Escrevo de Nova York.
Por aqui, um frio de rachar.
Mas, acompanho pelo noticiário e pelos comentários de amigos nas redes sociais que no Brasil o clima está mais quente que frigideira sem cabo.
O que anda morno, como de costume no final do ano, é o futebol brasileiro.
Bola rolando apenas nas “malas” partidas de “amigos de fulano x amigos de sicrano”.
Nada conta, claro, mas os jogos são sempre tão emocionantes quanto dançar de rosto colado com a mãe ao som de “Sentimental Demais” na voz do saudoso Altemar Dutra.
Principalmente quando um tal de Denilson Show está em campo...
E, no mercado da bola, a coisa também está longe de ferver.
Principalmente pelos lados da Gávea...
Gente, não é que o Flamengo está ficando só no “cheirinho” também nas contratações?
Nos últimos dias, flertou com quase todo mundo.
Mas o único que assinou contrato com o Mengão para 2019 até agora foi o técnico Abel Braga.
Só que Abelão precisará de ovos para fazer um bom omelete, não é verdade?
O São Paulo, que no quesito títulos também está só no “cheirinho” desde 2008 (Sul-Americana não conta), fez até agora ótimas contratações.
Pablo tem tudo para fazer história no Morumbi e o bom Tiago Volpi promete fazer o são-paulino “esquecer” Rogério Ceni.
Resta saber se André Jardine conseguirá corresponder.
Mas quem deve corresponder novamente em 2019 é Felipão.
O seu poderoso Palmeiras não perdeu nenhuma peça importante e os reforços Zé Rafael, Carlos Eduardo, Matheus Fernandes, Artur e Felipe Pires devem dar o que falar.
É que o embalado Verdão está naquela fase de “água morro abaixo, fogo morro acima e mulher bonita quando quer namorar: ninguém segura”!
Por essas e outras, já adianto para vocês, meus amigos, que 2019 será tão ou ainda mais verde que 2018.
Podem anotar e me cobrar!
Me pegou completamente de surpresa o grande vexame do River Plate contra o desconhecido Al Ain, dos Emirados Árabes, no Mundial de Clubes.
Eu estava mesmo esperando que o time comandado por Marcelo Gallardo passasse sem muitos sustos pela semifinal e, na decisão, contra o “capenga” Real Madrid, levasse a melhor na base da boa e velha “raça argentina”.
Não deu para o River e esse mico portenho serviu para escancarar mais uma vez como o futebol sul-americano segue no fundo do poço.
Afinal, os clubes do nosso continente não conseguem brilhar no Mundial há tempos.
Assim como o River, Internacional (2010), Atlético-MG (2013) e Atlético Nacional (2016) também foram eliminados por equipes folclóricas e não chegaram à final do cobiçado torneio.
O último sul-americano campeão do mundo foi o Corinthians, em... 2012!!!
Muito tempo de jejum, não é mesmo?
E as nossas seleções, então?
Em 2022, os selecionados sul-americanos vão ao Qatar lutando contra um incômodo tabu de... 20 anos!
Do penta brasileiro para cá, foram quatro Copas disputadas, todas vencidas por europeus (Itália-2006, Espanha-2010, Alemanha-2014 e França-2018).
E a situação ficou ainda mais desesperadora após o surgimento, neste ano, da Liga das Nações, que reúne as seleções do Velho Continente.
Agora, ficou praticamente impossível marcar amistosos contra os selecionados da Europa, e os testes dos sul-americanos geralmente serão realizados contra as fracas equipes da África, da Ásia ou mesmo da América do Norte.
Bom, e qual seria a saída para um continente que segue exportando grandes jogadores para todo o mundo, mas que não consegue organizar boas equipes para bater de frente com as potências do planeta?
Se a resposta fosse simples, alguém já teria solucionado o caso, é claro.
Mas não seria um bom primeiro passo a América do Sul parar de tentar copiar o modelo europeu e retomar a sua identidade futebolística?
