Me preocupou a eliminação do São Paulo na fase pré pré-grupos da Libertadores. Sim, porque, se avançasse, alcançaria a fase preliminar número três, a última antes da de grupos.
Mas não foi a eliminação em si, afinal, o time já retornou 80% eliminado da Argentina, semana passada, após a derrota por dois a zero para o Talleres (time nota 6), que chamou a atenção. O que surpreendeu foi a falta de futebol, de alternativas e individualidades do São Paulo.
Não faltou espírito de luta, dedicação, nada disso. Apesar de que, alguns atletas, confundiram pegada com truculência e exagero. E não é assim que funciona. O que torna a eliminação ainda mais deprimente: os atletas se dedicaram e nada conseguiram produzir.
O sinal no Morumbi já não é mais o amarelo. O que existe, neste momento, é um time distante de suas tradições e da sua história. Sério, o momento precisa ser de muita reflexão interna no clube.
Leco, por exemplo, verbaliza, tem discurso, mas se mostra um PÉSSIMO administrador. Não encontra soluções para os problemas que o time atravessa. Não notou o óbvio em 2018 e se iludiu com uma liderança de Brasileiro que era fantasiosa.
É tipo “tapar o sol com a peneira” ou “fazer vistas grossas” ou “o maior cego é aquele que não quer ver”. O mundo sabia que, com o elenco limitado, o São Paulo não seguraria a ponta do campeonato com o crescimento e regularidade de rivais mais qualificados.
Colocou na conta de Aguirre, que na realidade, era o grande responsável por conduzir um grupo mediano a uma posição de destaque. Errou ao tirar Aguirre e errou mais ainda ao efetivar André Jardine como técnico principal. Sem questionar a competência de um ou de outro. Analisando apenas o momento.
A pressão que sucederia o clube na sequência estava evidente, clara e foi antecipada por nós aqui nas nossas Lives do Terceiro Tempo reiteradas vezes. Será que um gestor, aquele que deve ter a visão ampla de todas as situações do grupo, empresa, entidade que administra, não conseguiu enxergar os sinais?
Ironicamente, hoje o São Paulo faz jus a apenas uma parte de seu hino. Aquela que diz que “as tuas glórias vêm do passado”. O futuro, do jeito que está, é sombrio.
Para finalizar, sabe o que o São Paulo tem de melhor atualmente? Recordações. Nada mais.
O domingo era para ser de festa em Guaxupé e região. Por dois motivos: o Jogo das Estrelas, que reuniria no campo da Esportiva, grandes craques do passado, e a concretização do sonho de levar a molecada da AEG para a disputa de um torneio no Peru a partir do próximo dia 16.
O jogo com ex-atletas teria a renda revertida para o pagamento das passagens aéreas do grupo que viajaria ao Peru.
Entretanto, a ação de um suposto representante da Conmebol colocou tudo a perder. “Ele apareceu aqui no meio do processo. Disse que assumiria as despesas do jogo e que a viagem dos garotos seria bancada com milhas da própria Conmebol”, afirmou Geovanne dos Santos, técnico do time infantil e organizador do evento na cidade.
O profissional se apresentou com o nome de Jorge Reis. Além de se dizer ligado à Conmebol, o empresário assumiu a promoção do evento. A partir disso todas as ações promovidas por Geovanne e alguns pais de atletas foram suspensas.
“Nós ficamos tranquilos no momento em que ele se apresentou e com tudo que ele falou sobre a própria Conmebol”, lembra Geovanni, que investiu cerca de R$ 3.500,00 na divulgação do jogo. “Tudo que ele me pedia para divulgação eu fazia. Tenho todas as notas fiscais”.
Mas, na semana do jogo, que seria realizado no último domingo, a comunicação com Jorge Reis ficou difícil. Na sexta, dia 08 de fevereiro, ele prometeu, mas não realizou o depósito de R$ 8.000,00 referentes a 50% do valor da partida. O dinheiro seria dividido entre os ex-atletas que participariam da festa.
“O último contato com ele foi na sexta de manhã. Depois ele não depositou e sumiu. Não responde mais as mensagens e o telefone está na caixa postal”, justifica Geovanne, que teve que cancelar o evento às pressas.
No domingo, Guaxupé amanheceu sem o Jogo das Estrelas. Nomes como Ademir da Guia, Claudecir, Gustavo Nery, Ezequiel, Nilson, Índio e outros ex-jogadores eram esperados na cidade. Geovanne promete que ainda vai lutar para promover o evento. “Vamos arrumar uma nova data e mobilizar o empresariado local para nos ajudar”.
O Terceiro Tempo tentou contato com o empresário Jorge Reis durante toda a manhã desta segunda-feira (11), sem sucesso. O número cai direto na caixa postal.
Nas redes sociais Jorge Reis se apresenta como CEO e fundador da JRM Brazil Group e da Maxxi Super Sports, empresa especializada em marketing esportivo e que faria o trabalho de divulgação e captação de recursos para o jogo em Guaxupé.
