O caso que vou contar foi a pedido do colega Milton Neves, que gargalha a cada vez que ouve a narrativa

O caso que vou contar foi a pedido do colega Milton Neves, que gargalha a cada vez que ouve a narrativa

Quem já leu o saboroso livro "Tarso de Castro: 75 kg de músculos e fúria?, do jornalista Tom Cardoso, certamente conhece mais da metade do caso que vou contar aqui, a pedido do colega Milton Neves, que gargalha a cada vez que ouve a narrativa.
É a história de amor devastador entre o jornalista fundador do Pasquim, Tarso de Castro, e a atriz americana Candice Bergen, um símbolo sexual dos anos 70. E em paralelo, a trepada fictícia do escritor João Ubaldo com a diva italiana Sophia Loren.
A parte que não está na biografia é até hoje contada por intelectuais e boêmios (e vice versa) e tem sido repetida nas rodas natalenses pelo amigo Wober Junior, frequentador assíduo da cena carioca naqueles anos em que o Pasquim ditava humor e mau humor.
Candice despontou em Hollywood nos anos 60 após uma célebre carreira de modelo e em que pese a beleza sobrepondo o talento, acabou indicada a um Oscar e um Globo de Ouro por participações em dois filmes de destaque no começo da década seguinte.

Mas era, de fato, uma das maiores estrelas do cinema quando desembarcou no Rio de Janeiro e atraiu a atenção do gaúcho Tarso, que além de idealizador do Pasquim superava o supertime de gênios do tabloide no quesito "arrasa corações femininos?.
Diziam, lá nas mesas dos históricos bares Antonio?s, Jangadeiros e Veloso, que ele a assediou logo que a viu, enviando-lhe torpedos com o termo inglês "i?ll fuck?, e que por três ou quatro vezes ela amassou o papel fitando o autor por baixo da aba do chapéu.
Há duas versões para o êxito do ataque sensual de Tarso sobre Candice. A primeira, que juram ter ocorrido, foi que ele enviou uma caminhonete lotada de flores para a porta do Copacabana Palace, acompanhada de um cartãozinho que dizia apenas "i?ll fuck?.
A segunda, narrada no livro de Tom Cardoso, diz que ao aceitar conversar com o jornalista, a atriz caiu o queixo ao ouvi-lo contar a aventura revolucionária ao lado de Che Guevara na tomada de Havana em 1959. Mentira deslavada do brizolista radical.
A verdade verdadeira é que Candice Bergen apaixonou-se torpemente por Tarso de Castro e viveu com ele um namoro de cinema nos poucos dias em que ficou no Brasil. Do Rio, foi com ele para uma praia hippie baiana e depois para a capital Salvador.
Hospedado no luxuoso e então melhor hotel dos soteropolitanos, cuja conta teria sido dispensada pela direção por reconhecer a exposição publicitária na presença da estrela, o casal parecia em lua de mel. Aí Tarso lembrou de telefonar para um amigo baiano.
Já famoso pelo romance "Sargento Getúlio? e por ser um dos colaboradores do Pasquim, o escritor João Ubaldo espantou-se ao saber que o jornalista estava na Bahia sem tê-lo informado previamente para que preparasse um encontro à altura da amizade.
Num murmúrio quase inaudível, Tarso disse ao telefone que estava no Meridien com a atriz Candice Bergen, sua nova conquista, mas que não queria alarde midiático. Por isso, sugeria que o amigo fosse ao hotel, mas sem levantar suspeitas da presença ilustre.
Naqueles anos, ninguém duvidava do talento jornalístico e muito menos amoroso do Don Juan de Passo Fundo, mas era comum dar alguns descontos em seus devaneios por causa da ação do álcool e da maconha. João Ubaldo ouviu e também sussurrou na linha.
"Olha, Tarso, quem está aqui comigo aqui é a Sophia Loren, é só um tempinho pra gente tomar um banho e chego aí?, teria dito o cara que dali a poucos meses casaria com a ex-mulher do cartunista Henfil, após reencontrá-la numa visita que fez a Natal.
Outros dizem que Ubaldo informou da companhia da linda morena italiana e convidou Tarso para ir até sua casa para uma suruba hollywoodiana. O fato é que Tarso realmente namorou Candice Bergen. O idílio de João Ubaldo com Sophia Loren é só a versão.
Depois que voltou para os EUA, a atriz cansou de telefonar para o Rio de Janeiro procurando o jornalista, tinha decorados todos os telefones dos botecos e boates por onde Tarso circulava. Deixava recados com os amigos e ele nem tchuns, total silêncio.
Mesmo quando o mundo do cinema parou para acompanhar o casamento de Candice com o renomado cineasta francês Louis Malle, 1,68 metro, Tarso praticamente ignorou a namorada. Ao responder o convite, tascou num telegrama: "Dos Malle, o menor?.
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