Os Jogos Olímpicos de Londres já podem ser considerados o marco zero da paridade participativa entre homens e mulheres, o primeiro da História a contar com a presença feminina em todas as delegações dos 192 países e 13 territórios, previstos no evento.

Os Jogos Olímpicos de Londres já podem ser considerados o marco zero da paridade participativa entre homens e mulheres, o primeiro da História a contar com a presença feminina em todas as delegações dos 192 países e 13 territórios, previstos no evento.

Os Jogos Olímpicos de Londres já podem ser considerados o marco zero da paridade participativa entre homens e mulheres, o primeiro da História a contar com a presença feminina em todas as delegações dos 192 países e 13 territórios, previstos no evento.

Na segunda-feira, 16, o Comitê Olímpico Internacional confirmou que a Arábia Saudita, finalmente, enviará duas atletas para a competição; a corredora de 800 metros Sarah Attar e a judoca Wodjan Saraj Abdulrahim. Anteriormente, o Catar e o Brunei haviam feito o mesmo.

A decisão dos três países no envio de mulheres às Olimpíadas não deixa de ser um avanço na secular disputa das mulheres pelos mesmos espaços masculinos, em que pesem os enormes preconceitos ainda existentes nos campos social, político e cultural.

Londres 2012 estabelece um parâmetro histórico para a trajetória dos Jogos Olímpicos na era moderna, nascidos e inspirados no conceito lúdico e bélico da Grécia Antiga, que não permitia a participação feminina, ao tempo em que os homens competiam nus.

Inaugurada em 1896 em solo de Atenas, num claro objetivo de interação atemporal com os séculos a.C., a primeira edição das Olimpíadas não contemplou as mulheres, por iniciativa do próprio Barão Pierre de Coubertin, o patrono dos Hércules da nova era.

Não que houvesse uma particular misoginia do criador dos jogos, a ausência feminina era imposição de um sentimento coletivo do fim do século XIX, quebrado no alvorecer de 1900 nos jogos de Paris, quando 19 beldades disputaram no tênis e no golfe.

A entrada triunfal das mulheres num ambiente de homens acabou por reduzir historicamente a opinião geral da época de que o papel das mulheres nos Jogos Olímpicos era coroar com aplausos os vencedores homens. E Londres foi essencial.

Nos jogos de 1908, a capital inglesa registrou a maior participação feminina desde Atenas, com 43 atletas. Nessa altura, a britânica Charlotte Cooper, primeira campeã olímpica, no tênis, e a americana Margaret Abbot, no golfe, já eram quase mitos.

Antes dos jogos de 1930, em Berlim, o COI realizou um congresso com a específica finalidade de discutir os critérios do que era ou não esporte olímpico para as mulheres. Modalidade vitoriosa no Brasil, o vôlei feminino só apareceu em 1964, em Tóquio.

A conquista feminina no espaço esportivo é a consagração de um sonho interrompido em 388 a.C., quando a primeira mulher que tentou invadir a cena masculina nos jogos da Grécia Antiga quase pagou a ousadia com a própria vida. Seu nome era Pherenice.

Pherenice não era uma atleta, não tinha o equilíbrio de Pélopes para guiar bigas nem a força de Hércules para atirar discos, sequer tinha o direito cidadão exclusivo dos homens. Ela só queria ver seu filho Peisidouros competir numa luta similar ao boxe.

Como antecipando a blague do meu personagem Ugo Vernomentti, "ser mãe é pai descer no paraíso?, ela se travestiu de homem, botou a túnica do marido morto, adentrou ao ringue e se instalou no lugar dos técnicos, para ver de perto seu rebento.

A coitada da Pherenice só não esperava que seus movimentos de torcedora fanática, gritando e saltitando pela vitória do filho, fizesse sua roupa saltar do corpo. Ficou nua no recinto e só não foi executada após a condenação por ter vários atletas na família.

Mas pagou pela nudez e por penetrar na festa de Zeus. O Comitê Olímpico Brasileiro bem que poderia prestar homenagem a Pherenice em Londres, exibindo as lindas curvas de Mari Paraíba, a nossa musa do vôlei, capa e ensaio da nova edição da Playboy.

Homenagem de cunho histórico, sociológico e cultural, juntando na beleza anatômica do passado e do presente uma luta de corpos e mentes pela igualdade definitiva. Um novo feminismo, sem sutiãs queimados, inspirado no jogo sensual que só a mulher sabe fazer.

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Imagem: @CowboySL

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