Enfim, ainda sobre o Mundial de Clubes, após a derrota do River Plate, fui “bombardeado” por meus queridos amigos corintianos, sempre com a mesma pergunta.
“Milton Neves, e se o Al Ain, convidado pela Fifa para o Mundial por ser o atual campeão do país sede, vencer o torneio, você `desdenhará´ da taça como `desdenha´ do título do Corinthians em 2000?”.
E eu insisto.
É mais fácil o Timão vender os "Naming Rights" da Arena Corinthians por R$ 10 bi antes do Natal do que o simpático Al Ain vencer o Real Madrid na decisão do Mundial.
Mas, e se acontecer mais uma zebra neste imprevisível ano de 2018?
Bom, aí eu direi que, assim como o Corinthians em 2000, contra o Vasco, o Al Ain terá conquistado... “MEIO” Mundial!
E um feliz e abençoado Natal para todo mundo!
Todo brasileiro apaixonado por futebol, com mais de 25 anos de idade, com certeza se lembra do vitorioso e conceitual “SuperTécnico”, programa que marcou época na Rede Bandeirantes de Televisão entre 1999 e 2001.
A atração, apresentada por mim e criada por Hélio Sileman a partir da idealização do executivo esportivo J.Hawilla, na feliz parceria Band-Traffic, reunia todo domingo à noite treinadores que foram destaque na semana.
E o “SuperTécnico” só tinha convidado de peso!
Participavam constantemente do programa nomes como Felipão, Vanderlei Luxemburgo, Abel Braga, Telê Santana, Joel Santana, Oswaldo de Oliveira, Paulo Autuori, Carlos Alberto Silva, PELÉ, Carlos Alberto Parreira, Antônio Lopes, Leão, Rubens Minelli, Zagallo, entre tantos e tantos outros.
Uma época em que os nossos técnicos estavam em alta e que valia a pena reuni-los em uma atração para debater as táticas utilizadas por cada um durante as partidas.
Oswaldo, Zagallo, Pelé, Eu, Parreira e Luxemburgo, em mais um épico "SuperTécnico"
E, acompanhando por aqui o “mercado da bola” e vendo os nomes que já estão empregados e que estão chegando para a temporada que vem, me perguntei: será que estão voltando os “SuperTécnicos”?
Afinal, a “guerra tática” do Brasileirão-2019 tem tudo para ser muito interessante com Felipão no Palmeiras, Carille no Corinthians, Sampaoli no Santos, Abel Braga no Flamengo, Tiago Nunes no Athletico, Levir Culpi no Atlético-MG, Mano Menezes no Cruzeiro, Renato Gaúcho no Grêmio, Odair Hellmann no Internacional, Rogério Ceni no Fortaleza e Lisca Doido no Ceará.
Nomes que renderiam novamente excelentes discussões pós-rodadas e que prometem tornar o Brasileirão do ano que vem um dos melhores dos últimos tempos, não é verdade?
Bom, e por falar em técnicos brasileiros, estou realmente preocupado com o atual comandante do escrete canarinho.
Tite, que teve uma Eliminatória nota 9,71 e uma Copa nota 1,79, não empolga mais ninguém e tem grande chance de sair de cena em caso de fracasso na Copa América de 2019, que será realizada aqui no nosso país.
Se isso acontecer, teremos para a preparação para a Copa de 2022 duas opções: escolher um dos bons nomes da lista acima ou inovar e correr atrás de... Zinédine Zidane!
Afinal, para acabar com o nosso jejum de Copas, nada melhor que contratar quem o iniciou, em 2006, após uma atuação de gala naquele 1 a 0 da França sobre o Brasil nas quartas de final do Mundial da Alemanha.
E ele está livre, leve e solto no mercado.
Por enquanto...
E essa história de Felipe Melo no Flamengo, hein?
Sinceramente, seria um golaço da nova diretoria rubro-negra, comandada pelo engenheiro Rodolfo Landim.
É que, além da contribuição técnica, Melo transformaria o Fla em um time mais aguerrido, com raça e com vontade, elementos que, segundo os flamenguistas, faltaram na Gávea nos últimos anos.
