A jornalista e antropóloga Carmen Rial trabalhava para o jornal Mulherio em 1987. O Mulherio era um veículo de comunicação da chamada “imprensa nanica”, nascida para se contrapor à mídia tradicional, censurada, calada, pelo Regime Militar, que deixara o poder dois anos antes, mas que ainda dava as cartas no Brasil da época.
Foi dela, e do também jornalista Claudio Diensti, a matéria sobre o envolvimento do então jogador de futebol e hoje técnico Alexi Stival, o Cuca, no estupro de Berna, na Suíça.
Cuca e os colegas de Grêmio, Eduardo Hamester, Fernando Castoldi e Henrique Etges, zagueiro que depois veio jogar no Corinthians, foram acusados e condenados pelo estupro da menina Sandra Pfaffli, de 13 anos, em um hotel na cidade suíça, durante uma excursão da equipe gaúcha.
A matéria no Mulherio serviu de suporte para uma excelente reportagem do Esporte Espetacular de 10 de janeiro de 2021 a respeito de violência contra a mulher no futebol brasileiro.
A matéria pode ser vista aqui: https://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/esporte-espetacular-aborda-casos-de-violencia-contra-a-mulher-no-futebol-brasileiro.ghtml.
Neste excepcional trabalho jornalistático, o programa da Rede Globo entrevistou Luís Carlos Martns, o Cacalo, na época vice-presidente jurídico do Grêmio, que deu detalhes sobre o ato contra menor.
“Um dos atletas manteve relações sexuais com e menina e foi condenado por atentado ao pudor”.
Mesmo sendo dirigente do clube gaúcho, Cacalo foi bem direto em sua avaliação. E criticou até a maneira como os torcedores do Grêmio receberam os quatro jogadores no aeroporto de Porto Alegre, no retorno deles ao Brasil.
Como pode ser visto na matéria do Esporte Espetacular lincada acima.
No vídeo que gravou para o UOL Esportes, Cuca nega a participação no estupro.
“Não tenho culpa de nada”.
Não fica claro qual foi a sua participação real no ato deplorável praticado pelos quatro jogadores
em um quarto de hotel, tendo como vítima uma vulnerável menina de 13 anos de idade.
Mas de uma ou de forma, participante do ato, ou como voyeur (pessoa que obtém prazer ao observar atos sexuais ou práticas íntimas de outras pessoas), a verdade é que Cuca, ao resolver gravar um vídeo para o UOL, perdeu uma grande oportunidade de ficar calado.
Ou, talvez, de vir a público dizer que errou e que gostaria de pedir perdão pelo que fez 34 anos atrás.
Cuca resolveu gravar o vídeo por causa da reação de grande parte da torcida do Galo, que é contra a sua contratação para substituir Jorge Sampaoli no comando do time mineiro.
A reação dos torcedores nas redes sociais é forte.
E Cuca, que seguiu a sua carreira normalmente como jogador e posteriormente como técnico após o que ocorreu em um hotel na Suíça, pode ter seu nome vetado, ou cancelado, como se diz hoje, pela força das redes sociais.
Afinal, dirigente nenhum e, principalmente, os mecenas que dão suporte financeiro ao Galo, querem correr o risco de contratar um profissional que chegue ao clube sob olhares de desconfiança.
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