Gylmar não está mais entre nós. Não, não chorem nem lamentem, pois ele partiu em nobre missão, indo juntar-se a Djalma Santos, De Sordi, Mauro, Orlando, Garrincha, Vavá, Didi e tantos outros companheiros de glórias aqui vividas, para fazer brilhar ainda mais no firmamento, a nossa Seleção Brasileira de Estrelas. Na realidade, pouco antes de embarcar nesse glorioso vôo, confessou-me que não estava muito disposto a atender a mais essa convocação - sentia-se meio "fora de forma?, e com medo de lesionar-se facilmente. Afinal, desde há muito não sabia mais o que era ficar debaixo dos três paus daquela meta imensa, que tanto soube defender. Mas, sabendo que o médico Hilton Gosling, o preparador físico Paulo Amaral e o massagista Mário Américo também estão por lá, e cioso de sua profissão como sempre foi, resolveu atender aos insistentes pedidos dos eternos amigos, ansiosos e algo inseguros para a estréia da nossa seleção no Campeonato das Galáxias. É que Castilho, seu fiel suplente, anda meio deprimido, e Barbosa, mesmo no Céu, ainda carrega na alma o peso daquele fatídico gol da final da Copa de 1950! Ademais, resignou-se ele, agora com Feola dividindo com Aymoré Moreira no comando do nosso Escrete dos Sonhos, esse campeonato será uma "barbada?. Não tinha mesmo o porquê não atender a esse derradeiro chamado. E lá foi ele sem seu já tão combalido corpo, sem luvas e joelheiras para incomodá-lo em suas atuações celestiais.
Só imaginando assim é que encontro forças para aplacar, em parte, tanta saudade; aceitar que todos aqui da Terra - inclusive nossos ídolos ? um dia encerram o ciclo biológico e cumprem a sua existência. Como lenitivo para o vazio em que mergulha minha alma, resta-me pedir a Deus que com sua infinita bondade, me conceda a graça de um dia poder postar-me atrás do gol do Estádio do Firmamento, e tornar a admirar o vulto negro a se impor com galhardia e coragem à frente da meta do nosso Escrete dos Sonhos. Como nos idos de minha infância, grudado no alambrado do gol de entrada do Pacaembu, em 1962.
Por isso, meu amado Gylmar, quando você estiver atuando, sempre que puder, não se esqueça de olhar atrás do gol. Certamente um dia, você irá me encontrar pendurado no alambrado, maravilhado com as suas defesas... pela eternidade.
Descanse em Paz meu amado ídolo, e até breve.
Com o respeito e a admiração de sempre.
Edson Aparecido Liberti

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