Corinthians e Cruzeiro irão decidir a Copa do Brasil com um duelo à parte em campo

Corinthians e Cruzeiro irão decidir a Copa do Brasil com um duelo à parte em campo

Diego Salgado e Enrico Bruno
Do UOL, em São Paulo

De um lado, um goleiro com a chance de conquistar todos os títulos possíveis com a camisa do mesmo time depois de apenas sete temporadas. Do outro, um arqueiro cuja trajetória se confunde com a história do próprio clube.

Corinthians e Cruzeiro irão decidir a Copa do Brasil na próxima quarta-feira à noite, em Itaquera, com um duelo à parte em campo: Fábio, que soma 798 jogos pelo time mineiro, contra Cássio, que busca a oitava taça como jogador alvinegro, a quarta como capitão. Ambos são fortes candidatos a herói na decisão - o time mineiro venceu o jogo de ida por 1 a 0.

Destaques de Corinthians e Cruzeiro há tempos, com liderança e protagonismo sobretudo em jogos grandes, Cássio e Fábio têm carreiras com similaridades. A partir de agora, o UOL Esporte traz uma comparação entre os goleiros, relembrando as passagens por seus clubes e pela seleção brasileira.

Decisão é com eles

A defesa no chute de Diego Souza nas quartas de final da Libertadores 2012 abriu as portas para Cássio mostrar todo o seu poder de decisão. O goleiro, meses depois, teve uma atuação épica na final do Mundial, diante do Chelsea, com pelo menos três defesas difíceis. Cássio também foi fundamental nas campanhas vitoriosas dos Brasileirões 2015 e 2017. A partir do ano passado, o arqueiro passou a ter um ótimo desempenho nos pênaltis. Nas decisões do Estadual deste ano, foram quatro defesas no mata-mata, duas contra o São Paulo, na semifinal e outras duas diante do Palmeiras, na final.

O fator decisivo de Fábio é vasto e abrange defesas importantes na luta contra o rebaixamento até milagres que renderam títulos. Na Copa do Brasil do ano passado, não decepcionou quando foi exigido. Foi fundamental principalmente nas decisões por pênaltis contra Grêmio e Flamengo, na semi e final, parando cobranças de jogadores importantes como Luan e Diego. Neste ano, Fábio seguiu em alta e já deu outras inúmeras provas de seu ótimo momento. O auge na atual edição aconteceu contra o Santos, pelas quartas de final. Nos pênaltis, o goleiro pegou todas as três cobranças adversárias e classificou a Raposa.

Um lugar na história

A final contra o Corinthians será o jogo de número 799 de Fábio pelo Cruzeiro. Só aí já é possível ter a ideia da importância que o goleiro tem na quase centenária história do clube. Protagonista da última Copa do Brasil, o ídolo da torcida não só é o jogador que mais vestiu a camisa celeste, como um dos maiores que já passou pela agremiação. Sua história em Belo Horizonte começou em 1999, ainda emprestado pelo Vasco, mas engrenou mesmo a partir de 2005, após assumir a titularidade e não largar mais.

Já Cássio soma pouco menos que a metade de jogos. Quando ele entrar em campo na quarta-feira, completará 373 jogos pelo Corinthians - ele ocupa a 18ª posição entre os atletas corintianos com mais jogos pelo clube e está a apenas 96 partidas da lista dos dez primeiros. O goleiro chegou ao Corinthians no começo da temporada 2012 e logo virou titular e referência no time ao ser fundamental nas conquistas da Libertadores e do Mundial. Cássio tem contrato até o fim de 2021.

Seleção brasileira

Cássio defendeu as seleções brasileiras de base e logo apareceu em uma lista montada por Dunga em 2007, quando ainda atuava pelo Grêmio. O retorno à seleção só ocorreu em 2012, com Mano Menezes, para dois amistosos. Depois, Cássio voltou a ser chamado por Dunga na reta final da temporada 2015. Após um 2016 conturbado e com baixas, o corintiano deu a volta por cima e passou a frequentar as listas a partir de 2017, já com Tite, que o incluiu no grupo da Copa do Mundo da Rússia.

