Bernardo Gentile
Do UOL, no Rio de Janeiro
Em julho de 2007, Ricardo Rotenberg foi enviado à Argentina para negociar e trazer reforços do mercado sul-americano a pedido do então presidente Bebeto de Freitas. Com uma lista em mãos, o dirigente foi nos principais alvos, sendo que o preferido era um atacante magrelo do Rosário Central. O nome dele? Ángel di Maria.
O time argentino pediu 1 milhão de euros e botafoguenses ilustres chegaram a juntar 1,2 milhão de euros. Tudo parecia certo até o Benfica-POR entrar na briga pagando 2 milhões de euros. A diferença financeira entre os clubes é decisiva para explicar por que Di Maria chegou perto, mas nunca jogou pelo Botafogo.
"O Di Maria era o número um da nossa lista. A gente arranjou um parceiro, mas aí com a proposta do Benfica não teve como competir. Ninguém aqui acreditava tanto no cara [Di Maria], que era um jovem talentoso, mas tinha mostrado pouco ainda no futebol. Não tínhamos o dinheiro e desistimos por causa disso. Foi vendido por essa bagatela com 19 anos", disse Rotenberg ao UOL Esporte.
Sem dinheiro para igualar a proposta do Benfica, o Alvinegro partiu para outras opções. Negociou com nomes de potencial elogiado à época, mas acabou fechando com Luís Miguel "El Toro" Escalada, que causou espanto ao desembarcar no Rio de Janeiro muito acima do peso.
"Tentamos também outros jogadores. Os caras que cheguei mais longe nessas negociações foram Palermo [que estava no Boca Juniors] e Marcelo Gallardo [formado no River Plate e que defendia o PSG na oportunidade]. Sentamos com o empresário deles e tal, mas não andou. Teve também conversa boa com o Verón, mas ele não aceitou a proposta porque havia acabado de voltar para o Estudiantes com o objetivo de ser presidente no futuro", explicou o dirigente do Botafogo em 2007.
"O problema é que depois fomos baixando as opções e acabamos fechando com o Escalada, que todo mundo já sabe o que aconteceu. Falo até com o presidente [Carlos Eduardo Pereira] sobre contratar no mercado estrangeiro. Precisa ter um certo critério: jogador de primeira divisão, que tenha jogado em time grande, pois o risco é muito alto. Na segunda divisão o cara faz muitos gols, mas depois não rende aqui", completou Rotenberg.
O rechonchudo argentino esteve longe de ser uma das prioridades do Botafogo à época, mas mesmo assim foi contratado. Pesava a seu favor o fato de ter ido muito bem no início de carreira no Boca Juniors. O Alvinegro, porém, não contava com um fato extracampo.
"Ele [Escalada] era muito fraco de cabeça. Tinha problemas psicológicos. Veio com a mãe, tinha tendência a depressão e aí comia para caramba. Faltava estrutura. Mas era considerado um monstro na base do Boca Juniors. Coisas da vida", finalizou Ricardo Rotenberg.
Arte: UOL
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