Sou jornalista diplomado, sou pós-graduado em Português, Língua e Literatura, sou corinthiano. E como (segundo reza a doutrina que acredito) podemos estacionar, mas jamais regredimos, deixei de ser corinthiano até a morte para ser, graças a Deus, corinthiano até a eternidade (Corinthians, registre-se, time de coração de Chico Xavier, como o próprio revelou no histórico programa Pinga Fogo).
Estou colunista esportivo do jornal Agora São Paulo. Estou blogueiro do Terceiro Tempo. Estou professor universitário nos cursos de comunicação da FAPSP (Faculdade do Povo). Estou satisfeito com o desempenho do meu time, como já estive, muitas e muitas vezes, insatisfeito.
Estou indignado com a corrupção em todas as esferas governamentais. Em todas. Inclusive na federal. E desacredito dos três poderes. Às vezes, muitas vezes, até do “quarto poder”. E tendo a achar o Judiciário tão viciado quanto o Executivo. E ambos, Executivo e Judiciário, muito acima do Legislativo.
Sou de esquerda. Estou à esquerda, como sempre estive, do governo. Já fui e estive petista no tempo em que FHC mandava esquecer o que escreveu e governava com PP, PMDB, Arena (tenha o nome que quiser: PDS, PFL, PP, DEM...). Tenho certeza que os revoltados on-line de hoje, com ou sem causa, lembram que Renan Calheiros, por exemplo, foi ministro e que Marco Maciel era vice-presidente nos oito anos do tucanato, né?
Sou coerente, mas estou em dúvida. Tenho dúvida se deixei de ser petista logo no início do primeiro mandato do governo Lula ou se foi o PT que deixou petista, mas isso, estou certo, pouco importa.
Sou torcedor do meu país, do meu estado. Assim como estou absolutamente insatisfeito com o governador Alckmin e o partido que há décadas administra a Sabesp e o Metrô, por exemplo, estou absolutamente insatisfeito com a presidente (desculpe, Dilma, embora saiba que “presidenta” existe na língua portuguesa, por questão de hábito _espero não ser considerado machista por isso_ prefiro a forma consagrada) Dilma. Estou ainda mais insatisfeito com o segundo mandato e o final de primeiro mandato, o pós-eleição, do que com o primeiro mandato, que também foi, para o meu gosto, muito mais à esquerda, ruim.
Sou coerente. Mantenho o que penso e meu lado ideológico independentemente de quem seja governo ou oposição. A Dilma, como mostrou seu saco de maldades, não. A presidente, que adotou um discurso mais à esquerda no segundo turno e, por isso, contou com o apoio do eleitorado mais à esquerda, não. Além de mexer em direitos trabalhistas, como o seguro-desemprego, nomeou para o seu ministério nomes como a ruralista Kátia Abreu e o ambidestro-centrista Gilberto Kassab, aquele que foi vice-prefeito de José Serra antes de ser eleito prefeito de São Paulo...
A forma como a eleição ocorre no Brasil (parêntese: tirei o título com 16 anos porque quis e votaria sempre, em todos os pleitos, ainda que o voto fosse facultativo, mas é uma vergonha o voto ser obrigatório, aberração que transforma um direito em dever), em dois turnos, faz com que, no segundo turno, escolhamos entre o menos pior ou anulemos. Isso não significa que o fato de você votar na adversária do candidato do partido do mensalão mineiro seja um indício que você absolva o partido do mensalão nacional. Detesto polêmica e fazer analogia machista, mas, em nome do didatismo, farei um esforço: imagine se um amigo tem dois exemplares de uma revista sensual: em uma, a capa é a Zezé Macedo, na outra, a estrela é Donatella Versace. E te obriga a escolher uma! É amigo, mesmo para quem foi 45 na origem, não é meu caso, ou 13 raiz, a coisa estava feia demais. Eita peito, ops, pleito caído!
Sou claro: nunca estive em cima do muro nem jamais votei, nem em segundo turno, no partido que tem essa (justa?) fama. Nem votarei. Mas digo que o voto dado, a contragosto, no último segundo turno, hoje seria 69, afinal ambos estão querendo gozar com a nossa cara.
