A geração campeã de Neymar, Lucas Moura, Casemiro e Oscar marcou o último período de tranquilidade da seleção brasileira em um torneio sul-americano sub-20. Após o título em 2011 do quarteto que viria a se consolidar na equipe principal, a competição virou uma espécie de "máquina" de derrubar técnicos. Emerson Ávila, Gallo e Rogério Micale foram demitidos após as edições de 2013, 2015 e 2017, respectivamente. Em 2019, Carlos Amadeu se esforça para não ter o mesmo fim. Mas a situação do comandante atual da equipe é delicada. E não apenas pelos resultados considerados ruins até aqui.
Não bastassem os três tropeços em cinco jogos - 2 vitórias, dois empates e uma derrota - e a dificuldade do time em fazer gols, o treinador ainda encara questões internas que dificultam um melhor entendimento com o novo chefe das categorias de base da CBF, Branco. Além de não aprovar o trabalho no sul-americano, o ex-lateral campeão do mundo em 1994 vetou um acordo acertado antes mesmo de sua chegada, no final de outubro de 2018, e causou um desgaste na relação com a comissão técnica.
O impasse começou no início de outubro, quando o auxiliar da seleção e técnico do sub-20 do Corinthians, Eduardo Barroca, se viu em um conflito de agendas. Ao mesmo tempo que a equipe nacional disputaria o sul-americano, o time do Parque São Jorge estaria envolvido com a Copa São Paulo de Juniores. Após algumas negociações, ficou acertado que Barroca chegaria ao Chile, palco do torneio internacional, para o hexagonal final da competição - depois da campanha na Copinha. Branco vetou.
Barroca, peça fundamental na comissão técnica de Carlos Amadeu e responsável por boa parte do planejamento da equipe em 2018, não embarcou ao Chile. A perda foi sentida internamente. Parte do comando não curtiu a decisão de não poder ter o companheiro corintiano na reta final.
Questionada, a CBF informou que "a hipótese foi ventilada em algum momento, mas chegou-se em conjunto à conclusão de que ou [a ida de Barroca] seria para a competição inteira ou não faria sentido". A entidade ainda descartou oficialmente qualquer problema por isso.
Branco com moral na CBF
Fato é, no entanto, que a comissão de Carlos Amadeu tem futuro incerto após a campanha em solo chileno. Novo todo-poderoso nos corredores da CBF, Branco não esconde a disposição em mudar os rumos do trabalho na sub-20.
Alguns ajustes já foram feitos, deixando claro o gosto do tetracampeão. Os ex-atletas Djair e Edgard Pereira, amigos pessoais do cartola, trabalham como observadores da base do Brasil. "Por sermos ex-jogadores, ele quer resgatar um pouco disso [experiência] também", resumiu Djair, em recente entrevista ao Globoesporte.com.
A possível troca na equipe de base se desenrola com um pano de fundo político, assim como em 2013, 2015 e 2017. Quem chega, mais uma vez, quer dar as cartas e escolher seus nomes de confiança para dirigir os times.
Política e demissões em série
No primeiro dos três casos, isolado, Emerson Ávila viu o então presidente José Maria Marín demiti-lo ainda no aeroporto, no retorno da competição, e anunciar que ex-jogadores deveriam participar do comando da base. Foi então que Alexandre Gallo chegou, em 2013.
Agraciado com o cargo dois anos antes, Gallo provou do veneno da política em 2015. Após o sul-americano, viu o então todo-poderoso Gilmar Rinaldi aproveitar a oportunidade para demiti-lo. Em 2017, o campeão olímpico Rogério Micale viu o novo chefão, Edu Gaspar, decidir por uma nova troca no comando após o traiçoeiro torneio e assumir a diretoria de seleções. Agora é a vez de Branco dar as suas cartas.
Após Marin, Gilmar e Edu, chegou a hora do ex-lateral ser o nome mais badalado nos corredores da confederação. Com o aval do futuro presidente, Rogério Caboclo, Branco ganha força mesmo com pouco tempo de trabalho. Não é segredo para ninguém na sede da Barra da Tijuca que a cúpula da CBF já vê o atual comandante da base assumindo funções maiores.
Em meio a mais um jogo político que vai do Rio de Janeiro à cidade de Rancagua, os jovens da seleção sub-20 tentam a recuperação no torneio no Chile. Sob a batuta de Carlos Amadeu, o time tenta aumentar o prestígio da agora questionada comissão técnica e garantir a vaga no Mundial da categoria na Polônia.
Depois do empate por 0 a 0 com a Colômbia na estreia do hexagonal final, a seleção encara a Venezuela nesta sexta-feira (1). O Brasil ainda encara o Uruguai (dia 4), o Equador (7) e a Argentina (10). Os quatro primeiros colocados se classificam.
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