Os clubes atacam o mercado de acordo com a capacidade de investimento. Tem muita gente admirada com o forte avanço do Flamengo, que não tem poupado na busca por grandes nomes para o time de Abel Braga.
Me ocorreu pensar no nível de investimento que outros clubes fizeram até o momento. E lembrar, sempre, que cada um vive uma realidade, cada um tem um foco e um direcionamento para entregar aos treinadores o melhor possível, dentro de tais condições.
Flamengo – Impulsionado pelas recentes negociações de Vinícius Jr com o Real Madrid e Lucas Paquetá ao Milan, o clube tem forte respaldo financeiro para buscar os chamados medalhões.
Vinícius Jr foi negociado com o futebol espanhol em 2017. No câmbio da época a transação rendeu ao clube nada menos que 164 milhões de reais (45 mi de euros – câmbio da época).
Já Lucas Paquetá acaba de iniciar trabalhos no Milan. A negociação com os italianos faz entrar nos cofres do clube pouco mais de 100 milhões de reais. O Flamengo tinha direito a 70% do valor de 150 milhões totalizados com a venda. Ou seja, capacidade de investimento não falta.
No mercado, o rubro-negro trouxe Rodrigo Caio para a zaga, adquirindo 45% dos direitos do atleta junto ao São Paulo por 22 milhões de reais. Além, claro, de Arrascaeta, a negociação mais cara do futebol nacional, por (impressionantes) 63,7 milhões. Gabriel chegou sem custos, pois vem emprestado pela Inter de Milão. Em todos os casos o clube arcará com despesas de luvas e salários.
E ainda vem mais. Na Gávea há disposição de desembolsar, ao menos, 22 milhões de reais para trazer o atacante Bruno Henrique, do Santos. Apesar de ainda jovens, Rodrigo Caio (25) e Arrascaeta (24) são jogadores consolidados e com experiência suficiente para encorpar a equipe na luta por títulos.
O investimento do time carioca é forte. Justifica a pressão por conquistas, que aumentou nas últimas temporadas. Desde 2013, quando ficou com a taça da Copa do Brasil, o clube tem batido na trave nas principais competições e passou a conviver com o incômodo apelido de “cheirinho”.
Palmeiras – A situação é inversa à do rival do Rio de Janeiro. Tem capacidade de investimento graças aos contratos de patrocínio, o crescimento do programa sócio torcedor e a austeridade administrativa adotada desde 2014.
Neste período conquistou três campeonatos nacionais (uma Copa do Brasil – 2015 e dois Brasileiros – 2016 e 2018) e manteve a base para a temporada.
Continua investindo, mas com perfil diferente do Flamengo. Ao invés de experientes, a diretoria alviverde buscou jovens e promissores atletas. De olho no futuro dentro e fora de campo. Foram 60,7 milhões de reais aportados nas vindas de quatro jogadores. O valor é menor do que o Flamengo vai pagar por Arrascaeta, por exemplo. Felipe Pires chegou por empréstimo e, por esse motivo, não foi incluído no cálculo.
Zé Rafael tem 25 anos e é o mais velho da turma. Para ficar com 70 % dos direitos do meio-campista, o clube pagou 14,5 milhões ao Bahia. Arthur Cabral tem apenas 20 anos e custou 5,5 milhões de reais por 50% do atacante, contratado junto ao Ceará.
Matheus Fernandes é opção para o meio-campo. O Verdão adquiriu 75% dos direitos em negociação com o Botafogo. Aos 20 anos de idade, Matheus custou 15,5 milhões ao clube.
Carlos Eduardo tem 22 anos e é a principal aposta da comissão técnica e da diretoria. Pedido do técnico Luis Felipe Scolari, o Palmeiras aceitou pagar 25,2 milhões de reais ao Pyramids, do Egito.
São Paulo – A diretoria do São Paulo tentou ser assertiva na movimentação no mercado. Sem espaço para erros, investiu um pouco mais nas chegadas de Pablo e Hernanes. A intenção é ter um time fortalecido para 2019. Uma equipe que não oscile, como ocorreu com o elenco que chegou a liderar o Brasileirão de 2018, mas que não teve fôlego para se segurar na tabela.
O meio-campista estava na China e voltou ao Morumbi com investimento de 13,2 milhões. Conhecedor do clube como poucos, Hernanes chegou adotando um discurso alinhado com a diretoria: quer títulos. A Sul-americana de 2012 foi o último.
Pablo, destaque do Athletico-PR em 2018, é a aposta ousada da diretoria. O Tricolor superou até o endinheirado Flamengo para ter o jogador, que chega com investimento de 26,6 milhões de reais. Era um jogador que todo o mercado estava de olho e o São Paulo foi ágil na negociação. Contou também o desejo do atleta de atuar pelo clube.
