Thomas N´Kono, goleiro de Camarões nas Copas de 82, 90 e 94, ao lado de seu fã, Buffon. Foto: Instagram/Reprodução

Thomas N´Kono, goleiro de Camarões nas Copas de 82, 90 e 94, ao lado de seu fã, Buffon. Foto: Instagram/Reprodução

O jogo de abertura da Copa do Mundo de 1990, na Itália, está vivo até hoje na memória de quem acompanhou ou estudou aquele Mundial. A partida ficou marcada por uma das maiores zebras de todos os tempos da competição: a então campeã mundial Argentina derrotada pela seleção de Camarões.

Uma das figuras mais marcantes daquele time camaronês foi o goleiro Thomas N´Kono, que brilhou na Copa e marcou para sempre a vida de um menino que viria a ser um dos maiores goleiros da história do futebol.

N´Kono chegou à Copa em 90 com 34 anos e como jogador do Espanyol, da Espanha. Antes, havia defendido o Cannon Yaoundé e o Tonnere Yaoundé, ambos de Camarões. Havia sido eleito o melhor jogador africano em 1979 (primeiro goleiro a receber o prêmio) e 1982, e já tinha defendi a seleção camaronesa na Copa da Espanha, também em 82.

O goleiro tinha um estilo pouco visto até então e atuava vestindo uma calça e exibia uma agilidade invejável. O grande desempenho na histórica campanha de Camarões na Copa de 90 foi que N´Kono influenciou profundamente a trajetória do jovem Gianluigi Buffon, que tinha apenas 12 anos na época em que o seu país recebeu aquele mundial.

Hoje no Parma, Buffon, que fez história pela Juventus, seleção italiana e ainda passou pelo PSG, resolveu se arriscar no gol justamente por se tornar um grande fã de N´Kono.

Ao se encantar pelo goleiro africano, Buffon não só deixou de jogar na linha para virar arqueiro, mudança que o colocou entre os maiores de todos os tempos, mas também resolveu batizar seu filho muitos anos depois em homenagem ao camisa 1 de Camarões. Inspirado em N´Kono, o goleirão italiano deu a seu filho o nome de Louis Thomas Buffon.

Em carta publicada no site Players Tribune, em 2020, Buffon falou de toda a sua admiração por N´Kono e das lembranças da vitória camaronesa sobre os argentinos em 90.

“Faz muito calor sob o sol do verão, mas o goleiro está de calça e camiseta de manga longa. Calças compridas pretas. Camisa verde comprida com gola rosa. O jeito que ele se move, o jeito que ele está alto, o bigode fantástico. Ele cativa seu coração de uma maneira inexplicável. Ele é o cara mais legal que você já viu. Há um escanteio para a Argentina, e Thomas corre para a multidão na área e soca a bola 30 metros para ar. É neste momento que você percebe o que você quer fazer da sua vida. Você não quer ser simplesmente um goleiro - você quer ser esse tipo de goleiro. Você quer ser selvagem, corajoso, livre. Nesse dia, uma chama nasce dentro de você. Camarões é um lugar que existe. Thomas N´Kono é um homem que existe. Você mostrará ao mundo que Buffon existe. É por isso que você se tornou um jogador de futebol. Não por dinheiro ou fama. Por causa da arte e do estilo desse homem, Thomas N´Kono. Por causa de sua alma”, escreveu o italiano.

Em sua carreira, K´Nono ainda foi convocado para a Copa de 94, já como reserva, e, após deixar o Espanyol, onde foi ídolo, pelos pequenos Sabadell e L´Hospitalet, da Espanha, e disputou três temporadas na América do Sul, defendendo o Bolivar, da Bolívia. Buffon, por sua vez, virou profissional apenas em 95, fez história com as camisas de Parma e Juventus, foi para as Copas de 98, 2002, 2006, 2010 e 2014, consquistando o mundial em 2006, na Alemanha.

Últimas do seu time