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O especialista em marketing esportivo, Amir Somoggi, falou ao Terceiro Tempo sobre o desenvolvimento da matéria no Brasil. E que ainda o futebol brasileiro está engatinhando em comparação aos europeus e os americanos. Somoggi é um estudioso da Football Industry da Europa e sua aplicabilidade ao mercado brasileiro de futebol, propõe mudanças de filosofia e diz como os grandes clubes do mundo se comportam neste quesito.
Terceiro Tempo: Qual é o estágio do marketing esportivo no futebol brasileiro?
Amir Somoggi: Se você olhar para o volume de dinheiro é um momento de crescimento, mas se olharmos com mais atenção, percebemos claramente que é um crescimento limitado no ponto de vista da qualificação, apenas no volume de dinheiro. Vamos pegar o exemplo da Caixa Econômica Federal, ela investiu R$ 100 milhões neste mercado. Nem por isso houve inovação no mercado em relação ao marketing esportivo. Cresceu nos termos quantitativos em não em qualitativos.
Terceiro Tempo: O que está atrasando o mercado qualitativo do futebol nacional?
Amir Somoggi: Um pouco pela visão limitada dos dirigentes brasileiros desta importante ferramenta. Eu gosto de usar o caso de Neymar da venda do seu passe do Santos para o Barcelona. Todos ficaram surpreendidos com a repercussão da ida do jogador para a Catalunha. O Barcelona tem mais de 60 profissionais no departamento de marketing, enquanto o Santos têm apenas quatro; O Barcelona tem 30 patrocinadores, o Peixe male-male tem dois ou três. Essa é a questão: o Santos teria a possibilidade de ter 30 profissionais no seu departamento de marketing com três ou quatro profissionais? Isso é impossível.
Terceiro Tempo: E por que dão pouca importância no departamento de marketing?
Amir Somoggi: Porque criaram a tese errada que todo dinheiro que entra no clube tem que ir para contratação de jogadores e ganhar títulos. Novamente é o caso do Santos, que é incapaz de investir de marketing e contratou o Montillo por R$ 20 milhões. Ou do Corinthians, que não investiu um centavo no marketing e trouxe o Pato por R$ 40 milhões. Não estou falando que não é importante contratar jogadores. Mas os americanos e os europeus conseguiram provar que deve existir o equilíbrio no investimento da marca e dinheiro para financiar sua atividade esportiva.
Terceiro Tempo: Se compararmos o futebol brasileiro com a NBA (Liga de basquete dos Estados Unidos) e os times de futebol na Europa?
Amir Somoggi: Somos a terceira divisão do marketing esportivo. Como que um profissional brasileiro do marketing esportivo de um clube trabalharia na NBA, se os times americanos não têm patrocínios de camisa? Sendo que os clubes brasileiros praticamente só vendem espaço na camisa. Na NBA ou NFL (Liga Americana de futebol americano), eles fazem outro tipo de marketing esportivo, como projetos relacionamentos, ações comerciais nos jogos, promoções e uma gama enorme de atividades para atrair os patrocinadores.
Terceiro Tempo: A Seleção Brasileira também está incluída neste fracasso do marketing no futebol nacional?
Amir Somoggi: também. Como uma diferença, ela já tem o status de faturamento elevado em função de vários aspectos. A força que a marca que a Seleção Brasileira tem, a internacionalização, os craques de força global, o mundo conhece o futebol brasileiro pela seleção brasileira e não pelos nossos clubes. Faço uma comparação: o Real Madrid e o Barcelona são muito mais importantes para o mundo que a seleção espanhola, isso do ponto de vista comercial. Essa é a grande mudança, os times terão que se fortalecer como marca.
Terceiro Tempo: E por que os clubes brasileiros aceitam essa imposição internacional da CBF?
Amir Somoggi: Na verdade é uma questão de calendário e interesses comerciais. O que ninguém pode provar é que para a CBF isso é bom. Porque para ela, se os clubes começarem a disputar amistosos internacionais, ela terá que dividir este bolo. Atualmente, sem dúvida a CBF é a entidade esportiva mais rica do país.
Terceiro Tempo: E se a CBF aplicar as mesmas monções do “Fair Play” financeiro no Brasil?
Amir Somoggi: Isso tem que chegar no Brasil. O grande objetivo da Uefa com o fair play financeiro era limitar o prejuízo a € 45 milhões, que os clubes magnatas fazem, como o PSG e o Manchester City. O grande problema do Brasil é que os clubes não recolhem os impostos e as contribuições sociais e continuam gastando em altos salários. E tudo isso tem que passar pela CBF, porque no final de tudo isso é a punição esportiva.
Terceiro Tempo: Você acha que a Uefa fecha os olhos para alguns clubes europeus?
Amir Somoggi: A Uefa está preocupada, com certeza ela gostaria de ver um futebol diferente do que é hoje. Esses magnatas ao mesmo tempo que fortaleceram o futebol dentro de campo, arrebentaram as finanças dos clubes. Mas ela (Uefa) foi muito condescendente ao permitir prejuízos em até € 45 milhões, que já é uma exorbitância
Terceiro Tempo: Quem aqui no Brasil desenvolve o melhor marketing esportivo no futebol?
Amir Somoggi: Do ponto de vista de clube, todos são muito parecidos. É o caso do Corinthians, que tem contratos maiores, mas por causa dos jogos transmitidos pela TV. Os clubes do Sul, Grêmio, Inter e Atlético Paranaense que tem uma estrutura melhor, mas não tem espaço de mídia. O Santos com o Neymar, teve bastante projeção nacional, mas com a sua saída não conseguiu ter novos patrocinadores e nas empresas, gosto de citar o Itaú e a Redbull que fazem um ótimo trabalho.
Terceiro Tempo: E na Europa?
Amir Somoggi: Todos os times de ponta têm um excelente trabalho. O Bayern de Munique, o Real Madrid, o Barcelona, Manchester United e as empresas como a Heineken. Lá (Europa) tem uma profusão de exemplos muito maior aqui.
Terceiro Tempo: Se compararmos em números, o Corinthians e o Barcelona?
Amir Somoggi: É uma diferença absurda. O Corinthians fatura R$ 60 milhões, enquanto o Barcelona R$ 400 milhões. E o time espanhol nem é o que mais fatura com o marketing esportivo e sim o Bayern de Munique. O Barcelona tem entre 25 e 30 patrocinadores, sendo que apenas um na camisa, enquanto o Corinthians somente três.
Terceiro Tempo: E o marketing das novas arenas brasileiras construídas para Copa do Mundo?
Amir Somoggi: As novas Arenas trouxeram um novo ambiente e precisávamos disso para construir uma nova perspectiva. Mas o conteúdo que vendemos ainda está muito baixo. E o torcedor ainda está muito ligado ao resultado dentro de campo. As novas arenas terão que construir essas novas realidades para atrair torcedores e as famílias que podem gastar nas arenas muito aquém do jogo em si. Além de tudo isso, as novas arenas estão na mão das empreiteiras, com exceção do Atlético Paranaense, o lucro terá que ser discutido. O preço do ingresso é uma grande discussão, pois os torcedores não estão lotando os novos estádios, só em jogos importantes como sempre foi.
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