Mais modesto, Léo, o lateral-esquerdo, foi adquirido junto ao Fluminense por 3 milhões de reais. Tiago Volpi e Igor Vinícius vieram por empréstimo, enquanto o atacante Biro-Biro e o volante Willian Farias se desvincularam de Shanghai Shenxin e Vitória, respectivamente, para acertar com o clube. Na soma foram 42,8 milhões investidos em contratações.
Corinthians – São sete contratações. Feitas dentro da realidade financeira do clube, mas que podem dar ao técnico Fábio Carille um time base mais forte do que o que terminou a temporada passada.
A diretoria alvinegra foi a que usou mais a criatividade para encontrar soluções para suas carências. Tanto que, para trazer sete jogadores, o Timão gastou menos do que o rival Palmeiras investiu em Carlos Eduardo.
Se o atacante rival custou 25 milhões, o Corinthians vai desembolsar, até agora, “apenas” 21 milhões de reais por seus novos atletas.
Explica-se: o perfil adotado para 2019 inclui jogadores em fim de contrato ou sem vínculo com outros clubes. Casos de Michel Macedo e Gustavo Mosquito, que chegaram no segundo semestre do ano passado depois de ficarem disponíveis no mercado.
Ramiro foi liberado pelo Grêmio por causa de uma dívida que os gaúchos tinham com o empresário do jogador; e Boselli se desvinculou amigavelmente do Léon para vestir a camisa do Timão.
Por Sornoza foram investidos 11 milhões de reais. Três a mais do que o que foi pago ao mesmo Fluminense pelo volante Richard. Enquanto o jovem atacante André Luis custou dois milhões.
Nem bem sentaram na cadeira da cartola, Vilson e Emerson Sheik divergiram do presidente Andrés Sanches para explicar as funções que cumprirão na diretoria alvinegra.
Segundo Sheik, os dois “vão dividir as funções que eram de Alessandro”. O ex-zagueiro apenas complementou: “é isso que o Sheik falou e fazer um elo entre diretoria, jogador e comissão (técnica)”.
Discurso diferente do utilizado pelo presidente Andrés Sanches na apresentação do técnico Fábio Carille, quando os ex-atletas foram anunciados como dirigentes.
“O Vilson no lugar do Alessandro. O Sheik não é para trabalhar com o Vilson. É uma função diferente que nós estamos criando”.
Para não restar dúvida, confira o que cada um falou a respeito da situação:
Conselho Deliberativo do Palmeiras anuncia sindicância interna para apurar como a polêmica proposta, descartada por apresentação de falsas garantias bancárias, segundo o presidente Galiote, abalou as alamedas do Palestra Itália.
O candidato derrotado na última eleição presidencial, Genaro Marino e o ex-presidente Paulo Nobre, serão os alvos da apuração. Foi por intermediação de ambos que a empresa chegou ao clube.
Do outro lado, o insistente Rubnei Quícoli divulga carta ameaçando processar o clube que até o dia anterior desejava patrocinar.
Parece até que não conhecem aquele ditado “quando um não quer, dois não brigam”. Se a empresa e seu empresário se sentiram menosprezadas pelo Palmeiras e são, assim, tão idôneos, que levem seu patrocínio para outro clube.
O futebol brasileiro precisa tanto de investimento. Ao invés de ficar se defendendo e se expondo, Rubnei Quícoli deveria bater na porta do Corinthians e colocar o $$ lá no Timão. Para que ficar insistindo com um parceiro que não quer a parceria?
Desse jeito fica parecendo que o único interesse é tumultuar o ambiente no Palmeiras. E com argumentações que não se sustentam. Quem é que vai querer um parceiro que, ao mesmo tempo, diz aceitar dividir o espaço publicitário com a patrocinadora atual, mas questiona as origens da empresa?
E mais, se Crefisa ou FAM tem algum problema jurídico, o que o Palmeiras tem a ver com isso?
E que moral tem um cidadão envolvido em tantos escândalos e processos para exigir que conselheiros do clube apresentem Certidão Negativa de Débito e Certidão Criminal? Esse não tem “semancol”.
E o Palmeiras? Já debateu o assunto internamente, não sentiu firmeza. Não quer arriscar. Não considera que recebeu as garantias necessárias. Beleza. Segue o jogo. Dispensou, passou.
Como Genaro ou Paulo Nobre saberiam que a empresa não ofereceria garantias? Será que deveriam ter ignorado? OK, que deem as devidas explicações, mas que a situação não se transforme em mais uma disputa política dentro do clube.
Afinal, foram essas disputas que sempre atrapalharam a vida do Palmeiras, historicamente. Ela ainda existe e sempre existirá. Mas parece que tem sempre alguém querendo jogar gasolina.
Tudo que o Palmeiras não precisa nesse momento é uma crise política explosiva.
Cada um que siga sua vida, o Palmeiras com suas disputas internas e a Blackstar com seu representante falastrão.
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