Vinicius Castro
Do UOL, no Rio de Janeiro
O meia Luiz Antônio retoma a rotina no Flamengo após prestar depoimento na última quinta-feira (14) sobre suposta ligação com uma milícia - grupo de extermínio composto por agentes de segurança que controla, através de força e armas, serviços básicos em comunidades carentes - que atua na zona oeste do Rio de Janeiro. O resultado das explicações na Draco-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais) foi positivo para o atleta, que inicialmente não deve sofrer maiores consequências.
O advogado Michel Assef Filho mostrou tranquilidade com a situação do seu cliente. O inquérito policial colocou o jogador na qualidade de testemunha, e não como envolvido, fator que encheu de confiança a parte responsável pelo atleta rubro-negro.
"O Luiz Antônio não foi citado como envolvido no inquérito. Ele funcionou apenas como testemunha. Ou seja, prestou o seu compromisso legal e colaborou com a investigação. O jogador contou tudo o que sabia. É a hora de voltar normalmente aos treinos. O assunto está liquidado em nossa ótica. É página virada", explicou Assef ao UOL Esporte.
Responsável pelo caso, o delegado Alexandre Capote espera concluir a investigação em até um mês. Apesar do otimismo, Luiz Antônio ainda terá o seu discurso confrontado com outras informações. Caso seja necessário, a Polícia Civil pode envolvê-lo diretamente no inquérito e tirá-lo da condição de testemunha.
Baseado nas informações do departamento jurídico, o Flamengo planeja dar sequência ao trabalho do atleta. Os responsáveis pelo futebol seguem monitorando as investigações e aguardam maiores detalhes para tomar possíveis providências futuras. Enquanto isso, como assegurou o seu advogado, Luiz Antônio segue a vida normalmente.
Entenda o caso
Segundo investigação inicial da Draco-IE, Luiz Antônio presenteou, com uma caminhonete Ford Edge, o ex-PM Marcos José de Lima Gomes, o Gão, um dos chefes da milícia na zona oeste. No dia 11 de janeiro, o pai do jogador registrou o roubo do veículo na 42ª DP (Recreio). Gão teria ficado com a caminhonete por pelo menos duas semanas. O ex-PM está preso.
Tal atitude configurou, de acordo com os policiais, o golpe conhecido como "tombo do seguro", no qual o segurado diz que teve o carro roubado para recuperar o valor em dinheiro do mesmo através da seguradora. Luiz Antônio negou conhecer o comandante da milícia em seu depoimento e confirmou que o automóvel foi realmente roubado enquanto era dirigido pelo seu pai.
O delegado Alexandre Capote considerou as explicações importantes para esclarecer os fatos. Ele aguarda os próximos passos para finalizar a investigação e confirmar se Luiz Antônio será convocado novamente ou poderá seguir a sua carreira profissional após mais uma turbulência.
FOTO: UOL
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