Voltando a 2015. Em relação às manifestações, na sexta-feira, paguei o meu PF no bairro (nenhum amigo pagou 35 reais para eu almoçar) e não fui à Paulista porque jamais sairei às ruas para defender o governo que indicou para a Fazenda um ministro que pensa exatamente ao contrário do que a então candidata Dilma disse que pensa na campanha. Jamais iria às ruas defender um governo que, entre os seus quadros, tem a rainha da motosserra Kátia Abreu. Jamais iria ou irei às ruas defender um governo que tem Kassab, que, entre outras coisas, acabou com metade da graça de ir aos estádios de São Paulo ao acabar com o pernil das portas do estádio. Até no molho de repolho das barracas de feira da cidade essa mala sem alça, que criou um partido que “não é direita, não é esquerda, não é centro” se meteu!
O que isso está fazendo em um blog de futebol (“esporte é futebol, o resto é educação física”)? Estou jornalista, sou brasileiro. E tenho o direito de não ir à Paulista na sexta, nem no domingo. E deixar claro a minha posição contrária tanto ao golpismo dos Bolsonaros da vida quanto contrário ao governo. Mudar por mudar? Não contem comigo para o quanto pior melhor.
Desejo mudanças, sim. Com honestidade (que não é um valor ideológico, mas obrigação da direita à esquerda), que é o mínimo. Agora, as mudanças que defendo de torço não virão com João Levy. Nem viriam com Armínio Fraga. Os escândalos da Petrobras e o mensalão não devem ser minimizados nem ignorados. Agora, trocar essa turma pela turma da Sabesp, do Trensalão? Viriam de helicóptero do aeroporto do tio do outro candidato? Se, no campo ético, o empate é tétrico, no campo ideológico, e prático, o empate deveria envergonhar ambos. Seja PT, como é, seja PSDB, como foi, quem sempre foi governo é o PMDB de Renan e Sarney, o PP, o PR... E, seja quem for o presidente em 2018, eles continuarão governistas. Ou alguém duvida?
Aqui não tem ‘merititiocracia‘ nem impeachment. Em relação à volta da ditadura militar, nem vou comentar. Juqueri neles! Agora, ir à rua defender esse governo da Dilma em nome da Petrobras é muito para a minha cabeça. Que me desculpem amigos petistas, e tenho muitos, central sindical organizar ato em defesa de governo que acabou de tungar direitos trabalhistas é o armagedon!
Fla-Flu uma pinoia! Segundo o genial Nelson Rodrigues, o reaça que eu adoraria odiar, mas sou fã-declarado, o “Fla-Flu começou 40 minutos antes do nada”. Esse Fla-Flu atual não leva a nada! Nem representa nada. Nem ninguém. A não ser eles mesmos.
Nem coxinha indignado seletivo, nem pelego que defende governo que detona o seguro-desemprego e vai às ruas para defender um governo que está desprotegendo quem foi para a rua.
Um brinde ao surrealismo. Sem água, lembremos.
Neste sábado, em Caneladas do Vitão, foi publicado, originalmente, a crônica "Pra Frente, Brasil?"
Pra frente, Brasil?
Após a bonança, o medo venceu a esperança. Mundo global, realidade surreal. Manter o subemprego é vitória sobre o desemprego.
O país do futuro sonha em voltar ao passado. Muitos sonham com os saudosos bons tempos econômicos, outros com os terríveis anos de chumbo. Censura, incômodo. Panela de pressão vira bumbo.
Janela indiscreta. Que atira a esmo. Subjetivo inconsciente, consciente coletivo. Mais do mesmo. Indignação concreta. Correta. Da parcela honesta. Com medo da parcela. Vale para a varanda gourmet, vale para a favela.
Em 15 de março de 1990, era de Sebastião Lazaroni e Ricardo Teixeira, Fernando Collor confiscou a poupança. Na poupança dos outros, pimenta é refresco. Impeachment posterior festejado como conquista antes do tetra. Agora aguenta.
