Decisão entre Vasco e Fluminense escancarou, de novo, o desrespeito com que é tratada a paixão do torcedor brasileiro

Decisão entre Vasco e Fluminense escancarou, de novo, o desrespeito com que é tratada a paixão do torcedor brasileiro

O que te leva a ir a um estádio de futebol?

O estádio de futebol é mágico. Um lugar para se emocionar, viver e arquivar momentos na memória e na biblioteca do coração. Um templo para ser vivido com as cores da paixão de cada um. Ali a gente cresce, aprende o que é amar e conhece, muitas vezes, pela primeira vez, o quanto as lágrimas podem machucar de tristeza. E o quanto elas podem brotar aos montes de alegria, satisfação. Tudo em segundos, minutos, tempos...  

Agora, pergunto: o que te leva a ir a um estádio de futebol?

Você pode e deve responder que a paixão te leva não apenas ao estádio, mas te obriga a passar por cima dos flanelinhas, do transporte caótico, do horário desrespeitoso dos jogos, do ingresso caro, da comida mal servida e, principalmente, da pobreza do futebol praticado por aqui...

Tudo em nome do amor ao clube do coração.

Mas insisto: vale a pena  enfrentar a violência descabida pela emoção do gol, da vitória e do triunfo das suas cores diante das do rival? Essa é resposta é muito particular de cada um, portanto, respeitarei e não julgarei.

A mim não vale a pena...

Deixo claro minha indignação e desprezo com o futebol atual, tido como moderno. Quanto desrespeito ao consumidor, que segue sendo explorado no que tem de mais puro e bonito: o sentimento pelo clube do coração.

O que vimos neste final de semana a decisão do futebol carioca é a maior prova de que essa nação precisa de um mergulho de moralidade. Estamos retroagindo décadas a cada ano que se passa. Abraçamos o efeito inverso da evolução humana.

Muitos podem acreditar que esse jornalista aqui esteja levantando a bandeira contra a presença dos torcedores no estádio. A resposta é não! Peço, sim, reflexão a você, torcedor e respeito aos organizadores diante do consumidor.

A decisão do carioca não teve torcida desde o início no Maracanã por causa de picuinhas de dirigentes sobre a presença das torcidas no estádio. Um embate entre cartolas, o que era muito comum no anos 80, quando os setores do estádio eram vistos como áreas privilegiadas, que significavam vitórias antecipadas e, por isso, eram disputadas como um prato de comida.

No entanto, agora, em 2019, não se pode mais haver discussão assim. O futebol é outro e a postura precisa ser também outra, mais consensual e menos mesquinha. Mais profissional e menos varzeana.  

Os dirigentes de Vasco e Fluminense foram pequenos demais e escancaram para o mundo do futebol toda a incompetência e arrogância de suas essências de torcedores passionais travestidos de dirigentes.

Desta forma, deixaram pessoas expostas à violência e o futebol à mercê de suas vontades e ignorâncias. Mereciam punição, com suspensão e até algemas, afinal expuseram vidas, incitando a violência por causa de uma partida de futebol, mobilizando até mesmo a Justiça, como se essa não tivesse coisa mais importante para fazer. Quanto desserviço ao país!

O campo de futebol de hoje é um antro de intolerância e falta de educação. Não frequento. Vou apenas para trabalhar. Tenho prazer de assistir ao jogo com detalhes e prestando atenção na parte tática da partida. Por isso, prefiro a tela plana aos apupos que você não torce da maneira correta. Sim, hoje tem cartilha a seguir para torcer “direito”, caso contrário você é ameaçado, agredido e por aí vai...  

Desta forma, vejo pela TV. Melhor, mais prudente e menos desrespeitoso.

Ainda como repórter, ao fazer uma matéria de ambiente, antes de um clássico São Paulo e Corinthians, no Morumbi, fui obrigado a sair correndo com dois garotos, torcedores do Corinthians em meu colo, um de cada lado, para fugir da chuva de pedras que vinha do céu,  num confronto entre torcedores na praça Charles Miller.

O pai dos garotos, após se entrevistado por mim, pediu par que segurasse os filhos para que ele pudesse comprar os ingressos. Deu no que deu...

Hoje, fujo de desrespeito. Prezo, sobretudo, minha paz de espírito e isso não consigo indo aos estádios. Gosto de ser bem tratado. Não aceito pagar ingresso de grande espetáculo e ver exploração e desrespeito na organização.

O esporte perde todos os dias por essas bandas, é fato.

 E você segue com a mesma vontade de ver seu time atuando? Se sim, respeito sua vontade e principalmente sua paixão, mas peço: não deixe de se respeitar e cobrar seus direitos. Muitas vezes, o seu grito será em vão, não encontrará eco, mas a indignação ninguém pode tirar de você. Ela é de cada um de nós.

 

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Foto: UOL 

   

 

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