Experiência de Oscar Schmidt no mundo das palestras chega ao leitor em obra de Elias Awad

Experiência de Oscar Schmidt no mundo das palestras chega ao leitor em obra de Elias Awad

Às vezes a gente imagina que conhece tudo sobre um ídolo do esporte, desses dos grandes, que estão sempre no noticiário e, de alguma forma, frequentam nossa vida há tempos. Mas um novo livro a respeito de vida e carreira de Oscar Schmidt apresenta curiosidades e versões pouco conhecidas sobre o maior cestinha da história das Olimpíadas. Por exemplo, a recusa do "Mão Santa" a uma oferta para posar nu e o arrependimento de enfrentar Eduardo Suplicy na eleição paulista ao Senado, em 1998.

"Oscar Schmidt – 14 motivos para viver, vencer e ser feliz" (Editora Novo Século), de autoria do jornalista e escritor Elias Awad, discorre principalmente sobre como o ex-jogador de basquete virou um palestrante motivacional de sucesso, em transição que recentemente inclui a experiência da superação de uma doença grave.

Em forma de depoimento em primeira pessoa, Oscar dialoga com o leitor da maneira direta informal que sempre caracterizou sua personalidade pública. É assim que ele relata a oferta para posar nu, logo após deixar o basquete em 2003, aos 45 anos.

"Recebi até convite para... para... para posar pelado numa revista! Era uma grana pesada: talvez uns R$ 800 mil. Mas não aceitei. Não recrimino quem faça, mas pulei fora. Isso tiraria o valor da minha trajetória. Diminuiria a credibilidade que conquistei com o torcedor", conta o ídolo das quadras.

Com o mesmo bom humor, Oscar também descreve no depoimento ao livro outros casos curiosos. Em um deles, o ídolo foi abordado para conceder um autógrafo bem no momento em que urinava em um banheiro de aeroporto.

Na revisão de trajetória em forma de livro, Oscar também registra um mea culpa. O antigo camisa 14 da seleção cita o "maior erro da vida" ao falar da aventura na eleição ao Senado em 1998, pelo então PPB (Partido Progressista Brasileiro), em dobradinha com Paulo Maluf, candidato a governador. Neste capítulo o ex-jogador relata que sua mãe, Dona Janira, chegou a rezar para que o filho perdesse do petista Suplicy, com o temor que a vida política corrompesse a reputação conquistada no esporte.

Oscar conseguiu 5,75 milhões de votos, mas ficou atrás do favorito do PT (com 6,71 milhões). No fim das contas, ficou o alívio após um passo equivocado [no livro, não há menção ao convite de Maluf para integrar a chapa]:

"Em 1995, quando voltei a jogar no Brasil, coloquei na cabeça que queria ser presidente do país. Virou uma meta. Imagine só que idiotice. Eu não saberia conviver com os escândalos. Se um ministro meu aprontasse alguma lambança, não sei o que seria capaz de fazer (..) considero esse o maior erro da minha vida".

CÂNCER E TUMOR NA CABEÇA

Um câncer aos 53 anos não derrubou o ânimo de Oscar Schmidt em 2011. Numa metáfora de basquete, seria quase como sofrer uma cesta do time rival nos últimos segundos, perdendo a liderança do placar. Mas o maior jogador brasileiro de sua geração deu a volta por cima, após cirurgias delicadas e um tratamento sacrificante. No último ano, em meio à recuperação, ainda comemorou a entrada no hall da fama de sua modalidade e a eleição como melhor palestrante do país, conferida por uma entidade de RH.

O autor Elias Awad diz que não lidou com qualquer restrição sobre o tema, que pôde contar passo a passo como o abalo de saúde aconteceu. Neste trecho do livro, Oscar relata a aflição de quando descobriu um tumor de oito centímetros no cérebro, incluindo o episódio dramático em que seu filho o retirou à força da banheira após um desmaio.

"Todo mundo tem esses momentos [de abaixar a guarda no embate com uma doença grave]. Só que o Oscar tem a veia do campeão. De estar tomando 20 pontos e ir lá buscar. É como se estivesse em quadra, tomando de 20 pontos e falar: agora eu vou fazer seis cestas de três pontos e vamos encostar", diz Awad.

O autor afirma que "Oscar Schmidt – 14 motivos para viver, vencer e ser feliz" não se enquadra propriamente na classificação de biografia. A obra, a seu ver, funciona melhor como uma versão em livro da palestra que o ex-jogador desenvolveu para atuar no mundo corporativo.

O livro de Elias Awad sobre Oscar foi lançado oficialmente na noite de quinta-feira, em um evento em São Paulo.

FOTO: UOL

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