Felipe Melo é, disparado, o jogador mais indisciplinado do Palmeiras em 2018. O mais frustrante nessa história é que o volante tem futebol suficiente para não ser reconhecido apenas por sua truculência.
São 18 cartões amarelos e dois vermelhos. Resumindo a ópera: o Palmeiras não conta com Felipe Melo em momentos decisivos. E ainda: o volante pode colocar tudo a perder por atitudes como a de quinta-feira, quando conseguiu ser expulso com três minutos de jogo contra o Cerro Porteño.
Imagine só, jogo decisivo, mata-mata e o time joga praticamente a partida inteira com 10 jogadores. Todos viram como foi dificultoso. Agora, poderia ser pior caso o Palmeiras não tivesse vencido por dois de diferença, em Assunção. Ou fosse a equipe do Cerro minimamente mais qualificada.
E o Palmeiras não pode se sujeitar mais a esse tipo de postura. O volante é, com certeza, um dos atletas mais caros do elenco. Quando foi afastado pelo técnico Cuca, forçou a barra, acionou a Justiça para voltar aos treinos. Venceu o braço de ferro com o ex-treinador.
Mas, em campo, Felipe Melo não entrega o que dele se espera. Seu custo-benefício só beneficia a si próprio. Ao clube, seu empregador e pagador, ele fica devendo.
Por indisciplina, Melo ficou ou ficará fora de momentos importantes e fundamentais da temporada do clube.
Foi expulso contra o Corinthians no primeiro jogo da decisão do Campeonato Paulista e ficou de fora da partida final. Palmeiras perde o jogo, a disputa por pênaltis e o título que não levanta desde 2008.
Em quatro jogos na Copa do Brasil recebeu três cartões amarelos e não enfrentará o Cruzeiro no jogo de ida, dia 12 de setembro, pelas semifinais da competição.
Na Libertadores está suspenso, inicialmente, da partida de ida contra o Colo-Colo, em Santiago. Mas, será julgado e pode pegar um gancho ainda maior.
Sem falar de tudo que aprontou no ano passado, nas partidas contra o Peñarol, a briga no Uruguai e a suspensão imposta pela Conmebol.
Felipe Melo é bom jogador, mas, às vezes, parece que incorpora o personagem que para ele foi criado, o pitbull. Tem pitbull bem mais manso por aí.
Carinho do torcedor ele tem de sobra. É sempre ovacionado quando seu nome é anunciado no Allianz Parque. Mas, paciência tem limite. Inclusive a do torcedor.
A punição ao Santos FC deixa claro que o futebol sul-americano está cada vez mais rico, porém cada dia mais abandonado. O Santos errou? Sim. Deveria ter pesquisado com o devido cuidado e atenção a condição de jogo de Carlos Sanchez. Sabe que a Conmebol não é uma entidade das mais organizadas.
A Conmebol erra também ao colocar no seu sistema um jogador em condições de jogo, sendo que ele não tinha condições de jogo. E erra mais ainda ao tentar justificar essa falha imputando-a ao Comet. O sistema é operado por um, ou mais, responsável (eis).
Errou, tem que ser punido. Mas quem pune a Conmebol pelos seus erros?
Os clubes tem esse poder, mas não o exercem porque preferem ficar no esquema das barganhas. Todo dia tem algum clube pedindo favor ou um benefício lá em Luque.
A força está nos clubes e nos jogadores. São eles que fazem a história. A Confederação não é nada sem eles. Deveriam cobrar a importância que, verdadeiramante tem para o futebol.
Só não se unem porque administram seus clubes pensando, única e exclusivamente, nos próprios interesses. Então, quando o Santos é punido, está tudo bem para o Independiente. Mas amanhã quem está por cima pode estar do outro lado. Pena!
Eu era ainda um garoto. Tinha lá meus seis/sete anos. Família recém-chegada do interior e que buscava o mínimo de estabilidade para se manter na cidade grande.
Morava em uma casa de madeira na Rua Carlos Gonçalves, em Santo André. Era a única de madeira naquela rua. Tinha três cômodos que dividíamos entre cozinha, sala e quarto.
Do lado de fora um banheiro, já em alvenaria, um poço artesiano e um pomar. Sim, um pomar. Algumas ameixeiras, um limoeiro, flores e hortaliças compondo o meu terreiro.
Bem ao lado vivia Dona Aparecida. Tinha enviuvado pouco tempo atrás e, na sua solidão, compartilhava bondade com o garotinho do interior e sua família. Minha mãe e irmãs viviam por ali. Levavam diariamente um pouco de alegria e amizade.
A mim ela abraçou como se fosse uma vovó. E a família dela também. Seu neto, de nome Mauro, adorava futebol. Frequentava o clube Primeiro de Maio, treinava por lá e tinha aptidão para esportes. Quando visitava a avó me ensinava “técnicas” de futebol. Como o goleiro deveria se posicionar para fazer uma defesa, organizar uma barreira, sair com os pés.
Do garoto Mauro aproveitava também as roupas que já lhe grudavam no corpo. E assim também ganhei minhas primeiras camisas de futebol.
