Sem dúvida o resultado mais surpreendente dos dois primeiros jogos decisivos das quartas de final da Libertadores foi a eliminação do Santos diante desse "Barcelona genérico", que já havia feito estragos no futebol brasileiro, tirando do páreo, nessa corrida atrás da taça mais cobiçada da América, nada menos do que o Palmeiras, campeão brasileiro do ano passado.
A surpresa não diz respeito a uma suposta superioridade técnica da equipe santista sobre o esquadrão equatoriano de Guayaquil, que até pode existir, mas não de maneira acentuada que permita apontá-la como principal motivo da inesperada queda do clube de maior tradição.
O que surpreendeu foi o completo desperdício da vantagem obtida pelo representante brasileiro, depois de haver conseguido um empate em 1 a 1, atuando na casa do adversário, o que lhe permitia eliminá-lo no jogo de volta até com um placar sem abertura de contagem, em função do critério de desempate consubstanciado no saldo de gols qualificado.
Além dessa vantagem, o time dirigido por Levir Culpi recebia o visitante no temível alçapão da Vila Belmiro, completamente lotado, com torcida espalhada até na periferia do estádio.
É claro que ser alijado de uma competição desse nível em circunstâncias assim dói em dobro, justificando o que falou o treinador ao dizer que tudo a partir de agora depõe contra a estabilidade emocional do Santos.
No outro jogo de volta, envolvendo as outras duas agremiações brasileiras participantes do torneio continental, não aconteceu nenhuma surpresa, pois a vitória suada do Grêmio diante do Botafogo foi retrato fiel da dificuldade que se delineava em função do equilíbrio de forças entre os dois contendores, como ficara demonstrado no empate do jogo de ida.
Ao contrário do Santos, que perdeu a classificação em seus domínios sem aproveitar a vantagem do gol qualificado, o Botafogo despediu-se da competição de forma heroica, pois não trazia a vantagem de se classificar com placar em 0 a 0, tendo que correr atrás do gol que lhe garantisse, pelo menos, um empate diferente desse placar, para lograr a classificação
A vitória gremista foi conquistada no detalhe, de forma circunstancial, permitindo dizer que se tivesse sorrido para o lado oposto não configuraria, nem por hipótese, algo que pudesse ser chamado de injustiça.
Aliás, é preciso ser dito, a bem da verdade, que o time de Renato Portaluppi escapou de voltar para o vestiário ao término da primeira etapa em desvantagem no placar, já que a equipe comandada por Jair Ventura teve mais jogadas ofensivas, com mais chances de gol, do que o time dono da casa.
A rigor, o Grêmio só conseguiu respirar nessa disputa após a metade do segundo tempo, quando Renato abriu mão da velha teimosia de sempre, passando Fernandinho para o lado direito do ataque, onde o atacante se especializou em armar jogadas com o pé direito para chutar com o esquerdo, desestabilizando, não raro, o sistema de marcação da defesa adversária.
A partir dessa mudança e também da entrada de Everton no lugar de Leo Moura, o mosqueteiro do Pampa começou a fazer valer sua condição de dono da casa, revelando um pouco mais de entrosamento e pressionando o visitante até que numa cobrança de falta conseguiu colocar a bola à feição, para a cabeçada fulminante de Lucas Barrios, que abriu o placar e lhe deu a classificação.
Se o resultado magro de 1 a 0, alcançado a duras penas, representasse a conquista do título da Libertadores, poderia ser dito que a dificuldade encontrada em campo estaria desfigurada ao sabor do objetivo final alcançado. Coisa do tipo "o importante é vencer".
Como não foi isso que aconteceu, então o mais prudente é dizer que o desafiou que o agora único representante brasileiro na Libertadores tem pela frente é enorme, já que a distância para chegar ao objetivo proposto encurtou, mas o caminho a percorrer torna-se ainda mais difícil e penoso.
Se o Grêmio estivesse praticando aquele futebol soberbo de meses atrás, quando surrou impiedosamente mineiros e cariocas em seus próprios terreiros, não haveria nenhum constrangimento em apontar o tricolor gaúcho como franco favorito à conquista do torneio continental.
Sabe-se, contudo, que não é assim. Desde a eliminação da Copa do Brasil, diante do Cruzeiro, no Mineirão, o Grêmio decaiu assustadoramente de produção, desperdiçando destarte a chance de se aproximar do líder Corinthians, que deu mole no Brasileirão, perdendo para times da Zona de rebaixamento em pleno início do segundo turno.
O que aumenta até certo ponto as esperanças gremistas de chegar ao tri da Libertadores é o fato de termos no G-4 da semifinal, possivelmente, somente equipes menos tradicionais do que o Grêmio nesse competição.
Dos clubes que decidem logo mais as outras duas vagas da etapa semifinal, o único que possui histórico de conquistas superior ao do tricolor gaúcho é o River Plate, campeão da Libertadores em 1986, 1996 e 2015, tendo portanto uma conquista a mais.
Entretanto, o tradicional esquadrão argentino recebe o time do Jorge Wistermann no jogo de volta, hoje no Monumental de Nuñes, com a difícil tarefe de reverter o placar de 3 a 0 que sofreu no jogo de ida, o que convenhamos está mais para milagre do que para realidade palpável.
Mesmo assim, é prudente observar que, para conduzir o Grêmio ao topo da América em 2017, Renato Portaluppi vai ter que trabalhar muito no sentido de devoler ao seu time pelo menos 70% do poderio futebolístico que possuía quando se tornou campeão da Copa do Brasil do ano passado, com sobra de bom futebol - vale lembrar.
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