Abel Braga vinha sendo muito questionado entre os torcedores e dirigentes. Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Abel Braga vinha sendo muito questionado entre os torcedores e dirigentes. Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Abel tinha contrato com o Flamengo até o final do ano. Sem multa, é verdade. O que facilitou para que a segunda passagem pelo clube fosse encurtada. Mas, independentemente disso, o mês de maio se tornou decisivo para a saída do Rubro-negro por uma série de acontecimentos nos bastidores. A verdade é que clube e técnico desfizeram o casamento absolutamente insatisfeitos. Cada um na sua.

Alguns pontos foram determinantes no processo. Apontado como solução em sua chegada, em janeiro, Abel Braga se sentiu "fritado" nos bastidores durante os últimos dias. Reclamou constantemente pelos corredores que nenhum dirigente saiu em sua defesa.

Ele também negou ter qualquer problema pessoal e - em entrevista ao blog do jornalista Renato Maurício Prado no UOL - garantiu que deixou o cargo em razão de o clube estar em negociações com o técnico português Jorge Jesus.

Independentemente disso, a química entre Abel e Flamengo começou a ruir no dia 1º de maio. O Flamengo perdeu por 2 a 1 para o Internacional, em Porto Alegre. O jogo ficou marcado por mais uma das muitas atuações ruins sob o comando do técnico.

A forma como a equipe se apresentou, as substituições realizadas e a entrevista após o jogo, quando tratou o Beira-Rio como o estádio mais bonito do Brasil, incomodaram internamente. Ali, os dirigentes viram o Rubro-negro exposto pelo seu comandante, principalmente por se tratar do momento em que o clube assumia a gestão do Maracanã.

As seguidas declarações relevando as atuações ruins e os confrontos com a torcida foram apenas outros ingredientes colocados no caldeirão. O último delas veio no domingo passado, quando afirmou que o Flamengo entraria com os reservas na partida contra o Fortaleza.

Incomodado, o departamento de futebol ordenou que a programação fosse alterada e Abel colocasse o que tivesse de melhor em campo. O técnico, claro, não gostou do vazamento da informação. Foram poucos dias do episódio para o fim do casamento.

Desde o início, Abel também incomodou internamente por ter pouca boa vontade com Arrascaeta. Reforço mais caro da história do clube, o uruguaio chegou a não entrar em campo contra Peñarol e Atlético-PR mesmo estando no banco de reservas. O fato de substituí-lo até quando jogava bem irritou cada vez mais a torcida. Era perceptível que a relação não terminaria bem.

Enquanto os dirigentes observavam a situação e buscavam soluções na parada da Copa América, Abel se sentia cada vez mais desprestigiado e tentava responder aos críticos. O time, no entanto, seguia sem um padrão tático e tampouco tinha jogadas ensaiadas, o que não foi resolvido até o momento.

A continuidade do trabalho era improvável. Abel se antecipou e pediu para sair. No cenário observado, era nítido que o casamento não daria certo. Os dois saíram magoados e um elenco milionário precisará se reinventar. Tudo para salvar uma temporada repleta de expectativas.

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