Certo dia Dona Aparecida me chamou: “menino, olha aqui o que o Mauro deixou pra você. Vê se serve”. Era uma camisa vermelha com golas verdes e uma cruz do lado esquerdo.
Com olhos brilhando peguei meu presente e corri para casa. “Mãe, mãe... olha a camisa que o Mauro me deu. De qual time é?”, perguntei curioso. “Não sei não moleque. Deve ser do Santa Cruz”, respondeu ela. Certamente para se livrar da insistência que viria a partir do “não sei”.
Pronto, eu tinha uma camisa do Santa Cruz. Presente do Mauro da Dona Aparecida. Estava feliz. Me afeiçoei. Saía para a rua estufando o peito. Queria exibir minha linda camisa vermelha.
Numa terça-feira qualquer decidi mostrar aquele manto na feira livre que ocorria lá, e continua até hoje, semanalmente. Passei por uma banca, sorri. Passei por outra, sinal de positivo.
E segui desfilando com minha camisa predileta. Eu já tinha meu time de coração. Mas aquela camisa... Ah, como ela me encantava.
Passei por mais uma barraca, dei sinal e o português me grita: “olha aí o pequeno lusitano”. “O que você falou?”, retruquei. “És um pequeno lusitano. Estás com a camisa da Portuguesa”. “Não, essa camisa é do Santa Cruz”, rebati revoltado.
O portuga caiu na gargalhada e com paciência me explicou que aquela camisa de vermelho intenso e com uma cruz verde no peito era, na realidade, da Associação Portuguesa de Desportos.
Não comprei nada na barraca do português, mas foi ele que me apresentou a Lusa. De lá pra cá acompanho, sempre com carinho especial, os caminhos da Portuguesa. Virei fã de Enéas, Dener, Zé Roberto, Zé Maria, Dida, César, Capitão, Gallo, Rodrigo Fabri, Taborda e Bolivar.
Mas nunca poderia imaginar que, no aniversário de 98 anos do clube estaria aqui lamentando seu quase fim. Como membro da família Oliveira me sinto diretamente atingido pelo destino que impuseram ao clube.
Não sou torcedor, nem conselheiro ou sequer sócio. Mas quem gosta de futebol, quem conhece só um pouquinho da história do futebol, adora e respeita a Portuguesa.
Agradeço ao português da banca da feira livre lá da Carlos Gonçalves por me explicar o que era a Portuguesa. Obrigado Mauro por me considerar digno de ser presenteado com a sua camisa da Lusa. Meus respeitos Dona Aparecida por me acolher em sua casa como se fosse um dos seus netos.
Dona Aparecida nos deixou alguns anos depois e, infelizmente, não sei por andam o Mauro e sua família. Não sei se ainda frequentam o Primeiro de Maio e se o meu amigo ainda arrisca uma pelada semanalmente.
Muito menos sei o que aconteceu com você Portuguesa. Mas espero te reencontrar um dia. Firme e com saúde.
O retorno de Luiz Felipe Scolari ao Palmeiras marca um ponto de reflexão para a atual diretoria sobre os caminhos que ela mesmo determinou para o time.
Presidência e diretoria executiva abrem mão dos acadêmicos para dar vez a experiência e ao estilo pulsante de Big Phil.
Apesar de ser um atestado de que o planejamento foi por água abaixo, a prática não é novidade, nem no Palmeiras, muito menos no futebol nacional.
A primeira vez de Felipão no Palmeiras ocorreu em circunstâncias parecidas. Sem acadêmicos antecedendo, mas na condição de bombeiro. E o incêndio era dos grandes.
Início de 1997. Diretoria e torcida ainda inconformadas com o fato do grande time de 96 ter conquistado apenas um Campeonato Paulista. Sim, o time dos 102 gols no estadual naufragou na Copa do Brasil. Foi vice para o Cruzeiro.
No Campeonato Brasileiro daquele ano parou no Grêmio, nas quartas de final. O time gaúcho chegaria ao título naquela decisão contra a Portuguesa. Moral da história: com um dos maiores times de todos os tempos, o Verdão não conseguiu classificação para a Libertadores do ano seguinte.
Do Paulista para a Copa do Brasil e o Brasileiro o Verdão perdeu Muller, que estava emprestado de uma equipe japonesa, aceitou a proposta do São Paulo e ficou fora da decisão. No Brasileiro outras peças importantes como Rivaldo e Amaral também foram negociadas.
Luxembrurgo era o técnico, mas não resistiu à queda no Brasileirão, no fim de novembro. Com a expectativa causada pelo grande time de 96 como a diretoria poderia responder ao torcedor? Mostrar que continuaria o trabalho em busca de grandes conquistas.
A solução do diretor-executivo da Parmalat, José Carlos Brunoro, foi mirabolante. No início da temporada 97 anunciou Telê Santana como novo técnico do Palestra. O único problema é que Telê se recuperava de uma isquemia que havia sofrido um ano antes e não tinha condições de trabalhar.