No mais, que o “louco” Sampaoli brilhe no comando técnico do Santos e que meu Corinthians, assim como o Palmeiras, tenha em sua porta uma fila de patrocinadores, e não uma pilha de boletos vencidos.
E só dá Palmeiras para todo lado.
Seja no campo – levantando no último domingo o seu décimo troféu do Brasileirão -, no noticiário político – com o polêmico convite ao presidente eleito Jair Bolsonaro, que “se esbaldou” na festa do deca -, e, claro, também na mídia esportiva – que não para de anunciar mais reforços para o “inglês” Verdão.
E esse último ponto tem deixado os dirigentes rivais de cabelo em pé.
E, realmente, deve ser muito complicado buscar atualmente bons jogadores no mercado da bola tendo que competir com o milionário time do Palestra Itália.
Afinal, é óbvio que quem quer vender um bom jogador de seu elenco para encher os cofres do clube, esperará sempre por uma proposta palmeirense, quase sempre bem “gorda”.
E quem perdeu a paciência com essa situação e botou a boca no trombone nesta semana, em entrevista à Rádio Itatiaia, foi o presidente do Atlético-MG, Sérgio Sette Câmara.
“Estivemos perto de contratar o Arthur, do Ceará. Achei que seria interessante. O Palmeiras foi lá e contratou. A gente também olhou o Zé Rafael. Eu tinha vontade de trazer. Quando foi tentar contratar, mas o Bahia pediu um valor exorbitante e quem foi pagar foi o Palmeiras. Tentamos negociar, mas falaram que o Palmeiras tinha oferecido o nosso valor mais x”, explicou Sette Câmara.
E o mandatário do Galo continuou: “Está faltando aqui no Brasil alguma regulamentação, como o fair play financeiro. Estamos num momento em que eu tenho procurado alguns reforços. Você bate na porta de algum jogador e quando você está, está lá o Palmeiras. Tentei contratar, mas ficou impossível”.
Bom, e eu até entendo a revolta e a frustração do meu amigo Sérgio Sette Câmara.
Conseguir bons reforços hoje em dia no mercado virou tarefa das mais ingratas.
Mas então por que ninguém sugeriu o fair play financeiro na época em que o Palmeiras anunciava nomes como Max Pardalzinho, Adriano Michael Jackson, Leandro Amaro, Betinho, Pedro Carmona, Ricardo Bueno, Mazinho “Messi Black”, entre tantos outros?
Os rivais, agora, precisam correr atrás.
E não só dos 10 títulos brasileiros, mas também do poderio econômico deste novo e poderoso Palmeiras.
No mais, o surpreendente Tiago Nunes, sem grife e sem marketing pessoal, faz um belíssimo trabalho no Atlético-PR.
O Furacão, que empatou na Colômbia, tem agora tudo para levar o título da Sul-Americana por três fatores: campo, torcida e gramado sintético!
E, convenhamos, o Junior Barranquilla é um time nota 4,27.
E no domingo, teremos o derradeiro capítulo desta novela que se tornou a final da Libertadores?
Torço para que sim.
Assim como torço também para que dê... Boca!
É que já era para a taça ter sido entregue para a equipe comandada por Guillermo Schelotto, por causa do vergonhoso ataque da torcida do River Plate nos arredores do histórico estádio Monumental de Núñez.
Como a CONMEBOL não teve peito para isso, que Tévez e companhia deitem e rolem para cima dos “Millonarios” no Santiago Bernabéu.
E o gente boa e competente Fábio Carille está de volta ao Timão.
Durou pouco a sua aventura no “Mundo Árabe”, hein?
Mas eu fiquei triste pelo queridíssimo Jair Ventura, que não teve culpa pelo péssimo desempenho do Corinthians na reta final do Brasileiro.
Afinal, ninguém consegue fazer omelete sem ovos!
Não é mesmo?
E não é que o Sargentão Scolari deu um jeito no então milionário e desunido elenco do Palmeiras?
