Olhos no retrovisor: José Carlos Pace morria em acidente aéreo há 48 anos
Olhos no retrovisor: José Carlos Pace morria em acidente aéreo há 48 anos
Por Marcos Júnior Micheletti - 18/03/2025 18:00
O piloto brasileiro estava em seu melhor momento na F1. Foto: Divulgação
Um acidente aéreo na Serra da Cantareira, há exatatos 48 anos, mais precisamente no município paulista de Mairiporã, vitimava o piloto José Carlos Pace, o Moco, então com 32 anos de idade.
O avião em que ele viajava, um monomotor da Embraer (modelo Sertanejo) com prefixo PT EHR, havia saído do Aeroporto Campo de Marte, na zona norte da capital paulista, e tinha como destino a cidade de Araraquara.
Chovia naquela manhã de 18 de março de 1977, e o pequeno avião pilotado por Carlos Roberto de Oliveira bateu em uma árvore e ficou totalmente destruído. Morreram os três ocupantes: o condutor e os amigos e pilotos de automobilismo José Carlos Pace e Marivaldo Fernandes.
Pace, então na Fórmula 1, competindo pela pela equipe Brabham, era casado com Elda Pace há seis anos, com quem teve dois filhos: Patricia e Rodrigo, que tinham cinco anos e meio e um ano e meio, respectivamente.
Seu corpo foi velado no Automóvel Clube de São Paulo, e sepultado no Cemitério do Araçá, também na capital paulista.
PACE ESTAVA EM GRANDE FASE
Assim como a maioria dos pilotos de sua geração, Pace havia começado no kart, aos 16 anos, idade bastante avançada para os padrões atuais. Em seguida passou para os carros, e sua performance impressionou o então chefe da equipe Willys, Luiz Antônio Greco, que o contratou para o seu time, que contava com nomes consagrados do automobilismo nacional, como Wilsinho Fittipaldi, Luiz Pereira Bueno e a estrela em ascensão, Emerson Fittipaldi.
Em 1968, por exemplo, dividiu a condução de um Corcel com Brid Clemente nas 12 Horas de Porto Alegre. A dupla terminou a prova urbana na capital gaúcha na segunda colocação, apenas sete segundos atrás do Fusca dos irmãos Wilsinho e Emerson Fittipaldi.
CARREIRA NO EXTERIOR
Foi para a Europa em 1970, onde disputou o Campeonato Inglês de Fórmula 3, tornando-se campeão. Também guiou carros de turismo, chegando ao segundo lugar nas 24 Horas de Le Mans de 1973, pela Ferrari.
Começou na Fórmula 1 em 1972, dois anos após Emerson, pela então pequena equipe Williams, que sequer tinha chassi próprio (utilizava os March). No ano seguinte guiou para a Surtees, obtendo seu primeiro pódio, no GP da Áustria, em Osterreichring. A vitória foi do sueco Ronnie Peterson (Lotus), seguido pelo escocês Jackie Stewart (Tyrrell).
Ficou na Surtees até 1974, transferindo-se para a Brabham em 1975, onde já no segundo GP da temporada, em Interlagos, venceu aquela que acabou sendo sua única prova na F1, na primeira dobradinha brasileira da categoria, com Emerson Fittipaldi (McLaren), em segundo.
Para 1976, a Brabham trocou a Ford pela Alfa-Romeo como fornecedora de motor. Embora mais potente, o propulsor italiano de 12 cilindros não tinha a mesma confiabilidade e deixou o brasileiro fora de muitos GPs.
Em 1977, ano de sua morte, começou a temporada com um bom segundo lugare no GP da Argentina, vencido pela surpreendente estreante Wolf, de Jody Scheckter. Não pontuou nas outras duas corridas que disputou naquele ano: Brasil (acidente) e África do Sul (13º colocado).
Havia um consenso que apontava José Carlos Pace como um futuro campeão da Fórmula 1 em curto espaço de tempo.
