Grêmio segura o Galo na Arena lotada e garante o penta da Copa do Brasil

Grêmio segura o Galo na Arena lotada e garante o penta da Copa do Brasil

Num cenário equivalente ao de uma decisão de Copa do Mundo, concentrando na jovem e deslumbrante Arena do Grêmio  55.337 pessoas, que gerou uma renda de R$ 5.105.964.00, o tricolor gaúcho empatou com o Atlético Mineiro, conquistando o pentacampeonato da Copa do Brasil, da qual foi o primeiro campeão e agora retoma a condição de recordista de títulos do torneio.
 
A festa da conquista, apesar do clima desfavorável devido aos momentos de comoção ainda vividos em razão da tragédia com o time da Chapecoense, não poderia ter sido mais vibrante no seu colorido azul, branco e preto misturado ao verde do coirmão catarinense que perdeu a maioria de seus craques e dirigentes da forma lamentável como sabemos.
 
Presente na sala de imprensa por ocasião da inauguração da Arena, lembro ainda hoje a frase dita pelo então presidente do Grêmio, Paulo Odone Ribeiro, em seu discurso no centro do gramado, nos seguintes temos: "Aqui vamos ainda chorar de alegria muitas e muitas vezes”

Nas vários oportunidades em que estive na Arena a trabalho, confesso que até o jogo decisivo desta quarta-feira eu nunca tinha visto rolar uma lágrima sequer de algum torcedor presente ao estádio gremista. Nem de tristeza, nem de alegria.

Nesta noite de quarta-feira, eu não vi apenas um, mas vários rostos de torcedores do Grêmio, deixando escapar uma ou mais lágrimas pelo canto do olho.

Essas lágrimas, faz-se oportuno observar , não aconteceram ao final da partida, que confirmou a grande conquista do Grêmio, nem durante a cerimônia de entrega da taça momentos após o jogo.

Foram prantos derramados minutos antes do espetáculo começar, fruto da forte emoção despertada pela linda e merecida homenagem que o Grêmio prestou à nossa querida Chapecoense, exibindo nos telões fatos que enalteciam a grandeza do aguerrido clube catarinense, alvo da tragédia que comoveu o Brasil e o mundo.

Falando agora acerca do que aconteceu em campo, é correto dizer que o Grêmio jogou como tinha que jogar, pois tanto o time como a torcida tinham consciência de que essa quinta conquista da Copa do Brasil já tinha acontecido, na prática, dentro do Mineirão, quando o visitante gaúcho venceu o primeiro jogo com uma vantagem de dois gols, deixando para o Galo o difícil desafio de reverter a situação desfavorável, em sua Arena lotada de torcedores sedentos de títulos.

Com uma proposta de jogo essencialmente defensiva e algumas opões de contra-ataque, o time de Renato Porta Luppi cedeu terreno ao visitante mineiro até a altura da metade da etapa inicial, deixando a torcida gremista um tanto quanto apreensiva, mas nem por isso menos vibrante nas arquibancadas totalmente lotadas.  

Submetido a essa marcação implacável, o Atlético compactou o setor de meia cancha para evitar o contragolpe, projetando seus laterais, que se somavam ao setor ofensivo tentando furar o bloqueio gremista.  

Mas quase nada conseguiu de objetivo, porque Geromel estava em noite de Geromel, jogando aquele futebol que o torna a meu ver o melhor zagueiro brasileiros da atualidade, bem assessorado por Kannemann, que jogava sério, guardando posição de forma consciente. 

Com esse posicionamento tático que tem a cara de Renato Portaluppi, o tricolor dono da casa acabou frustrando minuto a minuto as tentativas do Galo de chegar à meta de Marcelo Grohe, através das trocas de passes entre  Rafael Carioca, Leandro Donizete, Junior Urso,  Luan,  Robinho e Lucas Pratto, que se projetavam até as cercanias da área gremista, sem conseguir o espaço procurado para o arremate final.

Até que, fruto dessa pressão, o alvinegro mineiro teve algumas chances de gol na partida, mas nada que obrigasse o goleiro Marcelo Grohe a praticar defesas incríveis.

Entre esses chutes a gol de pouco risco para o Grêmio, temos a cabeçada de Junior Urso, aos quatro minutos, um chute de Lucas Prato de fora da área, que apenas passou próximo da meta gremista, e um arremate de Luan, aos 12 minutos, que se perdeu pela linha de fundo. 

Percebendo que o time de Diogo Giacomini começava a deixar algumas brechas para o contra ataque, no desespero de encontrar uma solução para fazer o primeiro gol da reação, o Grêmio resolveu visitar o campo do adversário, a partir dos 18 minutos da etapa inicial, conseguindo uma falta importante numa jogada de contra ataque, que foi cobrada por Douglas sobre o travessão. 

