“Eu cheguei ao clube em agosto e comecei assistindo aos vídeos de todos os jogos do Leicester na temporada anterior. Quando ia falar com os jogadores, percebi que eles ficavam assustados com as abordagens de tática italiana. Afinal, o que o futebol significa para um técnico italiano são as táticas: tentar controlar o jogo seguindo as ideias e os sistemas do treinador. Falamos muito sobre futebol na Itália. Mas eles não pareciam convencidos, e nem eu estava. Eu tenho muita admiração por aqueles que constroem novos sistemas táticos, mas sempre pensei que o mais importante para um técnico precisa ser montar um time ao redor das características de seus jogadores”, afirmou Ranieri.
Diante da situação, o italiano preferiu fazer a vontade dos atletas, além de não exagerar na carga física: “Então, eu disse aos jogadores que confiava neles e poderia falar pouco sobre táticas. Era importante para mim que eles corressem bastante, assim como eu vi eles fizeram na temporada anterior. Na minha visão, o treino físico não é importante na Inglaterra, como eles treinam intensamente de qualquer maneira, e há um limite competitivo mesmo quando só correm. As partidas também são duras. Minha ideia é que os atletas precisavam se recuperar primeiro, treinar depois. Naturalmente, eu acredito no treino, e isso pode parecer uma heresia na Itália, mas eu também acho que tudo é relativo. Meus jogadores treinam muito, mas não sempre. Na Inglaterra, o futebol sempre é intenso. Eles precisam de mais tempo para se recuperar”.
Além disso, Ranieri exaltou a ótima relação firmada em seu elenco: “Eu garanto aos jogadores ao menos dois dias de descanso na semana. É o primeiro pacto que fiz com eles: ‘Eu confio em vocês, irei explicar algumas ideias de futebol tanto quanto vocês me derem o seu máximo’. Eu não acho que essa é uma solução ideal, mas o futebol não é química. Não há regras que funcionam universalmente. O que importa é tirar o melhor do elenco que você tem. Aqui em Leicester, todos sentem que estão participando, então jogar mal significa trair os outros. Eles são homens livres, cientes que têm um trabalho a fazer e responsabilidades. Eles aproveitam isso. Tenho um jogador que vem todas as manhãs de Manchester, um de Londres. Isso seria impensável na Itália, mas a Inglaterra é diferente. Podemos fazer isso no Leicester porque o time permite. É o que me deixa mais orgulhoso”.
“Sempre digo aos meus jogadores para buscarem o fogo dentro de si. Uma chance como esta nunca virá novamente. Procurem o fogo e não tenham vergonha disso. E eles não têm vergonha, se tudo o que peço é para sonharem. Eu sei que nem sempre funciona assim, mas ninguém sabe como realmente funciona. Eu achei algo que funciona por si, então precisamos ao menos respeitar isso sempre. O Leicester é o que eu sempre busquei: metade estilo de futebol e metade consciência de um objetivo. Nenhum de nós acha que estamos trabalhando para ganhar a vida, caso contrário estariam cansados todos os dias. Se nós vivemos para trabalhar, então vamos dar sentido ao que estamos fazendo. Eu tive a sorte suficiente de experimentar isso antes, no fim dos meus tempos de jogador, no Catanzaro. Era um time como o Leicester: um grupo de amigos que viviam juntos”, completou.
Por fim, sua conclusão não poderia ser mais emblemática: “Eu não sei se ganharemos o título, mas é ótimo que nos perguntem isso. Quando eu cheguei, o presidente pediu que conquistássemos 24 pontos no Natal. Chegamos a 37 ou 39, não me lembro de quantos. E seguimos no topo. Em uma era na qual o dinheiro conta para tudo, eu penso que nós damos esperanças para todo mundo”.
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