Em Interlagos, no final de semana do GP Brasil de 1976, a bordo da Brabham BT-45 Alfa Romeo. O brasileiro largou em décimo e terminou na mesma posição. No capacete, a marca Brahma, que patrocinou o piloto na F1. Foto: Divulgação
Em 1977, Pace tinha um dos carros mais lindos da Fórmula 1, a Brabham BT 45-Alfa-Romeo de 12 cilindros
Em Interlagos, o busto do querido Moco, falecido em acidente aéreo no dia 18 de março de 1977, aos 32 anos. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT
Placa sob o busto em homenagem a José Carlos Pace, inaugurado em 1990 durante a gestão da prefeita Luiza Erundina. Juarez Soares era o secretário de esportes do município. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT
Idealizado por Celso Pace, o busto do saudoso piloto fica na entrada do autódromo que leva seu nome, no portão 7. A doação foi feita pela Kodak brasileira. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT
Agora como dono de sua própria equipe, John Surtees viu o brasileiro José Carlos Pace subir ao pódio do GP da Áustria de 1973, no circuito de Zeltweg. O modelo da foto é o TS-14A, equipado com motor Cosworth de oito cilindros. Foto: Divulgação
José Carlos Pace venceu o Grande Prêmio do Brasil em 1975 e a Goodyear festejou o piloto brasileiro
Pace participando da campanha publicitária da Brahma
Pace era um dos pilotos mais acessíveis do circo da Fórmula 1
Imagem fantástica de Pace com as quatro rodas de sua Brabham BT-45 Alfa Romeo de 12 cilindros no ar durante o GP da Alemanha de 1976, em Nurburgring. A vitória foi de James Hunt (McLaren) e Pace terminou em quarto lugar. Foto: Facebook F1 Amarcord/by Schlegelmilch
Em 1975, Pace venceu em Interlagos, com Emerson Fittipaldi, da Mclaren, em segundo
Com esta Brabham BT-44 B, Pace conseguiu sua única vitória na Fórmula 1, no Grande Prêmio do Brasil de 1975
Elda Pace, viúva de José Carlos Pace, em 10 de março de 2015, durante o Velocult, realizado no Conjunto Nacional, na avenida Paulista, em São Paulo. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal Terceiro Tempo
Em 28 de novembro de 2024, no Espaço Prop Car, em Interlagos, dia do 26º Prêmio Imprensa Automotiva. Da esquerda para a direita: Luis Evandro Águia, Ernesto Zanon, Alex Dias Ribeiro, Darcio dos Santos (tio de Rubens Barrichello), Rodrigo Pace (filho de José Carlos Pace) e Tatá Muniz. Foto: arquivo pessoal de Tatá Muniz
Vale o registro pela grande semelhança de José Carlos Pace e Rodrigo Pace, seu filho, que tinha 1 ano e 10 meses quando o pai morreu
Capa da Revista Manchete destacando a morte de José Carlos Pace, em março de 1977
A trajetória de José Carlos Pace no livro escrito por Luiz Carlos Lima. Foto: Divulgação
Em 11 de setembro de 1973, durante o GP do Brasil, em Interlagos, a bordo de sua Surtees-Ford. Pace largou em sexto mas abandonou na nona volta com problema de suspensão. A vitória foi de Emerson Fittipaldi, com Lotus-Ford. Foto: Divulgação
Com a Brabham BT44B Ford em 1975, no Grande Prêmio da Áustria em Österreichring. Pace largou em sexto e abandonou na volta 17 com problema no motor. A vitória foi do italiano Vittorio Brambilla (March-Ford), aliás a única do saudoso piloto na F1. Foto: Divulgação
Carlos Reutemann e José Carlos Pace no pit-lane de Kyalami em 6 de março de 1976, dia em que foi disputado o GP da África do Sul. Reutemann largou em 11º e Pace em 14º. Ambos com Brabaham-Alfa Romeo abandonaram a prova com problemas de pressão de óleo. Foto publicada no Facebook F1 70 e 80
O saudoso piloto brasileiro José Carlos Pace (1944-1977), então piloto da Brabham, em 1976, fazendo propaganda da Martini. Reprodução
Anúncio fúnebre veiculado em jornal na ocasião da morte de José Carlos Pace, um deles feito pela Martini & Rossi, patrocinadora da Brabham, por onde Pace corria. Reprodução
O casal Elda e Pace em 1976. Foto: arquivo pessoal de Elda Pace
Elda e o marido José Carlos Pace, um segundo antes de um beijo. Foto: arquivo pessoal de Elda Pace
Em 3 de outubro de 1976, durante o GP do Canadá, em Mosport Park. Pace largou em décimo e terminou em 7º com sua linda Brabham Alfa-Romeo. James Hunt (McLaren-Ford) venceu a prova. Foto: Divulgação
José Carlos Pace no começo dos anos 70, patrocinado pelo Banco Português do Brasil, instituição que em 1974 foi absorvida pelo Itaú
José Carlos Pace, à direita, parece ser o mais feliz dos três, afinal era seu primeiro pódio na F1, em terceiro lugar, com Surtees-Ford no GP da Áustria de 1973, em Osterreichring .No centro, o vencedor, o sueco Ronnie Peterson (Lotus-Ford) e o escocês Jackie Stewart, à esquerda (Tyrrell-Ford, que terminou em segundo lugar. Foto: Divulgação.
Dona Olga ao lado do saudoso filho José Carlos Pace, o `Moco´e Elda Pace, esposa do piloto. Foto: UOL
Carol Figueiredo, Elda Pace e Chiquinho Lameirão Elda Pace na Velocult/2015 no Conjunto Nacional, em 10 de março de 2015. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT
Elda Pace na Velocult/2015 no Conjunto Nacional, em 10 de março de 2015. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT
Elda Pace na Velocult/2015 no Conjunto Nacional, em 10 de março de 2015. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT
Carol Figueiredo, Elda Pace, Chiquinho Lameirão, Alex Dias Ribeiro, Raul Boesel e Alfredo Guaraná Menezes durante a Velocult/2015 no Conjunto Nacional, em 10 de março de 2015. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT
ABAIXO, VÍDEO COM ALGUNS MOMENTOS DO GP BRASIL DE 1975, EM INTERLAGOS, PALCO DA ÚNICA VITÓRIA DE JOSÉ CARLOS PACE NA FÓRMULA 1. NARRAÇÃO DE LUCIANO DO VALLE E COMENTÁRIOS DE GIU FERREIRA