Assim como ocorreu no Dérbi do último domingo, o Ministério Público cogitou a aberração da torcida única para o San-São de hoje.
Felizmente, isso não ocorrerá. Não que o 5% destinado à torcida rival, o percentual "quase-torcida única", seja o ideal. Só é menos absurdo e antidemocrático do que a torcida única, que, nada mais é, do que decretar, oficialmente, a falência do Estado e do futebol.
O problema, óbvio, não será resolvido com torcida única. Até porque a imensa maioria das mortes ocorrem fora dos estádios. A questão a ser atacada é a da impunidade!
Meu amigo Luis Simon, o Menon, em seu blog no "UOL", postou um texto contrário a aberração da torcida única. Aqui está o texto, que reproduzo, na íntegra, mais abaixo.
O que eu defendo? Nem 0%, nem 5%. Meio a meio!
Se o 50%, o meio a meio, como sempre foi, não dá mais por questões comerciais, como, certamente, alegarão os cartolas citando camarotes, sócios-torcedores e etc _embora a taxa de ocupação dos estádios seja ridícula (inclusive nos clássicos)_, então , antecipemos a negativa pronta de quem está acomodado com essa situação de violência galopante e esvaziamento dos estádios.
Não dá 50%? Ok, a minha solução é simples: sem divisão! Nenhuma!
Isso mesmo, sem divisão. Compra-se o ingresso pela internet (não daquela forma patética, antiga, com filas, que privilegia os cambistas, como, por exemplo, a FPF fez na final da Copinha) clicando no local escolhido, cadeira, fileira e setor.
Os ingressos, de todos os jogos no caso do Brasileiro (para alguma coisa deve servir o insuportável pontozzz corridozzz), da fase de classificação no caso de copas eliminatórias, são colocados à venda no início do respectivo campeonato.
O torcedor compra o ingresso que quiser, no setor que quiser, para o jogo que quiser.
E, se do seu lado sentar o torcedor de outro time (como já acontece no seu serviço, na sua escola ou até na sua casa), ele que conviva normalmente com isso. Até porque é normal que uma pessoa torça para um time e outra para outra!
Ah, quem não sabe conviver com torcedor adversário? Cadeia! Vale para estádio, para trem, para metrô, para escola, para trabalho, para o raio que o parta.
Agora, o mais ridículo, são os poderes constituídos... E as bobagens que repetem, que só não maiores do que a incompetência!
O Ministério Público reclama que os times direcionam a cota de visitante em clássicos aos organizados. Ué, quem vai como 5% para ser escoltado, ficar uma hora preso depois do jogo e voltar escoltado no pós-jogo, correndo risco? A mãe com o filho? Se o Estado é contra, por que exige que os clubes tenham em seu estádios um lugar específico para a torcida organizada?
Se você for corinthiamo e quiser ir no Allianz ou no Morumbi, nesses tempos de torcida quase-única, você pode vestir a sua camisa e sair de casa direto para o estádio? Ou tem de ir a Gaviões da Fiel ser escoltado pela PM? O mesmo vale para Independente, Jovem, Mancha Verde para jogos em Itaquera, na Vila, no Allianz Parque...
Enquanto se repete que o problema não tem solução, continua se ouvindo os incompetentes que só dão entrevistas porque não resolvem o problema.
PS: Parabéns ao Inter pela iniciativa de setor misto no próximo Gre-Nal. É pouco, mas é muito mais do que insistir com tese cretinas como a torcida única. Não é tratando o povo como animal que se acabará com os animais. Pelo contrário, só aumenta o número de animais.
Eu não sou um cara de bravatas, não sou daqueles jornalistas que amplificam sua indignação, que gritam e falam e falam e gritam. Não sou assim, sempre aceito mudar de opinião e mais ainda, gosto de moldar minha opinião a partir de conversas e troca de conhecimento. Lógico que há assuntos em que tenho opinião pétrea. Não mudo mesmo. Digo sem medo de errar que se alguma ente querido for assassinado eu continuarei sendo contra a pena de morte. Questão de princípios. Quando lamentei a morte do brasileiro na Indonésia, chegaram a dizer que eu era a favor do tráfico. Nada disso. Traficante precisa ser coibido, precisa ser punido duramente. Mas, volto a dizer, continuo contra a pena de morte.
É assim que eu me sinto dando minha opinião contra a ideia da torcida única. Sou contra por princípio. É contra a cidadania. É contra o futebol como espetáculo de massa. É contra o direito de ir e vir. Se tem um jogo que custa XX e eu tenho XXX para gastar, como podem me impedir de ir ao jogo? Para mim, optar pela torcida única é um modo de promotores que adoram dar entrevista, que falam imediatamente após alguém abrir uma geladeira de terceirizarem responsabilidades. Não consigo resolver? Então, acaba o assunto. É como costurar a boca de famintos. É como culpar o povo pela falta dágua. Nunca é culpa do poder público. Nunca.
Defendo o jogo com duas torcidas com a mesma tristeza que renego a pena de morte caso o morto seja um parente ou um amigo. Só os princípios me fazem defender o jogo com duas torcidas. Por que? Porque eu não posso ir. Morro de medo de ser atacado em um metrô, de apanhar na rua, de levar um tiro. Sim, porque o jogo com duas torcidas que eu defendo pressupõe que uma delas seja formada por assassinos potenciais. Ou não.
Entre eles, pode estar os que estiveram em Oruro. Podem estar aqueles de 1995 no Pacaembu. Podem estar os que marcam desafio na Anchieta. Podem estar os anormais que cantam aquelas idiotices em enterro de amigos. Nada de choro, nada de tristeza, nenhuma Ave Maria… O que temos é gambá, bambi, porco, peixe, vou pegar, vai morrer, vamu são Paulo, sou gavião etc etc. Idiotices cantadas por idiotas.
Como impedir que eles tomem conta dos estádios? Que aqueles 5% da torcida rival sejam destinados aos que querem matar?
A primeira ideia é inviável. Acreditar que os clubes passem esses ingressos para sócios torcedores e não para bandidos organizados. Isso é impossível por dois motivos:
1) a Polícia não conseguiria garantir a vida dos “normais'' 2) os dirigentes não aceitam enfrentar os delinquentes.
2) A segunda ideia veio de conversas com Vitor Guedes e Chico Silva, dois grandes amigos. Os estádios precisam voltar a ser divididos. Metade para cada torcida. Então, haveria 30 mil corintianos no Morumbi. Vinte mil cidadãos e 10 mil assassinos em potencial. No Itaquerão, teríamos 20 mil são-paulinos. Quinze mil cidadãos e cinco mil assassinos em potencial. O mesmo vale para as torcidas de Palmeiras e Santos. A força dos marginais ficaria diluída.
Sempre foi assim.
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Timão: início dos sonhos abafa apostas de risco!
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Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na web!
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