Teve depois outros lances de certa forma ameaçadores, como o chute de Maicon, aos 22 minutos, que encontrou bloqueio na defesa atleticana, bem posicionada,  guardando posição na grande área. 

No segundo tempo, o Atlético voltou a pressionar, até porque,  com enorme desvantagem no placar relativo à decisão do título, outra coisa não tinha a fazer dentro das quatro linhas.  

Mas fez isso repetindo sistematicamente o desperdício das jogadas ofensivas, por falta de um matador capaz de transformar em gol as bolas conduzidas até as imediações da área gremista.

Contudo,  a maior chance, enquanto a partida estava 0 a 0, quem teve foi o Grêmio, aos 40 minutos, naquela jogada em que Douglas serviu magistralmente a Everton com um passe de calcanhar , que cara a cara com Victor chutou direto nas mãos do goleiro atleticano, ao invés de cortá-lo  para empurrar a bola para a rede com a meta desguarnecida. 

Quando o jogo se encaminhava para o seu final sem abertura no placar, o Grêmio fez prevalecer o refrão "quem não faz leva" e abriu o marcador, com um gol de Miller Bolãnos, que havia entrado no Lugar de Douglas, fruto de uma jogada construída por Everton.

Mas não segurou esse pequeno colorido a mais na noite da grande conquista, pois já a essa altura tomado pelo entusiasmo da "taça na mão", Marcelo Grohe não guardou sua meta como deveria, permitindo a Cazares, num chute de longa distância, já nos descontos, encobrir o goleiro gremista,  estabelecendo a igualdade no placar, que sequer arranhou a lisura do primeiro título conquistado pelo Grêmio na sua nova casa do Bairro Humaitá. 

A rigor,  não houve destaques individuais em campo, pois foi um jogo de pegada, tipicamente copeiro, em que jogar coletivamente era quase um imperativo das circunstâncias do momento.

A leitura que se pode fazer, em torno da conquista tricolor que "lavou a alma dos gremistas" depois de um longo jejum de títulos, pode ser enumerada assim:

1º - O Grêmio copeiro da Era Felipão está de volta, agora com aquela confiança do tempo das grandes conquistas, provando que é capaz de ultrapassar desafios aparentemente intransponíveis, defendendo-se humildemente quando isso é preciso e atacando com objetividade quando tal se faz necessário, para lhe garantir vantagem no placar decisório de 180 minutos.  

2º - O título conquistado pelo Grêmio, da forma como foi alcançado,  atesta que o tricolor vai para a Copa Libertadores de 2017 com chance de fazer uma boa campanha e até com possibilidade real de alcançar sua terceira conquista no certame continental.

3º - A Copa do Brasil que o Grêmio venceu, do ponto de vista técnico, equivale à grandeza da conquista palmeirense no Brasileirão, porque, ao contrário daquelas em que não vencia, esse certame contou com a participação de todos os grandes clubes brasileiros, inclusive o Palmeiras, que o time de Renato eliminou na competição, para chegar onde chegou.

4º -Apesar de um certo preconceito que ainda sofre pelo seu jeito moleque de ser, Renato Portaluppi, com essa sua segunda conquista da Copa do Brasil, se inscreve definitivamente entre os grandes técnicos brasileiros da atualidade, demonstrando ser o  único jogador ídolo que deu certo como treinador, algo que vários outros tentaram, como Paulo Roberto Falcão, sem contudo alcançar esse objetivo.  

Para finalizar, uma confissão sem constrangimento motivado por aquela besteira contida no refrão que diz "homem não chora". Eu também deixei escapar minha lágrima no auge da emoção decorrente da digna homenagem prestada à Chape,  antes de a bola rolar na festa da Arena.

Acredito até que todas as mais de 55 mil almas que lá estavam para apreciar o espetáculo choraram de alguma forma, pois quem não exteriorizou seu sentimento vertendo pranto, deve ter  chorado por dentro, uma vez que seria impossível existir naquela multidão alguém tão insensível a ponto de não chegar ao ápice da emoção, naquele momento de reverência a quem tanto fez por merecer.  

 
Contatos com o colunista: Portal Terceiro Tempo, Linotíciais Portal International, Portal Brasil News, Semanário Virtualino Online, Rio On Line Jornal, On Line Jornal Porto Alegre, Jornal Expresso Minuano-RS e Facebook Lino Mídia Celebrities
 
Foto: UOL

Últimas do seu time