Marinho Saldanha
Do UOL, em Porto Alegre
William Pottker chegou ao Inter sob rótulo de artilheiro. Justificado por ter sido goleador do Brasileiro de 2016 e do Paulista de 2017, o atacante era sinônimo de gols. Mas em Porto Alegre mudou perfil. Em vez do topo da lista dos marcadores, se destaca pela participação defensiva e pelos movimentos táticos.
Pottker, primeiro, deixou de ser atacante propriamente dito. Desde sua chegada ao Inter, atuou aberto no 4-2-3-1 ou 4-1-4-1, poucas vezes como centroavante. O Colorado jamais adotou qualquer formação com dois ou mesmo três atacantes com frequência.
Ainda que tenha "atacante" como sua posição original, Pottker ganhou atribuições defensivas como extrema. A necessidade de acompanhar o lateral adversário e o consequente desgaste físico. Ou a pressão a ser exercida no adversário com a bola.
Ainda mais agora. Com Zeca na linha de trás, é necessário auxiliar repetidamente e evitar que o ex-santista fique exposto. Com Fabiano, no ano passado, era possível se preocupar menos com isso.
E a mudança de formação pela qual passa o Inter também dá a Pottker atribuições sem a bola com maior ênfase. Com dois ao invés de três marcadores no meio, a única cobertura disponível no lado direito de defesa é Edenílson. Então, cabe a ele estar sempre atento para não dar ao rival o direito de ter superioridade numérica por ali.
"É muito importante que se entenda minha função no Inter. Eu ajudo muito na parte tática e para mim isso é muito importante na equipe. Fico feliz em ajudar com gols, mas também na parte tática. Não quero tirar minha responsabilidade de marcar, vivi iso minha carreira toda, quando tiver a oportunidade vou procurar concluir, mas é fundamental jogar para a equipe", disse o jogador.
As orientações repassadas a ele fazem parte do processo de construção da ideia coletiva do time. Foi um processo parecido com o que passou Nico López, que terminou a temporada passada contribuindo muito na fase defensiva da equipe.
Até mesmo D´Alessandro ganhou atribuições sem a bola, e nos bastidores o controle da partida pela boa condição defensiva foi um dos pilares da construção da campanha de 2018.
"Aqui ninguém joga para si, mas para o clube. Como o professor Odair nos pede. Eu tenho uma função. A torcida me cobra pela artilharia, mas hoje em dia é muito difícil isso porque eu entrego muito em outras funções. É agradecer a Deus por participar do coletivo e, querendo ou não, eu estou sempre cumprindo minha função tática e brigando pela artilharia também. Faço alguns gols e fico muito feliz em representar bem o Inter", completou.
Com 25 anos, Pottker disputou quatro jogos na temporada até agora e marcou um gol. Ainda participou diretamente de outro, quando chutou na trave e no rebote a bola acertou um defensor e entrou, sendo anotado gol contra.
Foto: Ricardo Duarte/Inter