Técnico do Manchester United, Alex Ferguson, reclama da expulsão de Nani

Técnico do Manchester United, Alex Ferguson, reclama da expulsão de Nani

Fernando Duarte
Do UOL, em Londres

Na teoria, o Arsenal poderá ir à Alemanha na semana que vem e reverter a considerável vantagem obtida pelo Bayern de Munique com a vitória por 3 a 1 em Londres no mês passado. Na prática, é bem provável que o último representante inglês na Liga dos Campeões da Uefa vá ficar pelo caminho, assim como o Manchester United diante do Real Madrid, e marcar a pior temporada do país na competição europeia desde 1996, quando nenhum inglês foi às quartas-de-final.
O time de Alex Ferguson estava bem vivo na competição até os 10 minutos do segundo tempo da partida em Old Trafford. Foi quando o português Nani foi expulso após atingir Arbeloa, em uma decisão bastante contestada do árbitro turco Cüneyt Çakir. Depois disso, apesar de ser o "melhor time em campo? na opinião até do técnico do Real Madrid, José Mourinho, o Manchester United sofreu a virada e amargou uma frustração que remete aos tropeços do futebol inglês no fim do século passado.
Se naquele ano os súditos da rainha ainda estavam atrás de italianos e espanhóis no que dizia respeito a poder de fogo dentro e fora de campo, a queda prematura de seus representantes na Liga dos Campeões em 2013 soa bem mais grave quando a Premier League exibe uma pujança financeira sem comparação com os vizinhos ? mesmo na Espanha, onde a diferença entre Real e Barcelona é imensamente superior a do resto dos clubes da primeiro divisão. Desde a noite desta terça-feira, os ingleses especulam se não está havendo uma mudança no jogo de forças europeu.
Sim, um observador mais atento vai apontar para o fato de que, com exceção de 2010, os clubes ingleses marcaram presença em todas as  finais de liga desde 2005, sem falar ainda no tira-teima caseiro entre Chelsea e United em 2008. A equipe londrina, por sinal, é atual campeã continental, repetindo os feitos mais recentes de United (1999 e 2008) e Liverpool (2005).
No entanto, poucos meses depois de conquistar um inédito título europeu, o Chelsea fez história às avessas ao cair na fase de grupos. O mesmo destino teve o Manchester City, não apenas o atual campeão inglês como o dono de um dos elencos mais caros do mundo, em que jogadores como Carlitos Tevez, Sergio Aguero, David Silva, Yaya Touré  e, há até pouco tempo, Mario Balotelli, jogam do mesmo lado do campo. E ambos os times foram categoricamente superados pela concorrência na fase de grupos.
??Estamos vendo uma diferença de qualidade entre o futebol que está sendo jogado este ano na Inglaterra e no resto da Europa. Em 2013, os clubes ingleses não estão no mesmo nível da concorrência??, vaticina o irlandês Roy Keane, ex-jogador do Manchester United com diversas partidas de Liga dos Campeões no currículo, incluindo a campanha de 1999.
Os resultados certamente desferem um golpe na soberba inglesa. O sucesso de sua liga, hoje a mais rica, a mais vista ao redor do mundo e a que mais conta com jogadores de seleções internacionais espalhados pelas equipes da primeira divisão, alimentou o ufanismo da mídia e dos torcedores locais, que também não foi desestimulado por desempenhos como as cinco finais consecutivas incluindo um clube inglês entre 2005 e 2009  - mesmo apesar de três delas terem terminado em vice.
Discussões táticas certamente terão a companhia de especialistas apontando para a falta de férias de inverno na Inglaterra e o predomínio de atletas estrangeiros nas equipes como argumentos para o fraco desempenho. E se parece exagerado falar em crise, o quase garantido sumiço precoce dos ingleses na Liga dos Campeões de 2013 certamente acendeu uma luz de alerta.

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