Por Airton Gontow
Após Monsalve ter ajeitado o time do Grêmio na terça-feira, em Curitiba, a expectativa é ver se o técnico Renato entrará no Rio de Janeiro, contra o Fluminense, com o colombiano na posição do Cristaldo e com Gustavo Nunes na do Pavon ou se escalará Monsalve no lugar do Pavon, e manterá Cristaldo entre os titulares.
No confronto, o Grêmio novamente perdeu o meio de campo e foi dominado. Ao mesmo tempo que sou, em tese, contra os três zagueiros, especialmente nas partidas em casa, não gosto da fórmula de ter no time quatro jogadores que não marcam.
Com quatro no ataque - no segundo tempo contra o Corinthians em São Paulo e também em Curitiba e anteontem durante 70 minutos contra o Fluminense na capital paranaense - ou seja, contra duas equipes fracas e com defesas muito vazadas - o Grêmio não marcou nenhum gol e nem criou uma única chance!
Com quatro jogadores ofensivos quase não atacou!
Renato parece não perceber que sem posse de bola e sem jogadores que articulem o time e façam a bola chegar ao ataque, de nada adianta ter à frente muitos atacantes.
Além disso, sem meio-campistas a defesa fica desguarnecida. Não é coincidência que o Corinthians em São Paulo só tenha começado a atacar depois que ficou com dez jogadores e Renato, achando que levaria vantagem, fez substituições na equipe para tentar deixá-la ofensiva. Quem começou a criar situações de gol foi o Corinthians, que só não venceu por um detalhe, centímetros detectados pelo VAR. Portaluppi disse que a queda de rendimento foi porque alguns jogadores pararam de correr quando se viram em vantagem numérica. Não viu ou não quis assumir que foi o maior culpado com as trocas que fez.
Na última partida, com as substituições, feitas só depois do gol do Fluminense, Renato não mudou o esquema, já que colocou um ponta (Gustavo Nunes) no lugar do outro (Pavon), e um meia (Monsalve) no lugar do outro (Cristaldo). Além disso, inverteu Soteldo para o lado direito, o que também foi decisivo para a vitória, já que o venezuelano infernizou a vida do inexperiente lateral Esquerdinha, que “participou” dos dois gols gremistas.
Mas além do ganho técnico (Pavon erra a maioria dos lances), há uma diferença brutal entre o estilo de Cristaldo e Monsalve. O jovem colombiano de apenas 20 anos é o articulador que falta ao Grêmio e ao futebol brasileiro. Tem o estilo de um Riquelme. Ao mesmo tempo que arma, é incisivo, faz gols e procura a tabela. Faz o difícil. E o fácil também. E tão bem!
Pouco depois de entrar, na primeira ou segunda jogada tabelou com Braithwite, que até então estava isolado, o jogo inteiro.
Já Cristaldo, é quase um segundo atacante. Raramente articula uma jogada. Seus passes são mais próximos da área adversária, como no cruzamento para Braithwite contra o Cuiabá. Depende de alguém para armar. Faz gols, mas nunca será o articulador do time - um Douglas, um Tadeu Ricci ou um Tchêco. Já Monsalve tem essa característica e é, ao mesmo tempo ofensivo; um mix - os mais velhos entenderão - de Tadeu Ricci e Iúra.
Cristaldo entrou bem no final de semana contra o Cuibá, mas ele foi irritante em duas ocasiões nos últimos cinco minutos do jogo, quando o chileno Aravena já estava em campo. Duas vezes podia ter passado para o jovem jogador, que estreava no time, e que entrava livre. Em uma delas segurou a bola. E na outra inexplicavelmente tentou inverter a jogada para o outro lado, à direita, e errou o passe. Monsalve teria feito o simples: passado para Aravena que, repito, entrava livre.
Além disso, contra o Fluminense Cristaldo muitas vezes esteve próximo demais do Braithwite. Ficava dentro da área, facilitando a vida dos defensores e, ainda por cima, tirava o espaço para o dinamarquês se movimentar.
Ainda assim se eu fosse o treinador do Grêmio (sorte para os gremistas que não sou), na próxima semana, no Rio de Janeiro, entraria com Monsalve no lugar do Pavon, manteria Cristaldo e deixaria o Gustavo Nunes para a segunda etapa.
(Cabe aqui uma observação sobre Pavon, mantido no time titular do Grêmio apesar de todos seus erros técnicos ao longo da temporada. Embora seja bem superior a JP Galvão e Galdino - que já não fazem parte do elenco do Imortal Tricolor - o treinador gremista repete sua teimosia ao manter o jogador na equipe titular. Pavon não atua em alto nível há muitos anos. Na sua volta ao Boca Juniors, depois dos EUA, fez quatro gols em 36 jogos. No Atlético Mineiro, marcou cinco gols em 72 partidas. No Grêmio, em 28 jogos marcou cinco gols - três deles no Campeonato Gaúcho, nenhum na fase decisiva.)
O time ficaria com Marchê, João Pedro, Jemerson, Kannemann e Reinaldo, Dodi, Villasanti, Monsalve e Cristaldo; Soteldo e Braithwite.
Se revolver manter as primeiras alterações feitas no Couto Pereira, Renato escalará Marchê, João Pedro, Jemerson, Kannemann e Reinaldo, Dodi, Villasanti e Monsalve; Gustavo Nunes, Braithwite e Soteldo.
Tem também a possibilidade de Renato voltar com os três zagueiros, sacando Pavon e colocando Monsalve no lugar do Cristaldo. O time ficaria com Marchê, João Pedro, Jemerson, Gustavo Martins (ou Geromel), Kannemann e Reinaldo; Dodi, Villasanti e Monsalve; Soteldo e Braithwaite.
Com essa terceira formação, o treinador gremista, a quem critico mas defendo, aumentaria a segurança da defesa, liberaria um pouco mais o Villasanti, os alas João Pedro e Reinaldo, e também - e principalmente - o Monsalve para as jogadas ofensivas.
Há, portanto, várias e boas alternativas para o Grêmio seguir forte na Libertadores. Nenhuma delas, em minha opinião, passa pela manutenção de Pavon e pela ausência de Monsalve no time titular.
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Airton Gontow é jornalista, cronista e diretor do site de relacionamento Coroa Metade.
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