Por Wladimir Miranda
Vi e ouvi um debate sobre futebol. De um lado, um veterano, que não é jornalista (sociólogo?). Do outro, um flamenguista histriônico, com velho hábito de ficar arrumando o cabelinho na testa.
É aloprado. Alimenta-se de discussões e gritarias.
O veterano pegou a mania de também gritar.
Como o seu oponente, o rubro-negro.
O veterano deve ter sido orientado a gritar.
Se não gritar, “não tem audiência”, certamente lhe disseram.
O assunto é quem é o favorito entre Flamengo e Corinthians nas semifinais da Copa do Brasil.
O torcedor do Mengo berra que é o Fla.
O Corinthians tem o voto do veterano.
O argumento é que o time carioca tem o melhor elenco. “E tem a obrigação de eliminar o Corinthians”.
O corintiano rebate com veemência, em altos brados.
De fato, o Corinthians investiu muito na chamada janela de contratações. Memphis Depay veio para ganhar R$ 3 milhões mensais. Mas não poderá jogar porque não está inscrito na competição. Mas o clube dirigido por Augusto Melo, que pode sofrer um impeachment em breve, se reforçou com um pacote de outros estrangeiros.
Memphis Depay já jogou no Barcelona e Manchester United.
E é grande atração da Liga brasileira na temporada.
É holandês.
Pela badalação que a sua contratação provocou, o adepto do futebol menos informado deve supor que a Holanda já conquistou vários campeonatos mundiais.
Nada.
Só fez fumaça em mundiais.
A discussão terminou entre o flamenguista e o corintiano, sem que um aceitasse o argumento do outro.
Agora é assim.
Todos gritam.
Ninguém tem razão.
O Corinthians segue na zona do rebaixamento no Campeonato Brasileiro.
Derrotou o lanterna Atlético Goianiense no sábado, para delírio de sua inflamada legião de torcedores.
Esse é o futebol brasileiro atual.
A Seleção Brasileira acumula vexames nas Eliminatórias Sul Americanas.
O Flamengo, de Tite, tido por muitos como o melhor técnico brasileiro vivo, ousa mostrar um futebol que não justifica o alto investimento que a sua direção fez para que a equipe conquistasse todos os títulos que disputa.
Tite custa muito para o Mengo.
Tem salário de cerca de R$ 2 milhões.
Fora o que ganham seu filho (Matheus Bachi), e os também auxiliares Cléber Xavier e César Sampaio, o ex-volante de fala mansa e sempre disposto a dizer sim.
Todo o investimento feito em Tite e sua patota não deu resultado e a demissão do treinador que disputou dois mundiais pela seleção e foi eliminado por Bélgica e Croácia pode ser anunciada a qualquer momento.
Se for eliminado pelo Corinthians na Copa do Brasil, Tite terá de passar no RH para assinar a dispensa.
Não sairá triste, pois que embolsará uma boa grana de multa.
Esse é o retrato do atual futebol brasileiro.
O nível do futebol jogado por aqui é baixo.
Os clubes se socorrem de estrangeiros de países vizinhos da América do Sul.
Muitos de qualidade técnica duvidosa.
O Brasil tem poder econômico, na comparação com a vizinhança do continente.
No Santos, a discussão é Miguelito.
O boliviano foi o destaque da última rodada das eliminatórias.
Pelo seu país, marcou gols e deu assistências.
Foi eleito o craque da rodada pela Conmebol.
Fábio Carille, o técnico do Santos, trata o jogador com desdém.
Miguelito só foi relacionado para o jogo com o Novorizontino por pressão do presidente Marcelo Teixeira.
Isso, Miguelito é o craque do Santos de Pelé.
E de Neymar, Ganso, Robinho e dezenas de outros jogadores inesquecíveis do Peixe.
Então, fica assim: é esse o cenário atual do futebol pentacampeão do mundo.
Triste.