Um quarto de século depois, o ex-presidente é senador, sem confisco. Mandado conquistado. É tétrico. Não tem PC. No Senado, o colega é Lindbergh Farias. Artimanha, gol da Alemanha.
A pátria de chuteiras já desejou que política fosse tratada como é o futebol. Demorou, processo lento. Sem alento. O esporte não imitou a vida. Jeitinho brasileiro. A política é que imitou o futebol. Torcida distorcida por esporte. Adversário inofensivo é rival, perigoso é inimigo. O importante é ganhar. Ainda que o próprio “vencedor” perca no aspecto coletivo.
País partido. Ideologia, cantada por Cazuza, morreu. Sociedade confusa. Adeus, pureza da cara pintada. Brasil, Estado, está mostrando a sua cara, a limpo. Atraso em nome de Deus. Rosto, desgosto. Putrefato estado. Militância paga, vendida, agindo como bando organizado. Só falta dividir a rua e o metrô para não misturar as “torcidas”. Falta?
A cobertura média da mídia também é (quase) futebolística. Só faltam o “ganhamos”, “perdemos”. Serviço de como torcer, digo, protestar ou se defender são feitos sem cerimônia. Quem sabe sabe... “Será que estamos sendo justos com ele?” A edição dos melhores (ou seriam “piores”?) momentos viram verdades, tira-teimas.
Clima bélico de torcida. Torce, retorce, distorce. Penalidade máxima! É o fundo do poço, furo n’água. Pode isso, Arnaldo?
Pra frente, Brasil! Salve a seleção do ex-governador biônico Marin. Fim.
Da série recordar é viver, só um lembrete à rapaziada que pede a volta da ditadura militar... Alías, só pedem porque estamos em uma democracia, ou seriam impedidas na base da porrada! Desejo, sinceramente, um país sem corrupção, em que o povo (no conceito mais amplo, sem qualquer preconceito contra qualquer classe social) discuta política, em que as diferenças sejam respeitadas... Mas que caminha verdadeiramente pra frente... E que as aberrações, distorções e violências vividas nos Anos de Chumbo só sejam vividas novamente ao se discutir as páginas mais tristes da nossa história!
Palpites do Paulistão
Sábado
Corinthians 1 x 0 Red Bull
Marília 0 x 2 Santos
Linense 2 x 1 Bragantino
Portuguesa 2 x 1 Capivariano
Domingo
Ponte Preta 1 x 1 São Paulo
Palmeiras 2 x 0 XV de Piracicaba
Ituano 2 x 1 Audax
São Bernardo 1 x 0 Rio Claro
Botafogo 2 x 0 Penapolense
São Bento 0 x 1 Mogi Mirim
Vovô-Moleque: Adiel é a experiência no meio-campo do Juventus
O Juventus, que retomou a liderança da Série A-3 com a vitória por 2 a 0 sobre o Votuporanguense, visita o Rio Preto, que briga contra a degola, na condição de favorito. A bola rola às 15h, no estádio Anísio Haddad.
Derrota para o Atibaia no último final de semana à parte, o time do técnico Rodrigo Santana tem mostrado padrão de jogo e força também longe da Javari.
Sem poder contar com o artilheiro Nathan, Ferro e Ourinho, suspensos, o técnico Rodrigo Santana mandará a campo André, Charles, Léo, Victor Sallinas, Rodolfo Testoni, Fellipe Nunes, Derli, Daniel Costa, Adiel; Branco e Abraão.
“Sabemos que enfrentaremos um bom time, a posição da equipe adversária (16° lugar) não condiz com o elenco e com o treinador, precisamos estar atentos e lutar pela liderança. Quanto às mudanças não devemos ter problemas, nosso elenco é qualificado e temos a confiança de que os jogadores que estão entrando darão conta do recado”, comentou Rodrigo Santana.
E você, leitor do Blog do Vitão, já se acostumou: aqui tem Liga dos Campeões ("Champions League" é fronhice de colonizado fanático que chama coroa enxuta de "milf" e papai-mamãe de daddy-mommy), Libertadores, mas o Juventus, esteja na divisão que estiver _e vamos subir, Moleque_ é e sempre será notícia!