Os técnicos que o precederam eram inferiores aos jogadores.
Não pode, em nenhum time ou seleção.
Mas ganhar “só o Brasileiro” foi “meio pouco” e apagou só 0,71% de seus 7 a 1 de 2014.
Havia muita e suficiente artilharia verde para ganhar também a Copa do Brasil e a Libertadores e para um consagrador Palmeiras x Real Madrid, em Abu Dhabi.
Mas já era.
O que não era, porque nunca foi, é o que se fala até hoje sobre um tal “apoio” que Felipão deu ou teria dado ao ditador Pinochet, do Chile.
Foi na Rádio Jovem Pan I AM, em 1998, antes do duelo entre Palmeiras e Universidad de Chile pela Copa Mercosul, na hora do almoço, ao vivo, no então líder “Jornal de Esportes”, criado pelo saudoso jornalista Cândido Garcia!
Eu estava no estúdio e o repórter Luis Carlos Quartarollo perguntou ao gaúcho se ele temia jogar em Santiago, lá na terra do ditador Pinochet.
Felipão apenas disse, em assunto pertinente à época sobre o futebol chileno, que "Pinochet fez muita coisa boa também. Ajeitou muitas coisas lá (no Chile)".
Foi a resposta dele a uma pergunta feita e ele não citou o ditador chileno de forma espontânea, apenas exerceu o seu direito de opinar em relação ao que lhe foi questionado.
Ele não tinha o direito de dar sua opinião, já que perguntado foi?
Só isso e ponto, mas vira e mexe alguém cita que Felipão “apoiou” Pinochet.
Exagero!
Afinal, aquele general, hoje nadando no “Tacho do Capeta”, jamais mereceu ou mereceria qualquer apoio de quem quer que fosse.
Não é o caso dos “Generais do Bolsonaro”.
Como todo homem é produto do seu meio e história, o novo presidente é um soldado até a medula.
Nunca usou boné de beisebol, mas quepe ou capacete.
Cresceu sem Conga no pé, mas com coturno.
O dente palitava com a ponta da baioneta.
Não brincava de velocípede ou papagaio, mas de revólver de madeira.
Enfim, é um “sordado”, antes de ser político.
Se não agrada, então que não o tivessem eleito.
Mas tem sido muito açoitado pela atual ressentida e desbotada crítica vermelha por sua coerente escalação de militares em seu ministério, em formação.
E militar não pode, é proibido?
E pergunto: militar brasileiro não é também... brasileiro?
Ou os generais brasileiros convocados pelo capitão não nasceram no Brasil e só servem como bucha de canhão para resolver pepinos dos coitados do Haiti e do Congo?
E só porque é general ou militar este “tipo” de brasileiro não presta?
Não se trata também de “perseguição de minorias”?
E se militar brasileiro “não presta”, mesmo antes de entrar em campo, o que dizer dos “maravilhosos” políticos civis fregueses contumazes da histórica e indispensável “Lava-Jato”?
Ora, gente, menos.
Deixem o novo time entrar em campo e jogar.
Se não der certo que o Capitão seja “descollorido” ou “dilmado”.
Afinal, quem é técnico ruim tem que sair, como no futebol e na vida.
Ah, em tempo, nunca precisei e não preciso de nenhum político.
Zero!
Só não abro mão mais um pouco de meu microfone e Feliz Natal para todo mundo, civis e militares.
Milton Neves Filho, nasceu em Muzambinho-MG, no dia 6 de agosto de 1951.
É publicitário e jornalista profissional diplomado. Iniciou a carreira em 1968, aos 17 anos, como locutor na Rádio Continental em sua cidade natal.
Trabalhou na Rádio Colombo, em Curitiba-PR, em 1971 e na Rádio Jovem Pan AM de São Paulo, de 1972 a 2005. Atualmente, Milton Neves apresenta os programas "Terceiro Tempo?, "Domingo Esportivo? e "Concentraç&atild... Saiba Mais
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