A jovem Maria Carolina Vicentini se sagrou vice-campeã de wrestling no Campeonato Sulamericano Cadete (atletas de 14 a 17 anos) realizado em Buenos Aires, Argentina, nos dias 14 e 15 de julho. A esportista pratica a modalidade no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP) de São Paulo sob a supervisão da técnica Lucimar Medeiros.
Em entrevista ao Terceiro Tempo revela como foi sua preparação para o torneio, mesmo tendo pouco tempo de wrestling, a relação com a técnica e o centro de treinamento além da influência da família em suas escolhas e expectativas olímpicas.
Como foi seu primeiro contato com o mundo das lutas e artes marciais?
Meu pai começou a treinar Jiu-Jítsu logo após meu nascimento. E como eu tenho um irmão, meu pai brincava de “lutinha” conosco na cama e no sofá. Quando eu tinha quatro anos e meio meu pai achou que já seria possível nos levar à academia. Comecei no Jiu-Jítsu em maio de 2006.
Ter um pai faixa-preta de jíu-jitsu te estimula a praticar lutas?
Com certeza! Meu pai é meu maior incentivador! Estamos sempre juntos nos campeonatos - ele também compete - um torcendo e incentivando o outro!
Como foi seu ingresso no COTP?
O Professor William Naim estava puxando um treino de Wrestling na Academia Barbosa, onde treino Jiu-Jítsu. Me viu treinando e achou que eu levaria jeito pra tentar a nova modalidade. Partiu dele o convite pra treinar no Centro Olímpico.
O que pode falar da estrutura do COTP?
A estrutura é excelente, de primeiro mundo!
Os atletas têm à disposição médicos do esporte, psicólogos, nutricionistas, preparadores físicos, além dos técnicos especialistas em cada modalidade. Enfim, uma grande estrutura que proporciona totais condições ao pleno desenvolvimento das aptidões dos atletas competidores.
O que pode nos contar de seu relacionamento com a técnica Lucimar Medeiros?
A Lu é uma querida!
Super exigente, mas ao mesmo tempo atenciosa e carinhosa, ela é uma mãe para mim. Só tenho a agradecer a ela e ao Naim pelo meu desenvolvimento técnico.
Como foi sua preparação para o sul-americano de wrestling de cadetes?
Foi uma correria louca!
Eu não esperava a convocação, então estava de boa curtindo as minhas férias, tinha viajado pra Ribeirão Preto com a minha família. Recebi a notícia que iria viajar pra lutar em Buenos Aires apenas seis dias antes da viagem. Como eu não estava treinando e descuidei um pouco da alimentação, estava bem acima do peso. Tive que perder 6 Kg pra poder lutar.
Qual foi a luta mais difícil?
A final, que eu perdi... Acho que faltou experiência. Minha adversária era bem mais acostumada com competições internacionais e isso talvez tenha feito a diferença.
Esperava obter o vice-campeonato?
Coloquei na minha cabeça que a minha obrigação não era vencer, mas dar o meu melhor, colocar em prática o que aprendi nos treinamentos. Considero que fui bem, saí da competição bastante satisfeita!
Quais são seus próximos passos?
Ainda tenho muito que evoluir. Na Luta Olímpica ainda me considero uma iniciante. Então meu foco agora é treinar, treinar e treinar. Quero aumentar meu repertório de golpes e pretendo competir mais.
Visa os Jogos de Tóquio 2020?
Acho que o sonho de qualquer atleta é disputar as Olimpíadas. Em 2020 vou ter só 18 anos, não sei como será meu desenvolvimento até lá. O projeto dos meus treinadores visa à classificação para Paris 2024. Mas, quem sabe, se eu conseguir evoluir bem técnica e fisicamente e tiver uma chance, vou tentar a vaga pra Tóquio sim!
Como mulher sente preconceito nos esportes de luta?
Do pessoal diretamente envolvido no mundo das lutas não sinto preconceito algum. No entanto, há sim os que não conhecem nada de luta e falam besteira. Dizem que luta é coisa de homem, essas bobagens. Mas não ligo.
É isso que eu gosto de fazer e vou continuar fazendo, contando sempre com o apoio da minha família, dos meus treinadores e dos meus parceiros de treino.
Foto: Arquivo pessoal/Maria Carolina Vicentini
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