O Rei Pelé, o Atleta do Século, que parou uma guerra - há quem garanta que foram duas -, marcou 1.283 gols, foi tricampeão mundial pela Seleção Brasileira, bicampeão mundial pelo Santos, acostumado a furar retrancas, humilhar adversários pelo mundo afora, e a tantas façanhas, desistiu de fazer fisioterapia para fortalecer os músculos que fizeram dele um esportista perfeito. O cidadão do mundo, a quem as autoridades de aeroportos daqui e do exterior não se davam o trabalho de exigir o passaporte, agora, resignado, não se importa em se locomover sobre uma cadeira de rodas.
Sem poder andar normalmente, Pelé agora difícilmente viaja. Os inúmeros compromissos que tinha até 2012, quando fez a primeira cirurgia no quadril, ficaram no passado. Até um ano atrás, Pelé era atuante nas redes sociais. Agora, nem isso. Sou repórter. Gosto de ser repórter. E como repórter, acompanho o drama, sim, o drama, do Rei do futebol desde que ele foi submetido à cirurgia no quadril. Em 2017, Pelé disse à Folha de S. Paulo que teria sido vítima de erro médico. Procurei o Cremesp – Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo -, para saber se o órgão estava investigando a denúncia. O Cremesp informou que o caso havia sido arquivado, pois não houve erro médico.
Fiz a matéria sobre o assunto, publicada pelo UOL Esportes. Também dediquei um capítulo a respeito da saúde do ex-jogador no livro Esconderijos do futebol, que publiquei no início de 2019, na segunda edição.
Continuo marcando Pelé. Na tarde desta terça-feira, 14/1, falei com uma pessoa muito próxima do Rei Pelé. A fonte, que pediu para não ter seu nome revelado, relatou que o Atleta do Século não quer mais fazer fisioterapia “como receitado” pelos médicos.
“Todo mundo insiste com ele: médicos, família, amigos, etc...Mas o Pelé diz que sabe o que está fazendo. Ele é muito teimoso”, disse a fonte, que concluiu: “Teimosia não é atributo só dos humildes mortais, como nós. A teimosia atinge também os ícones”, disse, visivelmente preocupado.
Pelé era, além de tudo, de todos os atributos que possuía como jogador, um atleta inigualável. Gostava muito de treinar. Ex-companheiros contam que quando ele não brilhava em um jogo, o que era raro, mas acontecia, no dia seguinte chegava cedo à Vila Belmiro para treinar e corrigir os defeitos que havia mostrado na partida.
Agora, aos 78 anos, preocupa familiares, amigos e admiradores pelo mundo todo. Em uma de suas últimas raras entrevistas, revelou que se sentia fraco. Triste, disse, apertando uma das coxas: “Eu tinha pernas fortes, grossas, agora estão finas, fracas.”
A velhice chega para todos nós. Depende de como a encaramos. Uns, com garra, enfrentam as restriçoes que a idade impõe e tentam amenizar os seus efeitos. Outros, o que parece ser o caso do Rei pelé, se abatem. Quem o viu nos gramados, decidido, forte, implacável com seus marcadores, fica frustrado com estas informações sobre a atitude passiva do Rei diante das dificuldades.
Que pena, o Pelé (ou seria o Edson?), humano que é, está sem forças para superar as adversidades. É triste.
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