O trabalho foi realizado pelo Instituto de Pesquisa Orbis com apoio da Universidade Zumbi dos Palmares.
A pesquisa revela que mais de 90% dos entrevistados acreditam que existe racismo no Brasil. Essa percepção é mais forte entre os mais jovens e diminui quanto mais velho é o brasileiro. Também é notável que os mais pobres sentem mais o racismo e que essa percepção suaviza quanto mais rico for o brasileiro. As regiões Norte e Nordeste têm uma percepção de racismo um pouco maior (96,7% e 94,4%) do que no restante do Brasil, em contraste com a região Sul (83,8%), com o menor resultado do estudo. Além disso, os entrevistados que se identificaram como pretos, brancos, asiáticos e pardos tiveram impressões muito parecidos acerca do racismo no Brasil, enquanto que indígenas e “outros” tiveram um resultado um pouco abaixo da percepção geral.
Ao pensar sobre o racismo ser um problema exclusivo do futebol, pouco mais de 75% afirma que não, que existe em todos os esportes. Esse entendimento tende a se refinar de acordo com a renda do participante: ≅ 60% entre os mais pobres até ≅ 80% entre os mais ricos. Quando são questionados sobre a importância de protestos antirracistas durante as partidas de futebol, como forma de alerta para sociedade, a alta adesão que foi observada na percepção do racismo no Brasil cai um pouco. Pouco mais de 70% dos participantes consideram válido. Novamente, essa adesão cai bastante entre os mais velhos, chegando a 59% com pessoas acima de 65 anos. Apesar disso, quase 90% dos participantes acreditam que, se um atleta for flagrado cometendo um ato racista a alguém durante a partida, deveria ser expulso imediatamente, assim como acham que este atleta deveria sofrer outras punições mais severas após a partida.
Quando questionados se já haviam presenciado algum tipo de ato de racismo durante alguma partida de qualquer esporte profissional, apenas um terço dos participantes responde que sim. No entanto, esse número sobe para quase 40% quando consideramos apenas a resposta de pretos e pardos. Esse entendimento aparece de forma similar quanto ao esporte amador, mas de maneira agravada. De modo geral, aqueles que não acreditam que as Federações Desportivas vêm tomando medidas eficazes para coibir a prática do racismo em suas modalidades, foi o dobro dos que acham que sim. Essa percepção é ainda mais forte entre pretos e pessoas de maior renda.
Pouco mais da metade dos entrevistados estavam cientes sobre o episódio recente em que jogadores de ambas as equipes, em uma partida de futebol da Liga dos Campeões da UEFA, se recusaram a jogar e saíram de campo como protesto, após um dos árbitros ser acusado de racismo contra um membro da comissão técnica de um dos times. Além disso, mais de 85% dos participantes concordam que o quarto árbitro foi racista. Pouco mais de 80% dos participantes concordam com a atitude dos jogadores em protesto, curiosamente, um resultado pouco acima (+ de 10%) das respostas sobre se achavam importante que aconteça protestos antirracistas durante as partidas de futebol.
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