No acordo costurado com o Palmeiras, o então auxiliar Marcio Araújo comandaria o time até que o Mestre Telê, homem que fez o Verdão voltar a sonha com títulos em 1979 com um time que encantou o país com seu jeito ofensivo de jogar, se recuperasse plenamente e enfim voltasse a dirigir a equipe.
Claro, isso nunca aconteceu e, no começo de abril as esperanças de ver Telê no comando do time acabaram com o anúncio do fim do acordo. Em campo, um irreconhecível Palmeiras terminava a participação no Estadual em quarto lugar num quadrangular final com os outros grandes. Perdeu as três partidas contra os rivais.
Naquele momento o Palmeiras precisava ser sacodido. Os atletas já não demonstravam comprometimento, ninguém mais ouvia as ordens do técnico. E mais um campeonato ia para o ralo. Marcio Araújo foi demitido.
Para impactar, às vésperas do Campeonato Brasileiro, a diretoria anunciou a chegada do técnico casca grossa e que tantos jogos épicos travara dirigindo o Grêmio contra o Palestra. Era o atual campeão nacional, inclusive. Para ter Felipão o Palmeiras convenceu o treinador a romper contrato com o Jubilo Iwata, do Japão, onde estava há poucos meses. Era o choque de gestão. A chacoalhada que precisava para retomar o caminho.
Naquele tempo a ideia era clara: conquistar a Libertadores e chegar ao Mundial de clubes. Em seis meses Felipão transformou um time desacreditado em vice-campeão nacional. Depois só conquistas.
O segundo regresso é parecido. A direção percebeu que, dentro de campo, não havia mais resposta ao comando. Os atletas estavam perdendo o foco.
Lá se foram 21 anos e as histórias de Palmeiras e Felipão tem outras páginas, com outros capítulos, outras conquistas. Apesar de caminhos diferentes nunca deixaram de fazer parte um da vida do outro.
O sim de Tite é mais um indício de que a CBF pode mudar de mentalidade a partir do próximo ano. Na realidade esse processo começou quando Rogério Caboclo foi eleito presidente. Só assume em abril, mas tem atuado como CEO da entidade. Para bom entendedor... ele já está mandando no pedaço.
Até porque se o futebol depender de alguma convicção ou decisão do Coronel Nunes já sabe né? “Achei que o voto era secreto” responde a medida de sua capacidade. Então, prefiro um presidente que ainda não é presidente a um presidente que jamais será presidente.
Por hábito, a CBF trocaria de técnico tranquilamente após eliminação em uma Copa do Mundo que não foi das mais difíceis de se vencer. O próprio Tite condicionou a continuidade do trabalho ao desempenho da seleção na Rússia.
Tite não é perfeito não. Tem seus defeitos. O discurso do “bom mocismo”, positivista, evitando exposições e saindo pela tangente das perguntas mais delicadas, já cansou. Valeu ao técnico o título de encantador de serpentes, by Diego Lugano, em entrevista à ESPN Brasil, em 2016.
Apesar disso, o trabalho dele como técnico está longe de ser um fiasco ou merecedor de esquecimento. Quando assumiu a seleção estava um caos. Recém eliminada pelo Peru da Copa América Centenário, ainda na fase de grupos, e em sexto lugar nas Eliminatórias para o Mundial da Rússia.
Foi o trabalho de Tite e da sua comissão que resgatou o futebol brasileiro sim. “Ah, mas os jogadores não queriam mais o Dunga”. Já ouvi muito isso nestes dois anos sem o antigo treinador. Ué, mas no caso da seleção querer ou não querer é prerrogativa do técnico. Se existe um desafeto, alguém que atrapalha o desenvolvimento do trabalho, basta não convocar.
O ganhar e perder faz muito parte do jogo. Quase nunca entendemos isso como normal porque brasileiro se habituou a ser considerado o melhor no futebol. Então, não aceitamos outro resultado que não seja a vitória e a conquista. E é difícil mesmo aceitar a realidade quando ela é dura, mas os tempos de hegemonia ficaram distantes.
Até por isso, mais do que nunca, é preciso entender a necessidade de um trabalho que pode manter a seleção competitiva. Lutando para chegar aos primeiros lugares ou perdendo com honestidade, como foi na Rússia. O Brasil tentou inverter a situação, mas não conseguiu.
Procure aí os melhores momentos de Brasil x Peru pela Copa América de 2016. Vai ver que o Peru venceu com um gol irregular, mas que a seleção foi incapaz de produzir o suficiente para sair honrosamente de campo. Aliás, naquela competição, a seleção de Dunga fez gols apenas na “forte” seleção do Haiti (vitória por 7 a 1).
Dificilmente um treinador inicia um ciclo de Copa do Mundo e o encerra na disputa do torneio. Sempre há uma tentativa de ajustar a rota no caminho. O trabalho visando 2022 passa por uma renovação no grupo brasileiro. Peças serão testadas e veteranos serão renegados. Aí vão criticar o técnico “por que não convocou fulano para Copa e deixou para chamar agora? Por que levou beltrano e não o chamou agora que não vale nada?”
É o nosso jeito de ver e torcer pela seleção.
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