Um país que havia saído de uma revolução armada há quatro anos, enfrentava embargos comerciais e era visto com desconfiança por parte dos países capitalistas do planeta

Um país que havia saído de uma revolução armada há quatro anos, enfrentava embargos comerciais e era visto com desconfiança por parte dos países capitalistas do planeta

por Renan Rodrigues
Do UOL, no Rio de Janeiro

Um país que havia saído de uma revolução armada há quatro anos, enfrentava embargos comerciais e era visto com desconfiança por parte dos países capitalistas do planeta. Foi nesse cenário conturbado que o Madureira desembarcou em Cuba para uma excursão em 1963, vencendo os cinco jogos que disputou e sendo recebido pelo comandante Che Guevara.
Cinquenta anos depois, o sucesso de uma camisa que nem foi planejada para o time principal pode fazer com que o clube da zona Norte do Rio de Janeiro repita a viagem no início de 2014.
O Madureira resolveu lançar dois modelos especiais para relembrar a data no final de setembro, mas inicialmente apenas para o time de Futebol Sete. A camisa de goleiro tem as cores da bandeira de Cuba e o rosto do revolucionário argentino, enquanto o uniforme de linha é todo grená, mas também conta com a face de Che. O sucesso expandiu os horizontes da grama sintética e empolgou dirigentes.
"A gente foi pego de surpresa. A ideia foi do Carlos Gandola (vice-presidente de marketing), mas não sabíamos que teria essa repercussão toda. O estatuto do clube não permite que o time use em competições oficiais, mas queremos realizar um amistoso para que a camisa seja utilizada ao menos uma vez pelo time de futebol profissional. É um fato que merece ficar marcado, até pelo acolhimento da torcida", disse o presidente do Madureira, Elias Duba.
Se normalmente pede cerca de 50 camisas por mês, o presidente do clube diz que somadas todas as remessas até agora, cerca de 2 mil modelos foram encomendados para a fornecedora de material esportivo. Na loja oficial, localizada dentro do clube, uma lista de torcedores esperam por uma ligação para poderem adquirir o manto por R$ 80.
Na análise de Carlos Estevão Soares, proprietário da WA Sports, responsável pela confecção dos uniformes, até mesmo o clima de manifestações populares teve impacto na popularização da camisa do "Tricolor Suburbano".
"Você vê pessoas usando camisas com o rosto do Che Guevara nas ruas, então acho que essa homenagem caiu no gosto dos torcedores. Até a questão das manifestações pelo país ajudou. Estamos tendo uma procura grande, mas dentro da quantidade que conseguimos produzir normalmente. O clube também não quer fazer um lote muito grande e depois ficar com peças encalhadas", disse Estevão.
O amistoso para que a camisa seja usada pelo time de futebol ainda não foi marcado e o adversário também não foi definido. Segundo o presidente do Madureira, a ideia é contar com a presença do embaixador de Cuba no país, Carlos Zamora. A diretoria tenta contatos para realizar uma pré-temporada na ilha caribenha no início de 2014.
"Estamos estudando para que seja um evento bacana. A ideia é realizar a pré-temporada em Cuba justamente no ano em que completamos o centenário do Madureira, mas precisamos contatar pessoas para saber se existe um local adequado para a preparação do elenco", declarou Duba.
Disputa entre colecionadores
Por não ser produzida em grande escala, como camisas de clubes grandes, o modelo do Madureira tornou-se raridade, disputada entre colecionadores. A espera na loja oficial é de cerca de um mês. Mesmo lojas especializadas em times de menor expressão estão com seus pedidos reservados.
"Fiz uma encomenda que vai chegar daqui oito dias. Foram 15 pedidos e já tenho 12 reservadas, é a mais vendida do mês. Por ser colecionador, as pessoas me procuram, mas meu foco particular está nas camisas de clubes grandes e da seleção brasileira. Mas se pegar nas mãos e gostar, quem sabe uma não fica comigo?", disse Thiago Macedo, dono da Valerro Esportes, que possui camisas de times como Sampaio Corrêa-MA e São Cristóvão-RJ.

 


Foto: UOL

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