No Athlético Paranaense, Fluminense, São Paulo, em todos os times que dirigiu, o trabalho de Fernando Diniz saltava aos olhos. Treinador criativo, suas equipes saíam da defesa para o ataque com toques curtos, obrigariamente curtos, como se fosse proibido dar chutões.
E era.
Da beirada do gramado, ouviam-se os berros do técnico, pedindo para que seus jogadores não parassem de tentar, de ousar. Em casa, pela TV, ou no estádio, quando ainda nem sonhávamos com a pandemia do coronavírus, o torcedor do time de Diniz, ficava com o coração na boca.
Era a marca registrada do treinador.
O seu cartão de visitas.
Seus times tinham sempre o domínio da bola.
Jogavam bonito, encantavam.
Mas nos trabalhos realizados em grandes clubes, Diniz nunca ganhou títulos. A sua única conquista foi no minúsculo Votoraty, da cidade de Votorantim, em 2009, quando colocou no peito a faixa de campeão da Terceira Divisão do futebol paulista.
Fernando Diniz já dirigiu onze equipes.
Nestes trabalhos, chamou a atenção mais pelos sustos que seus comandados davam nos torcedores do que pelas grandes vitórias.
Sim, mas pelo menos era ousado.
Agora, nem isso é mais.
O Santos de Fernando Diniz insiste em jogar pelas laterais e fazer cruzamentos para dentro da área. Foi inferior ao combalido Corinthians no jogo deste domingo. Só não foi derrotado porque o VAR não quis.
É verdade que o VAR corrigiu dois erros que a arbitragem de campo cometeu. Um gol em impedimento e um pênalti que, na opinião do árbitro de vídeo, não aconteceu.
Embora o lance tenha gerado muitas discussões.
O Santos de Fernando Diniz é sonolento, sem criatividade e ousadia. Enquanto seus jogadores mostram um futebol desprovido de imaginação, o técnico limita-se a berrar na lateral do gramado exigindo movimentação.
É inquestionável que o elenco do Santos é fraco. Se já era frágil após as saídas de Lucas Veríssimo e Soteldo no final do ano passado, ficou ainda mais pobre após as vendas de Luan Peres e Kaio Jorge.
Mas o que se discute aqui é o modelo de jogo.
Se Fernando Diniz conseguiu marcar seu nome como um técnico autoral, com uma imensa vontade de inovar, hoje nem isso é mais.
Dá sinais de que o período em que trabalhou no São Paulo deixou marcas profundas em sua personalidade.
O fato de ter perdido o título do Campeonato Brasileiro, depois de liderar a competição com folga, o deixou traumatizado.
Assumiu o Santos disposto a adotar um esquema tático mais conservador.
Pode ser.
Agora, embora não provoque calafrios no seu torcedor, o time de Diniz passa muito distante dos momentos de brilho que proporcionava.
Ou seja, Fernando Diniz mudou.
Para pior.