Apesar de ser apontado há anos como um dos melhores na posição, Fábio nunca teve chances reais de defender a Seleção Brasileira. Recentemente, tem mostrado cada vez mais descontentamento por não ser lembrado nas convocações, algumas vezes com declarações mais polêmicas sobre o motivo de não ser chamado. Vestindo a amarelinha, teve participação frequente nas categorias de base do Brasil, mas só foi convocado por três vezes para o plantel principal, e sequer atuou. Apesar de ter feito parte do elenco que jogou a Copa das Confederações de 2003 e da Copa América de 2004, nunca entrou em campo. Por coincidência, sua última aparição foi com o técnico Mano Menezes, hoje seu comandante.

Liderança conquistada

Os anos se passaram, Fábio amadureceu e construiu um laço raro entre jogador e clube nos dias atuais. Com mais de 15 anos de casa, tornou-se um dos líderes do grupo pela história escrita e principalmente pela dedicação mostrada a cada treino. Hoje, ele pode até não ser o homem da palavra na boca do túnel, função que cabe ao zagueiro Leo, mas sua trajetória virou, sem dúvidas, uma das maiores referências para jovens e veteranos que também querem se tornar eternos na agremiação.

Cássio sempre teve protagonismo no time do Corinthians, mas foi a partir do ano passado que ele começou a se consolidar como um dos líderes do elenco. Não à toa o goleiro passou a conceder mais entrevistas e tomar a frente em situações adversas. A fase mais madura do jogador fez Fábio Carille optar em colocá-lo em campo como capitão nas três últimas decisões do time. Dessa forma, Cássio foi o responsável por erguer as taças do Brasileirão 2017 e dos Estaduais 2017 e 2018. Agora, ele pode levantar o quarto troféu.

Ajuda fora de campo

Fora dos campos, a esposa Sandra Maciel é um dos pilares de Fábio. Sandra conheceu o goleiro em 1995, quando Fábio ainda defendia o União Bandeirante, do Paraná. Em 2007, já em Belo Horizonte, a esposa foi fundamental para dar um rumo na carreira do jogador, que na época ainda não era o exemplo de atleta a ser seguido. Em 2016, Sandra também foi importante durante os oito meses em que Fábio esteve lesionado. Subestimado após a recuperação, o goleiro viu parte da torcida preferir o reserva Rafael e chegou a ouvir que não voltaria mais a atuar, mas deu a volta por cima e fechou o ano como um dos heróis do pentacampeonato.

Algo parecido aconteceu com Cássio no Corinthians. Depois de perder a titularidade para Walter em 2016, o goleiro mudou hábitos no começo do ano seguinte. A virada começou depois que ele conheceu a sua noiva, Janara. Em forma, Cássio recuperou a confiança e se tornou novamente importante para o time alvinegro. O zagueiro Vilson também foi fundamental para tal situação. Foi ele quem convidou Cássio para frequentar uma igreja no bairro onde moram - por isso, Cássio largou de vez a bebida.

Quase todas as taças

Cássio, por sua vez, já conquistou o Brasileirão duas vezes, além de ajudar o Corinthians a vencer o Estadual em três oportunidades. O goleiro foi um dos nomes mais importantes dos títulos da Libertadores e do Mundial - ele ainda se sagrou campeão da Recopa em 2013. Recentemente, Cássio disse que sonha em conquistar a Copa do Brasil para completar a lista de todos os campeonatos possíveis. Em tempo: o capitão corintiano pode erguer a taça pela quarta vez.

Fábio está em busca do seu terceiro título da Copa do Brasil. Além da taça do ano passado, o goleiro também fez parte do grupo que bateu o São Paulo em 2000, quando ainda era reserva de André Döring. Se alcançar o título em Itaquera, Fábio irá faturar sua 11ª taça pelo Cruzeiro, cravando ainda mais sua importância no clube. Até aqui, foram seis estaduais, dois Brasileiros e duas Copas do Brasil. Em seis dessas conquistas (quatro estaduais e dois Brasileiros), o camisa 1 foi o capitão.

Foto: Kazuhito Nogi/AFP e André Yanckous/AGIF (via UOL)

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