Em agosto do ano passado, após renovar seu contrato com o Corinthians por mais três anos, Chicão afirmou que gostaria de encerrar a carreira no clube, por sinal, pelo qual sempre torceu desde pequeno.
 
O jogador vivia uma boa fase e, entre outros feitos, podia alardear a quem o questionasse que era o segundo zagueiro que mais gols marcou na história do Timão, atrás apenas de Grané, lendário ídolo dos anos 20.
 
Pouco mais de um ano depois, os títulos importantes conquistados e o respeito de alguns companheiros e da torcida se dissolveram em meio a uma crise mal explicada.
 
Sacado do time por Tite às vésperas do clássico contra o São Paulo, disputado quarta-feira passada, não aceitou a reserva e dizendo-se fragilizado emocionalmente, pediu para deixar a concentração.
 
Despediu-se um a um dos companheiros, pegou um táxi e foi dormir em casa.
 
No dia seguinte, após o providencial empate contra o tricolor, o treinador disse ter entendido as argumentações de seu capitão, em uma nítida tentativa de esfriar a já efervescente frigideira corintiana.
 
Mas o estrago já estava feito.
 
Por mais que horas depois da deserção Chicão tenha treinado sozinho, as consequências de seu gesto mostraram que o grupo corintiano tem suas divisões.
 
Enquanto Ralf condenou com veemência a atitude do zagueiro, cobras criadas como Émerson e Alex se apressaram em defendê-lo diante dos ávidos microfones.
 
Prato cheio para voltar no tempo, mais especificamente ao dia 31 de agosto passado, quando Chicão marcou um dos gols corintianos na vitória sobre o Grêmio por 3 a 2 e fez questão de abraçar Jorge Henrique no banco de reservas, justamente o atacante que havia sido colocado na reserva por Tite.
 
O gesto, considerado por muitos como de insubordinação, nos fornece farto material para ajudar a entender a derrocada de um time que deslanchou na liderança mas perdeu força ao longo da campanha.
 
Alguns logo lembrarão que o Corinthians está em segundo lugar, apenas dois pontos atrás do Vasco.
 
Mas quem assistiu ao jogo contra o Bahia no Pacaembu, certamente ficou com a convicção de que a equipe não inspira a menor confiança.
 
Chicão, por sinal, novamente nem no banco ficou, desta vez por opção do comandante que, mais do que marcar território, quer mostrar que está com o grupo na mão.
 
O ex-capitão, pelo jeito, terá tempo de sobra para se recuperar de seus problemas emocionais.
 
E também para pensar que, ironicamente, bastou ele sair para que o time parasse de levar gols.
 
Depois de nove partidas seguidas sendo vazada, a defesa alvinegra comemora dois jogos sem ter que buscar a bola na própria rede.
 
Seria coincidência?

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