Ex-jogador do Manchester City, Elano participou de evento promovido pelo clube inglês no Brasil. Foto: Divulgação

Ex-jogador do Manchester City, Elano participou de evento promovido pelo clube inglês no Brasil. Foto: Divulgação

Qual o nome do estádio do Chelsea? E do Tottenham? Quem veste a camisa 10 do Borussia Dortmund? E contra quem é o próximo jogo do Paris Saint-Germain? Como está jogando o Barcelona? E quem é o técnico da Juventus? Se você não sabe a resposta para todas essas questões, pergunte, talvez, para um garoto de 12 anos de idade.

Cada vez mais, o torcedor brasileiro, especialmente os mais jovens, criam o hábito de torcer para equipes estrangeiras.  Não por acaso, grandes clubes europeus têm investido no mercado brasileiro realizando eventos em solo tupiniquim, espalhando escolinhas de futebol com suas marcas e, no caso do Paris Saint-Germain, lançando planos de sócio-torcedor para o público daqui.

Ouça o podcast que debateu o assunto com o jornalista Rafael Souto, do F4L

O que anos atrás parecia uma bobagem de pré-adolescentes, impactados por jogos de vídeo-game, tem ganhado força. Em pesquisa de 2016, o Ibope/Repucom afirmou que 72% dos jovens usuários de internet ouvidos na época disseram torcer por um time europeu. Quatro anos depois, é de se imaginar que esse número tenha crescido, não?

Não é à toa que as transmissões de campeonatos europeus são tão valorizados por aqui. As transmissões são muitas. Campeonato inglês, segunda divisão inglesa, Campeonato Alemão, Francês, Italiano, Francês, Espanhol, até campeonato da Holanda, dos Estados Unidos, da China e do Japão são transmitidos no Brasil.

O que explica esse fenômeno?

Talvez não exista uma única explicação para tal efeito. Além da influência do vídeo-game, já citada aqui, outros elementos podem colaborar para que o brasileiro, cada vez mais, torça por times europeus: primeiro a qualidade do espetáculo, já que é inegável que o melhor futebol do mundo é disputado especialmente no Velho Continente, afinal, os grandes craques estão por lá; segundo lugar é o quão atrativos são os torneios, afinal, vai dizer que não é incrível ver “seu time” conquistar a tão glamourosa Champios League? Terceiro ponto é a overdose de transmissões dos torneios europeus, também já citado, afinal a oferta é absurda e hoje é mais barato acompanhar um jogo do Liverpool pela TV do que um jogo do Santos, ou do Atlético-MG

Mas o quão preocupante é isso para os clubes brasileiros?

Pensando em curto e médio prazo, é claro que os efeitos desse “fenômeno” não serão tão impactantes no futebol brasileiro. Mas quando olhamos para o longo (longuíssimo) prazo, a coisa pode mudar de figura. Claro que o futebol brasileiro não vai acabar, mas a desvalorização tende a aumentar, afinal, cada dia mais o torcedor tupiniquim olha com mais carinho e atenção para os times de fora.

O natural é que, nesse ritmo, cada vez menos gente seja fidelizada pelos clubes, consequentemente, menos torcedores serão engajados, as médias de público cairão, menos gente consumirá os produtos oficiais dos times. E o efeito será claro: a qualidade dentro de campo cairá, os atrativos serão cada vez menores, nossos times penarão, enquanto os europeus seguirão “nadando de braçada”.

Por enquanto, essa mudança não é algo tão palpável. A grande questão é que há um fenômeno ganhando corpo e nossos clubes (e entidades) pouco fazem para reverter o cenário que lá na frente pode ser caótico.

Últimas do seu time