Cresci ouvindo por aí que “time que quer ser campeão não pode escolher adversário”. A frase não deixa de ser verdadeira. Não tem realmente como ganhar um título só enfrentando molezas, esperando que os rivais mais fracos derrubem os mais fortes e facilitem o seu caminho até a taça. 

Mas, de um tempo para cá, passei a discordar desta máxima. E isso porque ela desconsidera o fato de que as equipes podem evoluir dentro de uma competição. 

Peguemos como exemplo a Libertadores passada. O Palmeiras, que acabou sendo campeão, teve como desafiantes nas oitavas e nas quartas de final os nada mais que esforçados Delfín, do Equador, e Libertad, do Paraguai. 

O Verdão, que vivia o momento da transição Luxemburgo-Andrey-Abel, se aproveitou da fragilidade de seus adversários, venceu muito bem ambos e, com isso, ganhou fôlego  e impulso para chegar com moral às semifinais, contra o River, e à final, contra o Santos. 

Ou seja, tivesse enfrentado um adversário mais forte logo de cara, nas oitavas, eu imagino que a história envolvendo o Palmeiras e a Libertadores 2020 não teria um final tão feliz… 

Bem, e isso explica o motivo de eu achar que o sorteio das oitavas de final da Libertadores 2021, realizado na tarde da última terça-feira, aumentou consideravelmente as chances do tri do Flamengo na competição continental. 

Francamente, não estava botando muita fé no Rubro-Negro de Ceni. Mas a sorte o colocou do lado mais fácil das chaves da fase final da Libertadores. Se vencer o Defensa y Justicia, que é justamente a única "carne de pescoço" pode enfrentar até a decisão, a equipe da Gávea tem tudo para passar com facilidade pelas quartas e pela semi e, assim, chegará embaladíssimo para a final. 

Para mim, o sorteio de ontem “dobrou” as chances de título da equipe carioca. 

Em contrapartida, Atlético-MG, Palmeiras e São Paulo terão que escalar o Everest na briga por uma vaga na final. Ou seja, para eles, não há tempo para evolução. As três equipes precisarão jogar tudo que sabem desde já!