratado pela equipe da Roma, permanecendo na capital italiana até o ano de 1994.
Após uma fugaz passagem pelo Benfica, Caniggia retornou ao futebol argentino. Desta vez, para defender o Boca Juniors, maior rival do clube que o revelou. O atacante acabou se tornando um dos maiores ídolos da equipe xeneize, e conquistou por lá o torneio Apertura de 1998.
Deixou a Argentina novamente, mas, desta vez, para não obter grande sucesso. Teve breves passagens por Atalanta (pela segunda vez), Dundee, Glasgow Rangers, Qatar SC e Wembley FC. Este último, em 2012, quando Caniggia, aos 45 anos, aceitou participar do projeto da equipe da nona divisão inglesa, que visava fazer bonito na Copa da Inglaterra.
Em meados dos anos 90, quando ainda defendia a Roma, o goleador passou por um dos piores momentos de sua carreira. Após ser flagrado no exame antidoping, Caniggia confessou ter consumido cocaína e maconha. O fato, por pouco, não comprometeu a sequência da carreira do argentino.
O goleador defendeu a sua seleção de 1989 a 2002. Atuou em 50 partidas, marcando 16 gols. Caniggia disputou três Copas: a de 1990 (na Itália), a de 1994 (nos Estados Unidos) e a de 2002 (na Coréia do Sul e no Japão). Nesta última, no entanto, não chegou a entrar em campo.

SOBRE O COLUNISTA

É redator, repórter e colunista do Portal Terceiro Tempo desde janeiro de 2010.

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