Ainda há tempo para reagir, mas só uma mudança profunda salvará o Santos de um destino medíocre. Foto: Raul Baretta

Ainda há tempo para reagir, mas só uma mudança profunda salvará o Santos de um destino medíocre. Foto: Raul Baretta

A derrota para o Vitória, na Vila, foi mesmo o ó do borogodó, sinal evidente de que o Santos se firma como um sério candidato ao rebaixamento. Analistas comentam os jogos que faltam ao time de Vila Belmiro e decidem que “só um milagre pode salvar o Santos” de um novo vexame histórico. Tentemos analisar a questão sem paixões.

Se a perspectiva se basear na partida contra o Vitória, aí não haverá mesmo qualquer esperança. Perder no Urbano Caldeira, outrora chamado “Alçapão”, justo para o time coadjuvante de quem buscava se distanciar, foi a gota d`água. Quem sofre uma derrota dessas pode perder para qualquer um, ponderam os muitos palpiteiros internéticos.

Se por um lado têm razão, por outro estão ingenuamente enganados, já que o futebol continua sendo um contêiner de surpresas. Se o Santos de Pelé, melhor time do mundo, em uma tarde insólita, foi goleado pelo Jabaquara por 6 a 3, em plena Vila, por que o destino não pode favorecer os santistas nessa reta final?

Seria impossível vencer Fortaleza, Mirassol, Sport e Cruzeiro na Vila? É claro que não, mas a derrota para o Vitória tirou a convicção de muitos santistas históricos. E mesmo que se safe desta, perguntarão alguns, o que aguarda o Santos nos próximos anos se continuar repetindo os mesmos erros?

Para muitos a única saída que pode salvar o clube é uma administração realmente profissional, pragmática, em que todos os passos são dados e todos os centavos são gastos com método, planejamento e transparência. O torcedor quer saber, por exemplo, o que justifica gastar tanto com jogadores comuns, que não honram a sagrada camisa que tanto já fez pelo futebol?

Um dia, quando corriam rumores de que a Portuguesa de Desportos, mergulhada em dívidas, fecharia definitivamente suas portas, perguntei ao presidente da Portuguesa Santista se acaso os torcedores da Lusa paulistana quisessem uma outra Portuguesa para torcer, ele passaria a mandar os jogos da Briosa na Capital. Sua resposta, positiva, não levou dez segundos.

Esta, então, parece ser a saída futura do Santos caso o time e o clube se afunde mais uma vez na Segunda Divisão do Brasileiro e não demonstre poder de reação dentro e fora do campo. Em São Paulo o time atraiu, sempre, públicos bem maiores do que na Vila, condição indispensável para seduzir novos e generosos patrocinadores. Há uma explicação numérica para isso: a Capital conta com cerca de 1,2 milhão de santistas, enquanto Santos e São Vicente, somadas, não congregam 300 mil aficionados do Peixe. Isso sem contar a diferença de poder aquisitivo.

A conclusão é a de que mesmo em situação crítica, é possível, sim, ao Santos, escapar do rebaixamento. O mais importante, porém, é olhar bem à frente e fugir de um destino medíocre, incógnito, algo insuportável para um time ainda hoje considerado uma das marcas mais respeitadas do futebol. E esse segundo passo só será dado com a coragem digna de um Zito e a habilidade de um Pelé.

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