Mas, como dito, é verdade, a culpa não é apenas dele. Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

Mas, como dito, é verdade, a culpa não é apenas dele. Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

Muitos corintianos se dividiram em relação à demissão de Fabio Carille, depois do atropelo sofrido no Rio de Janeiro, na derrota por 4 a 1 para o Flamengo.

Apesar de, nas redes sociais, a hashtag #ForaCarille tenha aparecido com frequência acima da média, há quem não entenda que o comandante tenha 100% de culpa pelo péssimo momento atravessado pela equipe.

De fato, não tem.

Mas Carille, que não é peixe, morreu pela boca.

Começou a cair quando, após derrota para o Independiente Del Valle, na semifinal da Sul-Americana, criticou aberta, pública e nominalmente Pedrinho e Matheus Vital. Na avaliação dele, os garotos “sentiram a partida”.

Podem até ter sentido. Mas o técnico jamais, em hipótese alguma, poderia ter exposto os dois dessa maneira. Ainda mais em se tratando de dois garotos, ambos de 21 anos. Ainda mais tendo gente ali com as costas mais largas para segurar uma bucha dessas, como Cássio, Fagner, Gil, Ralf, Vagner Love...

A partir dali, Carille se perdeu de vez extracampo. Apontou carências no elenco, expôs negociações frustradas (que, segundo ele, poderiam ter resolvido alguns problemas), chamou para si a culpa pelo mau rendimento da equipe.

Era tarde. Já estava cumprindo meio que um “aviso prévio”.

Mas, como dito, é verdade, a culpa não é apenas dele.

Muita gente, mas muita mesmo, está rendendo abaixo do que pode. Para não perder tempo citando um por um, porque são muitos, que tal nomear quem está se salvando?

Cássio, apesar de uma vacilada aqui, outra ali; Gil, sempre seguro; Ralf, quem sabe; Pedrinho, apesar de jogar fora da posição que gostaria.

Há quem não tenha culpa, mantenha uma média de atuações. E há a lista dos que estão abaixo demais, demais.

A diretoria também carrega sua parcela de culpa. Andrés Sanches é quem mais tem dado a cara para bater nesse período ruim. Mas segue a linha de entrevistas polêmicas, falando o que pensa, sem se preocupar se está aumentando, ou não, a tensão de um clima que já é ruim.

Duílio Monteiro, diretor de futebol, é outro que está tentando explicar o inexplicável. Emerson Sheik, ídolo como jogador, não é gerente de futebol. E o ex-zagueiro Vilson... Alguém tem visto ele por aí?

O Corinthians tem se destacado no futebol brasileiro, justamente, por raramente interromper trabalhos de treinadores. Mano Menezes, Tite e o próprio Carille são exemplos de uma rara estabilidade no Brasil – que explica demais as conquistas recentes. Claro que houve aí Adilson Batista, Oswaldo de Oliveira, Cristóvão Borges, Jair Ventura... Mas foram rápidas exceções.

Agora, terá de começar um ciclo do zero.

O que mais se aproximaria de “manter uma ideologia” seria a chegada de Sylvinho. O ex-lateral-esquerdo foi auxiliar de Tite durante muito tempo, tanto no Corinthians quanto na Seleção Brasileira. A exemplo do que aconteceu com o próprio Carille.

Assim, certamente, carrega com ele algumas ideologias que podem ser vistas no dia a dia do Alvinegro há alguns anos.

A questão é que Sylvinho é uma aposta, uma incógnita, uma esfinge. Recentemente, teve a primeira chance comandando uma equipe, mas foi demitido do francês Lyon depois de apenas 11 partidas. Teve lá três vitórias, quatro empates e quatro derrotas, e não suportou a pressão.

Como seria no Timão?

Além dele, fala-se no nome de Tiago Nunes, que faz trabalho de destaque no Athlético Paranaense. Sem dúvida, um dos técnicos de qualidade, hoje, no futebol brasileiro.

Nunes já deu entrevista dizendo que vai cumprir o contrato com o Furacão até 8 de dezembro de 2019. Antes disso, não sai. Depois? Ninguém sabe.

Mas será que é, mesmo, um nome incrível para o Corinthians? O comandante tem um bom trabalho na carreira. E muita coisa acontece e está envolvida para isso. Como seria o segundo?

Não deixa de ser outro mistério.

Outra possibilidade levantada seria garimpar um nome na América do Sul. Dá? Dá. É simples? Nem um pouco. É arriscado? Demais. Não se acha um Jorge Sampaoli todo dia.

Aliás, e ele? Vai ficar no Santos? Ninguém sabe, ainda, também...

Fato é: com Carille, ao que parece, a coisa não andaria mais. Quando se perde o vestiário, como diz a gíria boleira, já era. Se os caras não correm nem dão o sangue por você dentro de campo, meu amigo, não tem jeito.

O Corinthians atravessa seu pior momento desde o rebaixamento, ainda que alguns anos, como 2014, também tenham sido ruins.

Desta vez, o clube está sem dinheiro e com uma turbulência interna grande. Vai ter de tirar um coelho da cartola para resolver essa crise em pouco tempo, o que não tem pinta de que vai acontecer.

Evidentemente, o clube não está nas últimas. Nem o time. Mas vai ter de se provar, e aí é que são elas. Cenas no próximo capítulo.

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