A vitória não foi por acaso. Embora tenham só quatro anos de parceria, as duas são bicampeãs europeias de vôlei de praia

A vitória não foi por acaso. Embora tenham só quatro anos de parceria, as duas são bicampeãs europeias de vôlei de praia

Gustavo Franceschini

Do UOL, no Rio de Janeiro

Se tem um esporte da Olimpíada que o Brasil pode chamar de seu é o vôlei de praia. O país é, junto com os EUA, o criador da modalidade que virou olímpica. A paternidade, no entanto, não se converteu em medalhas na Rio-2016. Em um templo do esporte, com o apoio da torcida e com duplas bem cotadas, o Brasil viu duas alemãs dominarem o torneio feminino, encerrado na noite da última quarta.

Laura Ludwig e Kira Walkenhorst foram campeãs derrotando as duas duplas verde-amarelas que estavam na disputa. Na semifinal, elas fizeram 2 a 0 contra Larissa e Talita, campeãs do circuito mundial em 2015 e favoritas ao ouro olímpico. Na decisão, atropelaram Ágatha e Bárbara, que haviam levado a última Copa do Mundo e também eram candidatas ao título.

“Foi duro, definitivamente. Nós sabíamos que estaria bem barulhento, como já tinha sido na semifinal, mas conseguimos focar no nosso jogo”, disse Laura Ludwig após o ouro.

O cenário, de fato, favorecia o Brasil. Copacabana é um dos berços do vôlei de praia, esporte que começou como hobby nos anos 1970 e 1980 e foi parar na Olimpíada na década seguinte. A arena montada esteve sempre com bom público, em uma das atmosferas mais difíceis que um estrangeiro poderia encontrar no Rio de Janeiro.

Ludwig e Walkenhorst pareceram se sentir em casa. Na final, por exemplo, o público presente tentou, ao longo de todo o primeiro set, atrapalhar o saque das estrangeiras com vaias. E foi justamente no serviço que elas conseguiram vantagem, com 3 aces contra nenhum das brasileiras e uma reposição de bola que complicou muito o passe de Agatha e Barbara.

Até as condições da praia, que em tese favoreceriam as donas da casa, pesaram para as alemãs. O jogo, agendado para 23h59 da noite de quarta, foi marcado por uma forte ventania que iniciou minutos antes da bola subir. O clima atrapalhou a estratégia das brasileiras, que tiveram dificuldade em passar e atacar enquanto Ludwig e Walkenhorst se sobressaíam no mesmo fundamento.

“Foi muito estranho, eu acho que todas nós tivemos de mudar um pouco nossas estratégias, focando mais na qualidade do passe e do levantamento. Nós conseguimos colocar bons saques em quadra. Foi difícil, mas certamente foi a chave para a vitória”, disse Ludwig.

Até torcida a favor elas tinham, ainda que muito em minoria na comparação com o restante da arena. Durante a partida, os alemães que foram a Copacabana quiseram se sentir presentes gritando o nome do país em vários momentos de silêncio. Ainda que fossem abafados pela massa verde-amarela, os pequenos grupos se fizeram ouvir e foram ajudados pelas jogadoras. O domínio de Ludwig e Walkenhorst era tão grande que até o grupo que puxou um “Eu acredito”, no segundo set, desistiu rapidamente.

A vitória não foi por acaso. Embora tenham só quatro anos de parceria, as duas são bicampeãs europeias de vôlei de praia e ganharam cinco etapas do circuito mundial só neste ano, incluindo três das últimas cinco antes da Olimpíada, o que as ajudou a chegar embaladas para a conquista do ouro no Rio.

Foto: UOL

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