Foto: Reprodução/Twitter

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Não é difícil entender porque o futebol é o esporte mais popular do planeta. Trata-se de uma modalidade que tem regras simples de compreender e que qualquer um pode jogar. Não é preciso nem uma bola para isso. Quem nunca improvisou uma lata ou uma meia?

Mais do que isso, é um esporte imprevisível, aonde o pequeno pode derrubar o grande, que permite ao pobre derrotar o rico. Essa é a graça do futebol, por isso é tão apaixonante.

Ele é regido por um sistema de promoções e rebaixamentos, baseado em meritocracia, que une desde o poderoso Real Madrid ao Juventus da Mooca, que sequer disputa uma divisão do Campeonato Brasileiro.

Isso porque permite que um clube possa ascender nas divisões nacionais até ingressar em uma competição continental, aonde pode se sagrar campeão e ganhar uma vaga no Mundial de Clubes. O inverso também é verdadeiro. Qualquer um pode ficar fora dos torneios continentais ou, em uma situação pior, ser rebaixado. Ou seja, mesmo vivendo realidades bem diferentes, todos estão integrados.

É uma espécie de pacto regido por critérios técnicos. Mesmo que o dinheiro faça cada vez mais a diferença, ainda existe espaço para contos de fadas como o do Leicester, que foi campeão inglês e ganhou a oportunidade de disputar a Champions league.

Por isso a ideia de uma Superliga Europeia movida por critérios econômicos ofende o mundo do futebol. Ela foge de tudo o que este esporte representa. Por que Arsenal e Tottenham, que nunca ganharam uma Champions, merecem um lugar cativo? O que eles têm a oferecer além de um dono bilionário?

Porque o Manchester City, que nunca sentiu o gosto de ser campeão europeu, merece mais do que o tetracampeão Ajax ou os bicampeões Benfica e Porto?

Trata-se de um clube que reune ricos que querem ficar cada vez mais ricos, mesmo que isso signifique uma ruptura com o resto do mundo. Na visão deles, os outros times (e até mesmo seus torcedores fieis) são descartáveis, um mero empecilho para um futebol cada vez mais business e menos ligado às suas raízes.

Não por acaso, exceto Barcelona e Real Madrid, que seguem no modelo associativo, todos os clubes dessa nova liga possuem donos que não têm qualquer relação com o próprio clube ou a comunidade por eles representada.

Lucrar não é um problema. O futebol é um negócio global que movimenta bilhões de dólares. É normal que queira se tornar cada vez mais competitivo, mas é possível alcançar isso sem destruir o que foi construído até aqui e gerar uma desigualdade ainda maior.

Ainda é cedo para prever os próximos passos dessa possível ruptura, mas, pelas reações ao redor do mundo, ficou bem claro que o lucro não justifica tudo.

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